“E, convocando seus doze discípulos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curarem enfermidades; e enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos...E, saindo eles, percorreram todas as aldeias, anunciando o Evangelho e fazendo curas por toda a parte...E, sabendo-o a multidão, o seguiu; e ele os recebeu, e falava do Reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura.” (Lc.9:1,2, 6, 11).
1. “Pregar o Reino de Deus” (Lc.9:2); “anunciando o Evangelho” (9:6); “Falava-lhes do Reino de Deus” (9:11); “anuncia o Reino de Deus” (9:60);
2. “para curarem enfermidades” (9:1); “curar os enfermos” (9:2); “fazendo curas por toda parte”; “sarava os que necessitavam de cura” (9:11).
É claro que tanto a expulsão de demônios, quanto a ressurreição de mortos, estão incluídas nas curas. Se separarmos a pregação do Evangelho, das curas, teremos um Evangelho mutilado, como, de fato, tem acontecido. Mateus resume a mesma doutrina assim: “E percorria Jesus toda a Galiléia, ENSINANDO nas suas sinagogas, e PREGANDO o Evangelho do Reino, e CURANDO todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
1. A BASE TEOLÓGICA DA CURA
“Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas ENFERMIDADES e as nossas DORES levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas TRANSGRESSÕES e moído pelas nossas INIQÜIDADES; o castigo que nos trás a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.” (Is.53:4,5).
Em virtude do meu condicionamento teológico denominacional, durante muito tempo eu só via, na profecia de Isaías 53, a menção ao pecado, na forma de transgressões e iniqüidades. O condicionamento teológico me cegava. Até que um dia eu vi que o profeta falava, tanto de pecados, como de doenças. E foi assim que Mateus entendeu quando registrou o seguinte: “E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.”
2. O EVANGELHO MAIS FÁCIL
Em Mc. 2:9 Jesus pergunta aos escribas que o censuravam em seus corações, por ter ele declarado o perdão dos pecados do paralítico: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?” É claro que é mais fácil declarar o perdão dos pecados, do que ordenar a um paralítico que ande.
O perdão dos pecados não é de fácil comprovação, enquanto que a cura de um enfermo, é de fácil comprovação, até mesmo por meios científicos, como é o caso dos exames laboratoriais. Aos poucos a igreja foi se afastando da cura, por exigir ela uma demonstração de poder. E as novas gerações só conheceram um Evangelho que pregava o perdão de pecados, que é mais fácil. Porém, o prejuízo que advém, desse ensino, não vale a pena. As pessoas têm sido privadas de um aspecto fundamental do Evangelho.
Ultimamente tem sido dada muita ênfase na Cura Interior, o que é correto, porém corre-se o risco de se perder de vista a Cura Exterior, isto é, a cura do corpo. O Evangelho trás a Cura do Espírito (perdão dos pecados), a Cura da alma (Cura Interior), e Cura do Corpo (cura das doenças e exorcismos).
3. O QUE SÃO AS CURAS
a) SINAIS
Um sinal é algo que você pode ver ou ouvir e transmite uma mensagem cifrada ou codificada. Por exemplo, uma placa de sinalização em uma rua proibindo o estacionamento, é um sinal, que só pode ser entendido por quem conhece o seu significado. De outra maneira, seria melhor escrever literalmente “É proibido Estacionar”. Mas aí, só seria entendido por quem sabe ler. Por isso que quem não sabe ler, não pode ter Habilitação para dirigir veículos automotores, deduzo eu. Daí que a escrita é também um sinal cifrado. Quem sabe ler os hieróglifos egípcios? Ou grego? ou hebraico? Mas a curas são sinais, senão vejamos. “E estes SINAIS seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão...E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os SINAIS que se seguiram.Amem!” E em I Co. 14:22 Paulo preleciona “De sorte que as línguas são um SINAL , não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é SINAL para os infiéis, mas para os fiéis.” Paulo não está dizendo nenhuma novidade, pois Jesus já tinha dito que as línguas eram um Sinal.
Por isso que quando Paulo chegou à ilha de Malta, por conta de um naufrágio, aconteceu o seguinte: “Aconteceu estar de cama enfermo de febre e disenteria o pai de Públio, que Paulo foi ver, e, havendo orado, pôs as mãos sobre ele e o curou. Feito, pois, isto, vieram também ter com ele os demais que na ilha tinham enfermidades e sararam.” (At.28:8,9). Ninguém na ilha jamais tinha ouvido falar do Evangelho, mas as curas foram um sinal de Deus, para credenciar o Evangelho diante dos nativos, que provavelmente se converteram.
b) UM DIREITO DE ALIANÇA
Em Mt.15:21-28, Jesus a chama de “pão dos filhos”, isto é, um direito de aliança. Embora ele tenha atendido ao pedido da mulher cananéia , que, é óbvio, não tinha aliança, ela se conformou em receber as migalhas que caem da mesa dos seus senhores, e o fez, em virtude de sua fé. A cura como um direito de aliança, já vem desde o Antigo Testamento, em Ex. 15:26: “E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos , e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus Estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o Senhor, que te sara.”
Observe que neste caso, da cura como um direito de a liança, a cura está condicionada à obediência aos termos da aliança. Na verdade a promessa é de nem adoecer, mas, em caso de adoecer, “Eu sou o Senhor que te Sara(Jeová-Rafá). Em Deuteronômio 28, Deus promete punir com enfermidades, os que forem desobedientes aos termos da aliança. “Será,porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, para não cuidares em fazer todos os teus mandamentos e os seus Estatutos, que hoje te ordeno, então, sobre ti virão todas estas maldições e te alcançarão:...O Senhor te ferirá com as úlceras do Egito, e com hemorróidas, e com sarna, e com coceira, de que não possa curar-te. O Senhor te ferirá com loucura, e com cegueira, e com pasmo de coração.” (v.15,27,28). Neste caso, a cura é um direito de aliança,e a enfermidade, um castigo pela quebra da aliança. Neste caso é só para crente, tanto a cura, como o castigo.
c) UM ATO DE MISERICÓRDIA DE DEUS
No caso da cura do endemoninhado gadareno, Jesus conclui seu diálogo com ele, dizendo: “Vai para a tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti.” (Mc.5:19). No caso da ressurreição do filho da viúva de Naim, Lucas registra: “E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela e disse-lhe: Não chores.” (Lc.7:13). No caso da ressurreição de Lázaro “Jesus chorou.” (Jo.11:35). No caso da parábola do bom samaritano, que Jesus contou, o samaritano “moveu-se de íntima compaixão” , diante do homem ferido.(Lc.10:33). Em casa de Mateus, Jesus disse aos fariseus: “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia e não sacrifí cio.” E ainda em Mt. 12:7, falando de novo com os fariseus, disse: “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Jesus curou e cura, motivado por sua compaixão e misericórdia.
d) RESPOSTA DE ORAÇÃO
Em Jo. 14: 13,14, Jesus diz “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” Mas é claro que é necessário crê, pois ele diz também “Por isso, vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis.” (Mc.11:24). Tiago também diz “Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.” (Tg.1:6).
4. PARA QUEM É A CURA?
Além do que pode ser inferido do que já foi dito, a cura é para os humildes. Em Lc. 4:18, Jesus diz: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, ENVIOU-ME A CURAR OS QUEBRANTADOS DE CORAÇÃO.” No Salmo 51, Davi diz “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (v.17). Um exemplo clássico é o caso de Naamã, o general sírio. Ele tinha lepra, e enquanto se manteve altivo e orgulhoso, não recebeu a cura, mas quando se humilhou, e obedeceu à orientação do profeta Eliseu, foi curado. (II Rs. 5).
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