“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”
O conceito de morte física que conhecemos, acontece quando o sangue para de circular no tecido do corpo, deixando de levar o oxigênio, e este tecido fica necrosado (de Nekrós, em grego, morto). A partir daí começa o processo de apodrecimento, que a Bíblia chama de corrupção. “Pois não deixarás a minha alma no Sheol (inferno), nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.” (Salmo 16:10). Pedro, no dia de Pentecoste, usa este Salmo Messiânico como argumento em favor do ressurreição de Jesus, antes que o seu corpo apodrecesse.
Esta é a morte física, que podemos conhecer muito bem, pois pode ser comprovada pela investigação científica. Porém, quando Deus disse "Certamente Morrerás", Ele se referia a dois tipos de morte, a física e a espiritual: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder A SEGUNDA MORTE, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele mil anos.” (Ap.20:6).
Porém, quando Deus deu ordem a Adão que não comesse do árvore do conhecimento do bem e do mal, o homem não sabia de nada disso. E, de fato, ele não caiu fulminado, quando comeu, mas algumas coisas aconteceram. Conheceram que estavam nus, ficaram com medo, pela primeira vez, e se esconderam da presença de Deus. Eu creio que aí começou o processo da morte espiritual. Esta já não é tão fácil de explicar, pois acontece no âmbito do espírito, e não pode ser detectada por exames de laboratório. Mas, como toda realidade é paralela, isto é, podemos entender as coisas do mundo invisível, a partir do seu correspondente no mundo visível, o processo é o mesmo da morte física.
Assim como o sangue e o oxigênio circulavam pelas veias e artérias do Adão, o Espírito de Deus circulava pelo seu organismo espiritual. Assim como o sangue e o oxigênio davam vida ao corpo do Adão, o Espírito de Deus dava vida ao seu corpo espiritual. “Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual.” (I Co. 15:44). Se tirarmos o sangue e o oxigênio do corpo físico de alguém, esta pessoa morrerá em poucos segundos. Quando o Adão desobedeceu a Deus, ao comer da árvore proibida, o Espírito de Deus se retirou dele, e o seu organismo espiritual começou a morrer, que veio culminar na sua morte física. “E foram todos os dias que Adão viveu novecentos e trinta anos; e morreu.” (Gn.5:5).
A partir daí, os filhos, descendentes do Adão, já nascem sem o Espírito de Deus, isto é, já nascem acometidos pela corrupção, que um dia culminará na sua morte física, pois espiritualmente já estão mortos.
No Antigo Testamento alguns homens receberam novamente o Espírito de Deus, mas também o perderam quando a semelhança do Adão, desobedeceram também a Deus. “Então, o Espírito de Deus se apoderou de Saul, ouvindo estas palavras, e acendeu-se em grande maneira a sua ira.” (I Sm.11:6). “ E o Espírito do Senhor se retirou de Saul...” (I Sm. 16:14). “Assim, morreu Saul por causa da sua transgressão com que transgrediu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar e não buscou o Senhor, pelo que o matou e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé.” A semelhança com o caso de Adão não é por acaso.
Então a corrupção, que é o apodrecimento, tanto físico quanto espiritual, tem alguns efeitos, tanto no corpo, quanto no espírito. Vamos deixar de lado o efeito da corrupção no corpo físico, e vamos considerar os efeitos da corrupção no espírito humano. Pedro, na sua segunda Carta, diz que os falsos mestres são “escravos da corrupção”, e ainda que eles “perecerão na sua corrupção” e que um dia eles tinham “escapado das corrupções do mundo” pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo.(II Pd. 2:12,19,20).
A corrupção está associada com uma palavrinha muito repetida no Novo Testamento: a concupiscência. “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” Ora, a concupiscência é desejo. Então, a corrupção suscita desejos no espírito humano, que se forem atendidos, ou, consumados, terão efeitos no corpo físico, como é o caso da doença.
O corpo humano foi feito originalmente por Deus, para ser a habitação do espírito humano e do Espírito de Deus. Uma vez que o Espírito de Deusa se retirou do adão, ficou um vazio nele, que, fatalmente, deveria ser preenchido por outro espírito. Mais uma vez vamos lançar mão da analogia, com o caso de Saul. “E o Espírito do Senhor se retirou de Saul, e o assombrava um espírito mau, da parte do Senhor.” É questão matemática. Saiu um espírito, e entrou outro. O corpo não pode ficar somente com o espírito humano, pois não foi planejado originalmente para isso. Outro texto:
“E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então, diz: Voltarei para a minha casa donde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele, e , entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má.” (Mt.12:43-45).
A casa do espírito é o corpo, e estava desocupada porque o espírito de Deus não a estava ocupando. Quando o Espírito de Deus ocupa a sua casa o corpo humano, os efeitos são evidentes na vida dessa pessoa. “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio.”(Gl.5:22).
Ora, se a habitação do Espírito de Deus num ser humano produz esses efeitos, os efeitos contrários só podem ser produzidos por espíritos imundos, que são a antítese do Espírito Santo. A corrupção, que é aqui chamada de Carne, produz os seguintes efeitos, por meio da concupiscência ou desejos: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedeiras, glutonarias.” (Gl.5:19-21). Veja ainda estes versos: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Co. 3:16). “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (I Co. 6:19).
O Evangelho de Jesus Cristo veio restaurar o homem à condição anterior ao pecado de Adão, com a ressalva da morte, pois o homem ainda morre. Paulo também diz “Porque em esperança somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará?”(Rm.8:24). Ainda morremos, até chegar a redenção do nosso corpo, na ressurreição.
O ponto que quero chegar é que os desejos impuros provocados pela corrupção da nossa natureza espiritual, se forem consumados, provocam a morte espiritual. Somente o poder de Jesus Cristo ressuscitado pode interromper o processo de apodrecimento moral e espiritual que acometeu o ser humano com o pecado. O homossexual é tão necessitado de cura quanto o adúltero, o fornicário, o beberrão, o glutão, o ladrão, o homicida, e outros pecados semelhantes a estes.
A grande questão é que não existe um movimento organizado de fornicários, de adúlteros, de glutões, de ladrões, de beberrões, tentando impor a sua maneira de viver ao conjunto da sociedade, através da intimidação. Poderíamos até criar uma lei criminalizando a conduta discriminatória contra os adúlteros, os fornicários, os glutões, os beberrões, e outros, que têm o direito de praticar seu estilo de vida particular, sem ameaçar impor sua maneira de pensar e viver ao restante da população.
A questão da raça é outra faceta do problema, já que muitos negros foram libertados do poder do pecado pela habitação do espírito de Deus, sem precisar mudar de cor. A libertação da corrupção inclui todos os efeitos danosos do pecado na natureza humana.
Seja o homossexual, seja o fornicário, seja o adúltero, seja o glutão, o beberrão, o ladrão, precisam igualmente de libertação, mas não precisa mudar a cor da pele. Se um negro for homossexual, glutão, beberrão, adúltero, mentiroso, precisa de libertação. Mas se ele for santo, tendo sido justificado, mediante o arrependimento e o perdão, e santificado, mediante a habitação do Espírito de Deus no seu corpo, ele é livre, sem precisar mudar a cor da pele.
Quando o homossexual se associa com o negro, reivindicando tratamento igual, a comparação não é justa. A Escritura coloca no mesmo barco o homossexual, o glutão, o beberrão, o mentiroso, o fornicário, o adúltero, seja ele de que cor for. No outro barco estarão o negro, e branco, o índio, o amarelo, o asiático, o Porto-Riquenho, e seja qual raça for, desde que seja santo.
O Comandante de um barco é Adão, o do outro é Cristo. Paulo diz: “Acho então esta lei em mim: que quando quero fazer o bem,o mal está comigo. Porque segundo o homem interiortenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e em prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor.” ( Rm.7:21-25).
E ainda Jesus diz “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará...todo aquele que comete pecado é escravo do pecado...Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.”(Jo.8:32,34,36). A verdade continua sendo a do princípio, pois, se desobedecermos a Deus, com fez Adão, certamente morreremos; se, porém, obedecermos a Deus, como fez Jesus, seremos libertos por ele, e certamente viveremos.
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