segunda-feira, 30 de junho de 2014

SOTERIOLOGIA, A DOUTRINA DA SALVAÇÃO


Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo como o Pai mo tem dito.” (João 12:49,50).

Diante do texto acima, eu quero falar sobre a doutrina da salvação, pois, lendo um livro sobre o assunto, vejo que não é um tema pacífico, mas existem muitos conceitos a respeito do mesmo, cada um afirmando que está baseado na Bíblia. Ao longo da minha vida cristã, a maior parte na Convenção Batista Brasileira, percebi que cada denominação ou seguimento da igreja evangélica, afirma que a Bíblia é sua regra de fé e prática. É assim, pelo menos, no seguimento chamado de  igrejas tradicionais. Na Igreja Católica, salvo engano, além da Bíblia, também tem a Tradição Eclesiástica (a interpretação dos seus teólogos ou a Patrística) tem peso de autoridade igual à escritura. No Movimento Pentecostal e no Neopentecostal,  (se eu estiver errado me corrijam) os pronunciamentos proféticos e outras revelações extra-bíblicas, têm também grande peso de autoridade. Mas com respeito à afirmação de que a Bíblia é a única regra de fé e prática, tenho percebido que dificilmente é verdade. Cada grupo adota como regra de fé e prática a sua própria tradição religiosa,  ignorando solenemente o que diz a Bíblia.

Voltando ao versículo do cabeçalho, Jesus afirma que o que ele falava era exatamente o que o Pai havia lhe mandado falar. Ele não se sentia com liberdade para mudar o que o Pai lhe tinha mandado falar. Do mesmo modo, nós também não temos esse direito de mudar as palavras que Jesus nos mandou falar.  É verdade que a interpretação da Bíblia não é fácil. Tem assuntos que são controversos, e temos de ter a humildade de reconhecer que podemos laborar em erro, e não assumir uma postura dogmática. Os nossos antepassados podem ter errado também na interpretação. Tem um autor que usa como referencial o Comitê de Lausane e os reformadores, com a sua Solla Scriptura. Mas nem os reformadores do século XVI  nem os signatários do Pacto de Lausane eram infalíveis na interpretação da Escritura. Eles fizeram o melhor que puderam no seu tempo e nós temos de fazer o melhor que pudermos no nosso.

Diante do exposto, quero olhar para a Escritura crendo que o mesmo Espírito que inspirou os nossos antepassados nos inspira, tentar descobrir o que é mesmo a doutrina da salvação. Quero começar com o Dia de Pentecoste. Depois do discurso de Pedro, o povo que o ouviu perguntou: “QUE FAREMOS, HOMENS IRMÃOS?” Respondendo Pedro disse:

1.       Arrependei-vos;
2. E cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados;
3. E recebereis o dom do Espírito Santo. (At.2:37,38).

 Em Atos 3:19, não consta nenhuma  pergunta do povo, mas a declaração de Pedro é semelhante a que foi dada em At. 2:38:
1.      Arrependei-vos; 
2. e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados; 
3.  e venham assim os tempos de refrigério pela presença do Senhor. (At.3:19).

     Observe que At. 2:38 e 3:19, dizem a mesma coisa com palavras diferentes. É como se a pergunta de 2:37 estivesse implícita em 3:19. Mas vamos continuar a questão da pergunta. Em At.16:30, o carcereiro pergunta a Paulo e Silas: “SENHORES, QUE É NECESSÁRIO QUE EU FAÇA PARA ME SALVAR?” Pela lógica, a resposta de Paulo e Silas deveria ter sido a mesma de Pedro em 2:38 e 3:19, mas não foi. Eles disseram: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” (At.16:31). Podemos dizer, então, que crer no Senhor Jesus Cristo significa tudo o que Pedro disse em Atos 2:38 e 3:19. Paulo e Silas disseram de maneira genérica, e Pedro disse de forma específica.  Um de forma abreviada, outro de forma distendida. Mas vamos observar a questão da pergunta. Em At. 9, quando Saulo é abordado pelo Cristo ressuscitado, no caminho de Damasco, Saulo pergunta: “SENHOR, QUE QUERES QUE FAÇA?” Pela lógica,  Jesus deveria ter dito a ele o mesmo que Pedro em 2:38 e 3:19, ou, pelo menos, o que Paulo e Silas disseram ao carcereiro, em 16:31. Mas não foi o que ele fez.  Ele disse: “Levanta-te, e entra na cidade; e lá te será dito o que te convém fazer.” (At.9:6). Sabemos que Jesus chamou Ananias, e o mandou ao encontro de Saulo. Não sabemos tudo o que Ananias disse a Saulo, mas pode ter sido o mesmo que Pedro disse em 2:38 e 3:19, pois em At.  22:16, está registrado que Ananias disse: “E agora, por que te demoras? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor.” Parece um reflexo de At. 2:38 e 3:19. 2:38 fala de perdoar os pecados; 3:19 fala de apagar os pecados; e 22:16 fala de lavar os pecados. Tanto em 2:38 quanto em 22:16 isso é feito por meio do batismo. E em 3:19, o batismo está implícito. Em Hebreus 6:1,2 onde o autor enumera seis doutrinas elementares da vida cristã, ele começa com:

1.       Arrependimento de obras mortas;    
2. Fé em Deus;    
3. A doutrina dos batismos;  
4. E da imposição de mãos. 

Essas são as doutrinas iniciais, pois ressurreição dos mortos e juízo eterno, só acontecerão no final. Mas para chegar nessas duas finais, a pessoa precisa entrar no caminho por meio dessas quatro iniciais.

           Mas, retornando à questão da pergunta sobre a salvação, em I Pe. 3:15, Pedro escreve: “Antes santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações; e estai sempre preparados para RESPONDER com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” Devemos refletir nessa repetição da pergunta que é feita com respeito a salvação. A propósito, algum crente colocou uma faixa numa das ruas da cidade dizendo “CRISTO É A RESPOSTA”.  E alguém escreveu em baixo jocosamente “SIM, MAS QUAL É A PERGUNTA?” E Provérbio 18:13 diz “Responder antes de ouvir, é estultícia e vergonha.” Tem muito crente querendo responder ao descrente, sobre a salvação, sem que este lhe tenha perguntado. Mas para perguntar, os de fora têm de ver algo diferente no crente. A multidão viu algo diferente em Pedro, antes de perguntar sobre a salvação; o carcereiro viu algo diferente em Paulo e Silas, antes de perguntar; Saulo viu algo diferente em Jesus, antes de perguntar. Eles têm de ver algo diferente em nós, antes de perguntar. Será isto: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (Jo. 13:35).

     Em Marcos 16:15,16, Jesus diz: “Ide por todo o mundo, pregai a Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crê será condenado.” O perdão dos pecados vem depois do batismo, de acordo com At. 2:38; 3:19; e 22:16. E ainda tem gente que pergunta se pode ser salvo sem se batizar. É o mesmo que perguntar se pode ser salvo sem ter os pecados perdoados. Mas alguém dirá “e o ladrão na cruz?” Pode esquecer esse argumento, pois a Grande Comissão foi dada por Jesus depois da sua ressurreição, depois que Ele recebeu toda a autoridade nos céus e na terra. Como as pessoas foram salvas antes de Pentecoste, não vem ao caso, pois como disse o cabeçalho deste artigo, devemos somente obedecer ao que Jesus mandou. Mas observe que tanto em Atos 2:38 quanto em 3:19 fala do recebimento do Espírito Santo, depois do Batismo.

Em 2:38 “e recebereis o dom do Espírito Santo”.  E em 3:19 “E venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor.” E ainda em At.9:17, Ananias diz a Saulo que Jesus o enviou a ele “para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.” A sequência se impõe. Crer em Jesus significa: 1. Arrependimento; 2. Batismo  em nome de Jesus para perdão dos pecados;   3. Recebimento do Espírito Santo ou batismo no Espírito Santo. Em João 3:3 Jesus diz que quem não nascer de novo (regeneração) não pode ver o reino de Deus, e no v.5 ele diz que quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. Durante muito tempo fui ensinado que o nascimento da água era o nascimento da Palavra de Deus, como Tiago ensina (outro contexto). Depois de muito tempo percebi que o nascimento da água era o batismo nas águas, pois está mais de acordo com o contexto imediato. Talvez a dificuldade de reconhecer isto se deva à teologia anti-católica que foi adotada por seguimentos evangélicos durante muito tempo. Mas tem coerência aqui, pois o nascimento da água é o batismo nas águas, naturalmente precedido de arrependimento, e seguido do recebimento ou batismo no Espírito Santo. O problema da igreja evangélica, é que quando a pessoa levanta a mão em um culto evangelístico, pensa-se que ela creu, e que, portanto, também foi batizada no Espírito Santo. É certo que o N.T. diz que a pessoa recebe o Espírito quando crer. (Ef.1:13). Mas é errado pensar que ela crê quando levanta a mão.  É crer com o coração –Rm.10:9,10- e lembre o que Deus disse ao profeta Samuel “o homem vê o que  está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” (ISm.16:7).  Nós podemos ver o levantar de mão, podemos ver a pessoa se batizar, mas o coração é enganoso. Só Deus pode ver o que está dentro dele. Quando a pessoa, de fato crê, Deus lhe dá o espírito Santo. Lembre também que crer é obedecer.(Hb.5:9).

Normalmente, o batismo é o primeiro ato de obediência. Digo normalmente, porque em Atos 10:44, os gentios receberam o Espírito Santo antes de serem batizados. É uma exceção, pois a norma é Atos 2:38, e se justifica pelo contexto. E em Atos 8:1-17, os samaritanos foram batizados nas águas, mas só receberam o Espírito Santo depois que os apóstolos Pedro e João oraram por eles, e lhes impuseram as mãos. Mas a ordem da salvação é; 1. Arrependimento;  2. Batismo em nome  de Jesus Cristo, para perdão dos pecados;  3. Recebimento ou batismo no Espírito Santo. Creio que o Espírito Santo atua na pessoa, do lado de fora, dando-lhe luz para que ela possa usar o seu livre-arbítrio, e se arrependa, e depois seja batizada. Deus toma a iniciativa dando a iluminação, mas compete à pessoa se submeter, é uma decisão dela, tanto o arrependimento, quanto ao batismo nas águas, e seguir procurando obedecer a Deus. Mas o batismo no Espírito Santo é Deus quem decide quando dá. Na verdade é Jesus quem batiza no Espírito Santo, pois só Ele pode ver o coração, e o nível de fé e obediência. Mas o crente pode orar, pedindo. Também pode receber a imposição de mãos dos  líderes cheios do Espírito Santo, para receber, como vemos várias vezes no livro de Atos.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

AS DUAS TESTEMUNHAS


Concederei  às minhas duas testemunhas que profetizem durante  mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco” (Ap. 11:3). 
e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia  e Samaria, e até os confins da terra.” (At.1:8).

O livro do Apocalipse tem muita linguagem simbólica, mas também é o que mais revela o significado dos símbolos. Neste caso, as duas testemunhas, dois símbolos são dados, “as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra”. Já em 1:20 é dito que “os sete castiçais que viste, são as sete igrejas”.

Pronto, está revelado. É por isso que Apocalipse significa revelação. Castiçais são igrejas. As duas testemunhas são duas igrejas. Mas são também duas oliveiras. O simbolismo da oliveira nos é revelado em Romanos 11:17,24, onde Paulo diz que Israel é a verdadeira oliveira, e os gentios eram zambuzeiros ou oliveira brava, sendo enxertados na oliveira boa, para ser participantes da salvação. Então as duas testemunhas são duas oliveiras, ou seja, Israel, o povo de Deus do A.T.Mas o povo de Deus que crê no Messias. 

É interessante essas duas figuras, pois a oliveira produz o azeite, e o candelabro ou castiçal, contém o azeite que corre por dentro de si para manter a chama acesa. As duas testemunhas são duas igreja, podemos assim dizer, uma de judeus e outro de gentios. Na descrição das duas testemunhas, em Ap.11, uma tem as características de Moisés e a outra de Elias. Moisés representa os santos do A.T. e Elias os do Novo. Ou podemos dizer que Moisés representa a igreja judaica e Elias a gentílica. É certo que no Novo testamento há duas igrejas, uma judaica e outra gentílica. Uma chamada circuncisão e outra chamada incircuncisão. Pedro era o apóstolo dos judeus e Paulo dos gentios. (Gl.2).

O certo é que as duas testemunhas serão duas igrejas e não duas pessoas, como muita gente pensa. Por acaso já existe no mundo de hoje nitidamente separadas as duas igrejas. Os judeus Messiânicos estão voltando para casa, onde durante muito tempo a igreja gentílica dominou o cenário mundial. É como a parábola do filho pródigo, sendo que, neste caso quem saiu de casa foi o filho mais velho. Já existe até movimento para a igreja gentílica receber bem seu irmão mais velho, que está voltando para casa. Os judeus messiânicos estão crescendo em várias partes do mundo, inclusive em Israel. Eles são muito diferentes da igreja gentílica. Não usam termos gregos como Cristo ou igreja, mas Messias e  Sinagogas messiânicas.

Porém, assim como Paulo ensinou em Gálatas, a igreja gentílica não precisa mais uma vez se tornar judaica, mas continuar sendo uma igreja gentílica, com a sua cultura peculiar. Alguém já disse que a cultura de cada nação foi criada por Deus, mas o pecado as corrompeu. O Evangelho é para purificar a cultura de cada nação também, por meio dos valores do reino de Deus. O importante para nós é saber a que hora estamos da noite. Se estávamos esperando aparecer duas figuras, pessoas literais, para saber que o tempo está cumprido, agora já sabemos que as duas testemunhas já estão no mundo há muito tempo, portanto, já está cumprido este sinal. 

Durante muito tempo eu pensei que a volta de Jesus ainda estava distante, pois o anticristo e o falso profeta ainda não se tinham manifestado. Porém , diante desta chave de interpretação, tanto o anticristo quanto o falso profeta não serão necessariamente duas pessoas literais, mas, a exemplo das duas testemunhas, podem ser  duas ideologias, que também já estão no mundo, uma de caráter político, e outra de caráter religioso. Basta pensar um pouco,pois  estas duas ideologias perseguirão a igreja, o que já está acontecendo em todo o mundo, abertamente ou de maneira velada.

A volta de Jesus pode estar mais perto do que imaginamos. É claro que não podemos ter certeza, pois  Jesus disse que “ o dia e a hora” ninguém saberia. Porém, ele não falou nada com respeito ao mês e ao ano. O que Ele disse foi “Quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai a cabeça, porque a vossa redenção se aproxima”. (Lc.21:28). Podemos ver em  Ap.11, que as duas testemunhas tem autoridade para subjugar os seus  inimigos, mas em algum momento serão entregues nas mãos deles, pois está escrito “a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará.” (v.7),  e em 13:7, se referindo ao anticristo diz “E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos,  e vencê-los; e deu-se-lhe autoridade sobre toda tribo, e língua, e nação.”

É o mesmo caminho que Jesus trilhou, primeiro vencendo os inimigos, depois sendo entregue nas mãos deles, e depois ressuscitando. De fato, as duas descrições são semelhantes, com respeito às duas testemunhas e Jesus. “E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: subi cá. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram.” (Ap.11:12). “E quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.” Na verdade, Atos 1 e Apocalipse 11 são paralelos e descrevem a mesma cena, olhada por ângulos diferentes. Em Atos 1:8 Jesus diz “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas...”. E em Apocalipse 11:3 “E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil Duzentos e sessenta dias, vestidas de saco.” Prepare-se, pois o que está escrito a respeito da igreja se cumprirá, assim como se cumpriu o que estava escrito a respeito de Jesus.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

DEIXANDO TODO O EMBARAÇO


“Deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta” (Hb.12:1).

Algo que me chama a atenção na igreja moderna ou pós moderna, é que grande parte dos pregadores está pregando a cosmovisão do Antigo testamento. Este também é a Palavra de Deus, mas carece ser interpretado à luz do N.T. Paulo fala de “sombras das coisas futuras” (Cl.2:17), e Hebreus “Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas” (Hb.10:1). Os heróis  da pregação moderna são, principalmente, José, porque governou o Egito, um poder temporal; Abrão, porque era rico, ou se tornou rico. Eles são para nós modelo de fé e de virtude, mas não o que nós sabemos, por revelação. Com a chegada do Novo Testamento, houve o que se chama de “Mudança de Paradigma”. Os nossos modelos mais perfeitos passaram a ser os personagens do N.T. , como Jesus, João Batista, Paulo, Pedro e outros. Eu me sinto desconfortável em constatar isso, pois todos esses morreram martirizados. Mas eu tenho de ser honesto com a revelação de Deus. Tanto Abraão quanto José morreram de velhice, velhos e fartos de dias. Porém, o N.T.  nos revela que temos de ter uma meta definida, que é a salvação da alma. O N.T. trás ampla revelação a respeito do inferno, que é um lugar de tormento eterno. Para escapar desse destino terrível, toda perda material ou temporal é café pequeno. Pedro diz “alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas” (I Pd.1:9). E Jesus disse “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt.16:26).

Hebreus 12:1 fala de uma corrida, que é uma metáfora, uma comparação, representando a vida cristã.  Não é uma caminhada,  mas uma corrida. Uma corrida demanda muito mais esforço do que uma caminhada. Uma corrida tem normas, regras, regulamento. O pecado é a quebra ou violação dessas regras. O pecado já desqualifica para a corrida, a não ser que haja arrependimento. Mas os embaraços não são proibidos pelo regulamento. Você pode até levar os embaraços para a corrida, mas eles vão lhe atrapalhar, ou até impedir de você chegar ao fim. O Normal é o corredor usar tênis e  calção ,  mas se alguém quiser pode correr de paletó e gravata, usando pesadas botas. Mas quem assim procedesse seria um tolo, pois estaria pedindo para perder a corrida. Em outro texto Paulo diz “Não sabeis vós que os correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.” (I Co. 9:24).

Em outro texto, o N.T. usa a figura de uma viagem marítima, para representar a vida cristã. É a mesma idéia contida na corrida, mas aqui ilustra com maior perfeição os embaraços que devemos deixar. Aliás,Paulo diz em outro texto “Conservando a fé, e a boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé” (I Tm. 1:19). Mas o texto que quero usar, com respeito a deixar os embaraços, é o capítulo 27 do livro de Atos dos apóstolos. É a viagem de cesaréia a Roma, de navio. Nessa viagem, o vento, muitas vezes em forma de tempestades ou “pé de vento”, tentou afundar o navio, para matar todos que viajavam nele. Esses ventos são representativos de Satanás e seus demônios, que tentam impedir o crente de completar a carreira. Para chegar ao destino final, eles tiveram de se desfazer de alguns embaraços, até mesmo alguns vitais.

1.       At. 27:18 “Contudo, no dia seguinte, sendo violentamente castigados pela tempestade, começamos a atirar ao mar a carga do navio”.
2.       At,27:19 “Ao terceiro dia, em meio à tempestade, com as próprias mãos, lançaram fora a armação do navio”. Haja embaraço.
3.       At. 27:32 “Diante disso, os soldados cortaram as cordas que prendiam o bote salva-vidas ao navio e o deixaram cair ao mar”.
4.       At. 27:38 “Depois de haverem comido até ficarem plenamente satisfeitos, aliviaram ainda mais o peso do navio, lançando todo o trigo ao mar”. Até a comida.
5.       At. 27:41b “A proa encravou-se e ficou imóvel, e a popa foi despedaçada pela força constante das ondas”.  

O navio representa a  vida física, do corpo, que foi sacrificado, pois o objetivo final era chegar em terra firme, o que de fato aconteceu, pois o verso 44 termina dizendo “e todos chegaram a salvo em terra firme”.

Se a sua meta é ser salvo, não hesite em sacrificar os embaraços, sejam eles quais forem, para não acontecer que você afunde com eles, e não consiga chegar ao outro lado da travessia.

terça-feira, 24 de junho de 2014

CHOQUE DE REALIDADE


Lc.22:31-34

Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu,  quando te converteres, confirma teus irmãos. E ele lhe disse: Senhor, estou pronto a ir contigo até à prisão e à morte.”

Ouvindo o Evangelho que está sendo pregado hoje, tenho a impressão de que é outro Evangelho, diferente daquele que vejo ao ler a Bíblia. É só “você vai ser curado”, “você vai prosperar”, “você vai ser feliz  no casamento”, e assim vai. E é possível que tudo isso aconteça mesmo. Mas é só isso? E quando chegar a perseguição, a tribulação, o sofrimento, será que a igreja estará preparada para enfrentá-los? Tenho ouvido que se pregarmos toda a verdade, o povo vai embora da igreja. Será? E se for? Jesus certa feita foi abandonado por todos os discípulos, com exceção dos doze. Mas Ele não se importou. Nesse caso Ele preferiu a qualidade. Bem, vejamos o que diz o texto acima.
Em primeiro lugar Jesus usa a fórmula “Simão, Simão”, que depois usará para Paulo “Saulo, Saulo”, e no Antigo Testamento Deus disse “Abraão, Abraão”,  “Moisés, Moisés”, “Samuel, Samuel”.  Essa fórmula Deus só usa com pessoas com uma chamada especial.

1.       “Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo”. Observe que o pronome “vos”, que aparece duas  vezes, está no plural, porque se refere aos doze apóstolos. Apesar de Jesus estar falando com Pedro diretamente, Ele diz que Satanás pediu para cirandar o grupo todo, dos doze apóstolos. Apesar do texto não dar maiores informações, podemos ir buscar  no livro de Jó os detalhes. Satanás pediu a Deus para cirandar Jó, e Deus autorizou que ele tocasse nos bens de Jó. No caso dos apóstolos, isso não foi necessário, porque os apóstolos não tinham bens, já que tinham deixado tudo, quando seguiram a Jesus. No caso de Pedro e André é dito “Então eles,  deixando logo as redes seguiram-no”. E no caso de Tiago e João “Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no”. (Mt.4:20,22). E ainda Pedro diz “Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que receberemos?” (Mt.19:27). Depois Satanás pede para cirandar Jó mais uma vez, e Deus autoriza-o a tocar nele, só não podendo matá-lo. Então Satanás fere Jó de úlceras, de modo que todo o seu corpo fica coberto de chagas. 
               No caso dos apóstolos, não diz claramente o que satanás  fará, mas tem uma pista. Pedro diz no verso 33 “Senhor, estou pronto a ir contigo até à prisão e à morte”.  Creio que foi isso que Satanás pediu a Deus. Usar contra os apóstolos a prisão e a morte. Senão vejamos o que aconteceu em Atos 12, onde Herodes matou à espada, Tiago, irmão de João, um dos apóstolos. Tiago foi morto e Pedro foi preso. Há ainda um texto interessante em Apocalipse, que diz “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Ap. 2:10). É interessante que Jesus sofreu prisão e morte. Depois os apóstolos sofreram prisão e morte. E agora, no último livro da Bíblia, uma igreja é encorajada a enfrentar prisão e morte. O consolo é que diz que “o diabo lançará ALGUNS DE VÓS na prisão. Fala só de alguns. Então não serão todos. Lembremos também que disse:”Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc.9:23). Seguir a Jesus é seguí-lo  em direção ao Calvário. E o versículo começa assim: “E DIZIA A TODOS.”

2.       “Mas eu roguei por ti”. Jesus rogou só por Pedro. Por que?  E os outros onze foram entregues aos leões?  Podemos imaginar a cena. Satanás diante de Deus pedindo para prender e matar os apóstolos, e Jesus rogando, intercedendo, por Pedro somente. Por que? Bem, Pedro era o líder. Mateus registra o seguinte: “Ora os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro...” (Mt.10:2). Simão Pedro era o equivalente ao primogênito dos  doze filhos de Jacó, no caso, Rúben). Por isso ele foi alvo da intercessão de Jesus. Satanás visa principalmente o líder. Se o líder cair, o restante é presa fácil, pois o princípio é “ferirei o pastor e as ovelhas se dispersrão”. Sabemos que Pedro negou a Jesus três vezes, desistiu do ministério, e voltou a ser pescador. Mas Jesus foi buscá-lo e o restaurou no ministério.

3.       “Para que a tua fé não desfaleça”. O objetivo de Satanás ao perseguir os discípulos é enfraquecer e destruir a fé deles. Para isso ele usará a ameaça de morte e prisão. Foi por isso que Pedro negou a Jesus, com medo de ser preso e morte. Satanás sabe que prisão e morte não podem tirar a salvação de ninguém, mas a perda da fé  pode. Não sabemos o que virá pela frente. Deus controla as nossas circunstâncias. Se morrermos de velhice, Amém. Porém, temos de saber que no pacote da salvação e do discipulado tudo isso está contido.

4.       “E tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”. Pedro foi preservado de morrer junto com Tiago para confirmar, encorajar, os irmãos. É para isso que serve o líder, para ajudar a manter a fé dos demais. Na sua primeira carta Pedro diz aos demais presbíteros:  “Apascentai o rebanho de Deus...servindo de exemplo ao rebanho.” (I Pd.5:2,3). E Hebreus 13:7 “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a Palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.” Jesus rogou por Pedro somente, mas em Romanos 8:26 é dito que o espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis, e no verso 34 é dito que Jesus está â direita do trono de Deus e também intercede por nós. E ainda em Hebreus 7:25 diz que Jesus vive sempre para interceder por nós.

A conclusão é que há um perigo latente, que é o diabo, que nos acusa diante do trono de Deus, pedindo autorização para nos cirandar. Mas o Espírito Santo intercede por nós na terra, Jesus intercede por nós no céu, e Deus nosso Pai, decide. Mas não devemos nos iludir, pois, apesar de o N.T. só registrar o martírio de Tiago, sabemos que todos os apóstolos morreram martirizados, com exceção de João.

sábado, 21 de junho de 2014

A PARÁBOLA DAS DEZ MINAS

Lucas 19:11-27

 Esta parábola tem a mesma moral da parábola dos talentos em MT. 25:14-30. tem  a ver com a volta de Jesus e com o que a igreja deve ficar fazendo enquanto ele estiver ausente. A mina era uma moeda de ouro grega que valia cerca de três meses de trabalho. Porém,  precisamos saber o seu significado espiritual dentro da parábola. 

Vamos considerar o capítulo 15 de Lucas para podermos entender o sentido espiritual das minas. Lucas 15, a exemplo de Mateus 25, conta duas parábolas, e uma terceira que explica as duas primeiras. A  trindade aparece aqui. o filho é um pastor de ovelhas, o espírito santo é uma mulher que tem dez moedas,e  o pai é um pai de família que tem dois filhos. A riqueza do pastor são as ovelhas, a da mulher são as moedas, e a do pai, os filhos. 

A ovelha perdida fora do redil representa o filho mais novo, perdido fora de casa; a moeda perdida dentro de casa, representa o filho mais velho, perdido dentro de casa. o filho mais novo representa os pecadores perdidos fora da igreja, e o filho mais velho representa os pecadores perdidos dentro da igreja. Eu creio que as minas representam pessoas. Os dez servos, assim como as dez virgens, representam dez discípulos a quem foi dada a salvação. 

O primeiro conseguiu repassar essa salvação para dez pessoas. O segundo conseguiu repassar a salvação para cinco pessoas. O terceiro não repassou a salvação para ninguém. Por isso o senhor disse: “tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.” (v.24). ou seja, a salvação que ele tinha no começo lhe foi tirada. Perdeu a salvação. isso me faz lembrar de dois crentes, dois pastores, que disseram que não se importavam em receber galardão, mas tão somente em ser salvos. Não somos nós quem decide isso. Quem pensa assim pode não estar salvo, ou, pelo menos, não permanecerá salvo até o fim.

Mas precisamos saber o que a igreja deve ficar fazendo enquanto Jesus está ausente. Ele disse aos servos: “negociai até que eu venha”. (v.13). e no verso 15, quando o senhor voltou, mandou chamar os servos, para saber o que cada um tinha ganhado, “negociando”.se o sentido das minas fosse literal, o negócio da igreja, durante a ausência de Jesus, seria ganhar dinheiro. E parece que algumas entenderam dessa maneira, a julgar pelas suas atitudes. mas não é esse o sentido. o negócio da igreja é ganhar vidas, almas, pessoas, repassando a salvação para elas. Jesus disse “fazei discípulos”. e a maneira de fazer isso é pregando o evangelho. Jesus disse “pregai o evangelho a toda criatura”. Esse é o negócio da igreja. As minas que ele vai requerer quando voltar são pessoas salvas, discípulos. Fora do negócio de ganhar almas, fazer discípulos de Jesus,  fora disso, é distração do diabo.

          Mas também há outra coisa nesta parábola que precisamos atentar. Quando o senhor retornou e prestou contas com os servos, ele deu a recompensa para o primeiro nos seguintes termos: “SOBRE DEZ CIDADES TERÁS AUTORIDADE”. E para o segundo Ele disse: “SÊ TU TAMBÉM SOBRE CINCO CIDADES”. Isto é poder temporal, poder político, isto é o Estado. Essa esfera de poder Jesus vai dar como recompensa aos servos que forem fiéis no cumprimento da missão de fazer discípulos durante a sua ausência. É por esse tipo de poder que os homens e mulheres dão a vida ou tiram vidas, se digladiam, e lutam para se perpetuar nele. Mas essa não é a missão da igreja nesta dispensação da graça. Aliás, no início da parábola, no v.11, é dito que Ele contou essa parábola porque o povo que o ouvia pensava “que logo se havia de manifestar o reino de Deus”. Ou seja, na esfera política. É interessante que no verso 10, logo após a salvação de Zaqueu, Ele diz: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Embora alguns hoje achem que o que se havia perdido era o Mandato de Domínio que adão perdeu, me parece mais que Jesus se refere à salvação de Zaqueu, que estava perdido antes de se encontrar com Jesus, bem como todos os seres humanos, que como ele, também estão perdidos. A missão da igreja é achá-los, e providenciar para eles um encontro com Jesus. Ele disse “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado”. Mas se a igreja acha que o reino de Deus vai se manifestar logo, tentará tomar a autoridade política, achando que está fazendo o certo. Os primeiros discípulos também pensavam assim, pois disseram a Jesus “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” (At. 1:6). E Jesus respondeu: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas recebereis poder ao descer sobre vós o espírito Santo e me sereis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra.” (At. 1:7,8). Ele disse então que o poder temporal, político, não é competência da igreja, mas testemunhar de Jesus. Ainda em Apocalipse Jesus diz: “E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações. E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vaso de oleiro; como também recebi de meu Pai.” Ap. 2:26,27). A tentação para conquistar o poder temporal, é para não sofrer perseguição. Mas até quando vamos conseguir evitá-la? Afinal nos é dito que “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” (II Tm. 3:12). Mas é melhor não se  queimar com Deus e obedecer a Ele, do que querer evitar a perseguição a qualquer custo, pois “Se Deus é por nós quem será contra nós?”. Paulo ainda diz “PORQUE A NOSSA LEVE E MOMENTÂNEA TRIBULAÇÃO PRODUZ PARA NÓS UM PESO ETERNO DE GLÓRIA MUI EXCELENTE.” (II Co.4:17). Pedro também diz que Deus...”DEPOIS DE HAVERDES PADECIDO UM POUCO, Ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá.” (I Pd.5:10).

sexta-feira, 20 de junho de 2014

TRÊS FATORES PARA A SALVAÇÃO



        Durante a história da igreja muitos esquemas foram adotados para definir a sua missão. Os reformadores adotaram  Somente Cristo, somente a Graça, Somente a Fé, Somente  a Escritura, a famosa Sola Scriptura. Aimee Simple Mcpherson, do Evangelho Quadrangular, adotou o lema Jesus Salva, Jesus Cura, Batiza com o Espírito Santo, e Voltará breve. O G12, de Cesar Castellanos Domingos, adotou Ganhar, Consolidar, Discipular, e Enviar. A Rede Ministerial  adotou Paixão Ministerial, Dom Espiritual, estilo Pessoal. O MDA, Movimento de Discipulado Apostólico adotou o lema Discipulando Um a Um. E assim vai, cada estratégia cumprindo o seu papel, ajudando os discípulos de Jesus a cumprir a missão da igreja. Não discordando de nenhum dos modelos, quero apresentar três fatores que podem ajudar a igreja, creio eu. No capítulo 25 de Mateus, praticamente o último discurso de Jesus, antes de sua morte,  estão registrados esses três fatores. Creio que também no capítulo 10 de Lucas aparecem os mesmo três fatores, embora numa ordem ligeiramente diferente.

1.       SANTIFICAÇÃO,  azeite, Espírito Santo na vida. Mt. 25:1-13. É nossa comunhão com Deus, na pessoa do Espírito Santo. Nós e Deus. Em Lc. 10:38-42 Marta tentava trabalhar  para Jesus e Maria sentava a seus pés. Jesus disse aos doze “Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc.24:49). E diz mais “Mas recebereis poder, ao descer sobre o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas...”(At.1:8). E ainda “Segui a paz com todos, e a santificação sem a qual ninguém verá  o Senhor.” E mais “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta:... guardar-se isento da corrupção do mundo.” (Tg.1:27). As virgens que estavam preparadas, tinham azeite, quando o noivo chegou, entraram com Ele para as bodas. As que não estavam preparadas (espiritualmente), não tinham azeite suficiente, ficaram fora, e o noivo de dentro (“não verão o Senhor”) disse a elas “não vos conheço”. E não se iluda, estas dez virgem são a igreja e não o mundo. É deprimente, mas, por esta parábola, a metade da igreja vai se perder.    

2.       SERVIÇO EVANGELÍSTICO, é a Parábola Dos  Talentos, é Evangelismo e Missões. Mt. 25:14-30. O primeiro servo salvou cinco pessoas, pois tinha recebido capacidade para isto. O segundo salvou duas pessoas, pois tinha recebido capacidade para isto. O terceiro servo não salvou ninguém do inferno, embora tivesse recebido capacidade para salvar alguém. O terceiro servo recebeu esta sentença: “Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” Por esta parábola um terço da igreja vai se perder, por negligência em salvar outros da perdição. Mesmo recebendo a salvação, nada fizeram para que outros recebessem o mesmo benefício. Este fator é do crente para o descrente, da igreja para o mundo. Não tem nada a ver com os outros crentes.

3.       AMOR PRÁTICO EM FAVOR DE OUTROS CRENTES. Mt. 25:31-46. Não tem nada a ver com os descrentes. Tem a ver só com crentes. Enquanto o segundo fator é na direção dos descrentes, o terceiro é na direção dos outros  crentes. Os dois primeiros fatores são parábolas, com respeito ao retorno de Jesus. Este terceiro não é parábola, mas a descrição exata do retorno do Senhor Jesus Cristo. Ele diz na Grande Comissão (Mt.28:18-20) ”Fazei discípulos de todas as nações”, e agora, no seu retorno “E todas as nações serão reunidas diante dele” (Mt.25:32). Naturalmente, serão reunidos diante dele, os discípulos que foram feitos de todas as nações. É uma reunião só com a igreja. Lembre que na Parábola das dez virgens Ele tratou só com a igreja. Na Parábola dos Talentos Ele tratou só com a igreja. Agora, neste terceiro texto, destoaria da lei do contexto, se os descrentes fossem incluídos. Ele separa em dois grupos as nações. Para um grupo Ele diz:

VINDE, BENDITOS DE MEU PAI, POSSUÍ POR HERANÇA O REINO QUE VOS ESTÁ PREPARADO DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO.” E para o outro grupo Ele diz: “APARTAI-VOS DE MIM, MALDITOS, PARA O FOGO ETERNO, PREPARADO PARA O DIABO E SEUS ANJOS.” 

Para o primeiro grupo Ele diz “Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber;  era estrangeiro e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me." O segundo grupo não fez nada disso. E Ele prosseguiu “quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” Verso 40. E no verso 45 “quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.” Temos de saber quem são estes que Jesus chama de “meus pequeninos irmãos”. Certa feita, a mãe e os irmãos de Jesus, foram visitá-lo. E Jesus disse:
”Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus DISCÍPULOS, disse: Eis aqui minha mãe e MEUS IRMÃOS; PORQUE QUALQUER QUE FIZER A VONTADE DE MEU PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS, ESTE É MEU IRMÃO,  e irmã e mãe.”(Mt.12:48-50).
No texto paralelo,em Lucas 8:21, Jesus diz: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a praticam!” Pronto, para mim não há mais dúvidas. Os irmãos de Jesus que devemos ajudar são os discípulos dele. Tem mais outra revelação nestes textos: discípulo de Jesus é aquele que obedece a Deus, ou seja, pratica a sua Palavra. O terceiro fator de salvação é ajudar os discípulos de Jesus, a igreja (não é o mundo) quando estiverem passando por dificuldades, como: fome,sede, sendo estrangeiro, nu, doente,  preso.  É o amor aos irmãos. Aliás, o apóstolo João afirma: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.” (I Jo.3:18).Aliás, Se as palavras tem algum significado, este texto está proibindo amar de palavras ou de língua. Jesus disse “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama...Se alguém me ama, guardará a minha palavra.” (Jo.14:21,23). É bom atentar para essas palavras, pois estamos numa geração de crentes que são ensinados amar de palavra, contrariando o ensino da Bíblia. Até alguns dirigentes de culto mandam o povo fazer declaração de amor para Deus. Como se Deus fosse homem para ser enganado por  palavras sedutoras, mas falsas, pois, por toda a Bíblia o ensino é que para mostrar que se ama a Deus, deve-se obedecer à sua palavra.

          Este terceiro fator é necessário para se salvar. Se nos santificarmos, e levarmos muitas pessoas a serem salvas, mas não amarmos os irmãos, não seremos salvos. Se amarmos os irmãos, nos santificarmos, mas não salvarmos alguém, não seremos salvos.  Se amarmos os irmãos, salvarmos muitas pessoas, mas não nos santificarmos, não seremos salvos. Os três fatores são necessários para sermos salvos. Desconfio que a ênfase em ganhar os pecadores, tem levado muitas igrejas a negligenciar o amor aos irmãos. Jesus disse: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (Jo.13:35). A ordem que se encontra em Mateus 25, não é por acaso. Primeiro, nos santificamos, temos comunhão com Deus, nos enchemos do Espírito Santo. Depois, revestidos desse poder, vamos salvar os perdidos. Depois, vamos cuidar amorosamente, desses irmãos de Jesus, que já não estão mais perdidos.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

A IGREJA E O ESTADO II


Naquela mesma época, alguns dos que estavam presentes foram dizer a Jesus que Pilatos havia misturado o sangue de alguns Galileus com os próprios sacrifícios que ofereciam.” (Lc.13:1-5).

     Neste caso Jesus está representando a igreja, e Pilatos, o Estado.  Segundo o comentário da BKJ  Atualizada, Flávio Josefo, em Antiguidades, diz que os galileus eram insurgentes e Herodes, cruel. Tudo indica que os galileus se insurgiram contra a autoridade imperial de Roma. Mesmo vindo a Jerusalem para atividades religiosas, Pilatos aproveitou para matar alguns  deles, com o propósito de desencorajar a rebelião. Trouxeram a notícia a Jesus, talvez esperando que Ele criticasse, pelo menos, a impiedade do Governador. Mas em sua resposta Jesus não menciona Pilatos nem suas ações, mas se concentra em chamar os seus informantes  de pecadores e aconselhá-los ao arrependimento.

         Aliás, em sua resposta Jesus dá a entender que a espada é o castigo de Deus, por meio do governante do estado, bem como os acidentes naturais – a torre de Siloé – também são castigos de Deus contra o pecado humano, embora o castigo seja  por amostragem, pois os que não morreram às mãos de Pilatos e da queda da torre, eram igualmente culpados. E se não se arrependessem corriam o risco de morrer do mesmo jeito, pois o castigo estava apenas suspenso, esperando o seu arrependimento. Veja o que diz  o N.T.: “Sujeitai-vos pois  a toda ordenação humana por amor do Senhor: quer ao rei como superior; quer aos governadores, como por Ele enviados para castigo dos malfeitores, e para o louvor do que fazem o bem”. (I Pd. 2:13,14). Na mesma linha de pensamento de Pedro, Paulo ensina “Porque os governantes não podem ser motivo de temor para os que praticam o bem, mas para os que fazem o mal. Não queres sentir-se ameaçado pela autoridade? Faze o bem, e ela o honrará.” (Rm.13:3).

     Jesus transitava naturalmente ao lado da esfera de autoridade do Estado, sem trombar com ela, nem tampouco receber favores dela, embora seus inimigos tentassem jogá-lo contra a autoridade do imperador. Certa feita os fariseus enviaram  espiões a Jesus com sofismas para “com isso poder entregá-lo à jurisdição e à autoridade do governador.” (Lc. 20:20). Com esse intento fizeram a Jesus a seguinte pergunta: É certo pagar impostos a César ou não? Jesus pediu uma moeda, denário,  e disse “de quem é a imagem e a inscrição estampadas?” eles responderam que era de César. E Jesus arrematou “Daí, portanto, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!”  

     Quando Deus criou o homem e a mulher no princípio, Ele os criou à sua imagem, conforme a sua semelhança. O pecado, porém, deformou, mutilou, essa imagem e semelhança, e se tornou uma caricatura. Jesus veio chamar pessoas e restaurar nelas a imagem e semelhança de Deus, pela fé nele, e pela operação do Espírito Santo. Essas pessoas formam a igreja, e é com elas que o N.T.  se ocupa, pois a esfera de César, o estado, cuida de todos, regenerados e irregenerados. A igreja deve parar de se preocupar com o Estado, pois, de fato, seja este seja aquele, que governe, isso não altera a responsabilidade da igreja de viver neste mundo de acordo com os valores do reino de Deus. Porém, a história mostra que o Estado ou persegue a igreja ou tenta seduzi-la, para impor a ela os seus valores. A resposta da igreja a essa aproximação do Estado vai definir que tipo de igreja ela é, se fiel e leal ao seu noivo ausente, ou desleal a Ele(Jesus). Tanto no V.T.  quanto no Novo, a função do marido é de provedor e protetor. Iavé é para Israel no Antigo Testamento, e Jesus o é para a igreja no N.T.

      O estado tentará tomar esse lugar na vida da igreja. A igreja deve discernir que sua missão não é transformar o mundo e acabar com suas injustiças, mas estritamente obedecer ao que Jesus ordenou: Fazei discípulos de todas as nações.

      No livro de Apocalipse três figuras se destacam a partir do capítulo 12. O dragão é o diabo; a primeira besta é o anticristo que dominará o mundo, é um domínio político; a segunda besta é o falso profeta, que exercerá um domínio político-religioso, em parceria com a primeira besta;  a quarta figura chama a atenção, pois é representada por uma prostituta,  uma mulher montada sobre uma besta cor de escarlata. Essa mulher representa uma igreja apóstata, que foi seduzida em troca de poder político e poder  financeiro. Foi seduzida pelo estado que detém esse poder. O poder temporal e a riqueza temporal são enganos com os quais Satanás está seduzindo a igreja, ou, pelo menos, parte dela. Tudo começou no Concilio de Nicéia, com Constantino, o imperador, tendo uma conversão duvidosa, e unindo as duas esferas de autoridade, a temporal e a espiritual. O cenário de hoje é parecido. Mas Apocalipse também apresenta uma igreja fiel, um remanescente que não se deixará seduzir pelos valores deste mundo. Esse remanescente é descrito assim: “E eles o venceram pelo sangue do cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até a morte.” (Ap. 12:11).

       A qual dessas igreja você vai pertencer? E ninguém pense que a igreja apóstata seja somente a igreja Católica, pois grande parte da igreja evangélica corre grande risco, pois já embarcou na apostasia. Se soubessem o que está acontecendo hoje na igreja evangélica os reformadores do século 16 se revolveriam na sepultura. Mesmo bem intencionada, parte da igreja já foi seduzida pela sede de poder temporal e de riquezas. Jesus disse “o meu reino não é deste mundo”. E ainda “o reino de Deus está dentro de vós”. Será que  reino de Deus se tornou deste mundo? O reino de Deus saiu de dentro de nós para habitar nos sistemas políticos, econômicos, sociais e financeiros deste mundo? Quando Apocalipse descreve o domínio do anticristo, a primeira besta, afirma: “E recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação.” (Ap.13:7). Ou a igreja estará sendo perseguida por esse poder ou estará aliançada com ele. De que lado você estará?

A SEPARAÇÃO ENTRE A IGREJA E O ESTADO


"Contudo, quando João admoestou Herodes, o tetrarca, por causa de Herodias, mulher do próprio irmão de Herodes, e devido a muitas outras obras perversas que havia praticado, Herodes acrescentou a todas essas maldades a de mandar João para a prisão." (Lc.3:19,20 - BKJ Atualizada).
      Tenho ouvido de alguns pregadores ou lido de alguns escritores que a função dos profetas era a de denunciar as injustiças sociais. Todavia, quero destacar que essa era a função dos profetas no Antigo Testamento dentro da teocracia  de Israel. Notadamente o profeta Amós é muito citado nessa função. Isaías também. Porém, no Novo Testamento a coisa muda de figura, já que a Igreja não detém o poder de Estado como a nação de Israel, embora no início do N.T. ainda podemos ver a nação debaixo da autoridade do império romano.

      É de estranhar ver João Batista repreendendo o rei Herodes, por conta de seus pecados e injustiças, quando nem Jesus nem Paulo fizeram tal coisa. É mais estranho ainda o fato de que Jesus era somente seis meses mais novo do que João Batista, e devia ter conhecimento de tudo que Herodes fazia. Ou Jesus se omitiu e fez vista grossa das injustiças sociais de Herodes, ou João Batista se precipitou, exorbitando de suas funções, fazendo como quase uma censura a Jesus. Não foi somente o fato do envolvimento de Herodes com sua cunhada, mas também "MUITAS OUTRAS OBRAS PERVERSAS QUE HAVIA PRATICADO".

        Também o apóstolo Paulo como bom discípulo de Jesus, não criticou as autoridades do Estado. Paulo sabia, como João também (o evangelista), que o "mundo inteiro jaz no maligno." A Igreja é o povo de Deus no N.T. , constituída de pessoas convertidas e aliançadas com Jesus, o Filho de Deus, espiritualmente renascidas, novas criaturas, cidadãos do reino dos céus (ainda que também da terra). 

         É com essa Igreja que os profetas do N.T. estão preocupados, é dos líderes dessa igreja que os profetas exigirão integridade e santidade. Todo o N.T. se dedica a exigir da igreja, principalmente de seus líderes, uma conduta ilibada. A igreja e o Estado são instituições distintas. Nem César, nem Pilatos, nem Herodes, têm compromisso com Deus, não fizeram aliança. Mas "os homens maus e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados."

       E hoje, será que mudou alguma coisa? O Estado vai bem ou vai mal? Pelo que tenho lido o Estado (no sentido federal, institucional) não parece ir bem. E não é de admirar, pois é constituído de seres humanos pecadores, que não tem compromisso com Deus nem com suas leis. Na verdade Deus não espera que o Estado vá bem. Mas a Igreja Deus espera que vá bem. Se João Batista vivesse hoje 
ele repreenderia os líderes do Estado ou os da Igreja? Jesus não repreendeu nem César, nem  Pilatos, nem Herodes. Mas repreendeu duramente os líderes religiosos de Israel, sacerdotes, escribas e fariseus. Também as sete cartas do Apocalipse são endereçadas a líderes de igrejas, e em quase todas a palavra de ordem de Jesus é, arrepende-te.

       Se a Igreja vai bem, ela pode fazer algo pelo mundo (Estado), mas se vai mal, ela só pode prejudicar o Estado. Se o Estado vai mal e a Igreja se misturar com ele, ela não poderá ajudá-lo. A melhor maneira da igreja ajudar o Estado é se mantendo separada dele, sem tentar usurpar suas funções, e se mantendo fiel a Deus e às suas leis. Deus vai pedir contas do Estado por sua conduta, e vai pedir contas da Igreja, mas separadamente. Será melhor que nós, os João Batistas de hoje, esqueçamos dos maus costumes do mundo, e nos voltemos para corrigir os nossos próprios maus costumes, para que Jesus não nos diga: hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás tirar o argueiro do olho do teu irmão. 

Pr. Valdi Pedro

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Livro: O Anticristo, a Escatologia e o Apocalipse

O estudo a seguir não pretende ser a "última palavra" sobre interpretação do livro de Apocalipse. Mas uma contribuição para a edificação do corpo de Cristo.

O Anticristo, a Escatologia e o Apocalipse