“para que entre ti não haja pobre” (Dt.15:4).
Em Israel havia o ano da remissão. Remissão tem vários sentidos, mas o principal era perdão. Portanto, o ano da remissão era o ano do perdão. Ao fim de cada sete anos, cada israelense que havia emprestado alguma coisa a outro, deveria perdoar a dívida. Deveria fazer isso ao seu próximo ou ao seu irmão. Do estranho, isto é, do gentio, não precisava fazer. Somente depois disso é que Deus diz “para que entre ti não haja pobre”. Então o propósito de Deus era erradicar a pobreza de Israel. Israel seria uma vitrine para as outras nações, que perguntariam o por que de não haver pobre em Israel. Deus diz que se Israel fizesse isto, o próprio Deus os faria prosperar, revelando o princípio de que a prosperidade vem de Deus.
“pois o Senhor, teu Deus, te abençoará abundantemente na terra que te dá por herança, para a possuíres, se apenas ouvires, atentamente, a voz do Senhor, teu Deus, para cuidares em cumprir todos estes mandamentos que hoje te ordeno.” (15:4,5).
Essa é a mentalidade de Deus. A mentalidade do homem natural é que, para erradicar a pobreza, o governo deve, compulsoriamente, tomar do rico, para dar ao pobre. No caso de Deus, entra o fator voluntariedade, para saber se a pessoa vai obedecer a Deus ou não. Não compete ao governo terreno, mas ao governo de Deus. Já que a prosperidade vem de Deus, a escassez também vem, para aqueles que lhe desobedecem. Depois Deus diz “Pois nunca deixará de haver pobres na terra”. (Dt.15:11). Deus reconhece que só a nação de Israel conhecia a sua lei,e as outras nações, por a desconhecerem, não conseguiriam erradicar a pobreza. O homem natural calcula o estado de pobreza, ou abaixo da linha de pobreza, segundo a quantidade de dólares para sobreviver. Deus revela que o status de pobre é reconhecido pela situação de necessitado. “para o necessitado, para o pobre na tua terra”. (Dt. 15:11).
No N.T. Jesus ensina que as necessidades básicas do ser humano são comida, bebida, e roupa. Na igreja primitiva “nenhum necessitado havia entre eles” (At. 4:34). E o apóstolo Paulo afirma “E o meu Deus,segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades”. Porém, o princípio para Israel era que cada um perdoasse a dívida de seu irmão, ao final de cada sete anos, a fim de que a pobreza fosse erradicada daquela nação.
Mas a cosmovisão do N.T. é outra. O propósito de Deus para a igreja, não é erradicar a pobreza da igreja, mas erradicar a pobreza espiritual da igreja. Afinal, a igreja não é uma nação como Israel, politicamente organizada, mas uma nação diferente. Pedro diz “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa...” (I Pd. 2:9). Mas o princípio é o mesmo, e está também baseado em perdão de dívidas. Mas é dívida espiritual. Jesus diz
“e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores...Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mt.6:12,14,15).
Portanto, as dívidas são ofensas, que sofremos ou praticamos, e se convertem em dívidas espirituais. Porém, como no caso do A.T. , o novo também faz diferença entre o irmão e o estranho. “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti...” (Mt.5:23). Todo o texto fala do irmão, não do estranho. Em outro texto diz “Se teu irmão pecar contra ti, vai arguí-lo entre ti e ele só...Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe?...não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?” (Mt. 18:15,21,33). O conservo é o mesmo irmão do contexto. Num caso está em consideração os irmãos, no outro, os servos. Mas todos representam o outro crente.
Por meio do perdão das dívidas espirituais, Deus quer erradicar do seio da igreja a pobreza espiritual. Os bens da igreja é a presença do Espírito Santo, por meio dos dons espirituais. (I Co. 1:5-7; 12:7). Observe que os heróis do A.T. eram ricos materialmente, Abraão, Isaque e Jacó. Os heróis do N.T. eram cheios do Espírito Santo, João Batista, Jesus e Paulo.
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