sábado, 21 de maio de 2011

A BÍBLIA É A CONSTITUIÇÃO DO CRISTIANISMO?

Acabei de assistir a uma entrevista na TV SBT, no Programa do apresentador Jorge Said, onde foram entrevistadas três pessoas, sendo uma delas um pastor. O assunto em pauta era a questão homossexualismo, ou como se costuma dizer hoje, homofobia. Acompanhei atentamente os argumentos de todos, mas, principalmente os do pastor. E, diga-se de passagem, pareceu-me uma pessoa muito bem instruída, tanto na cultura secular, quanto na religiosa. Porém, como sou da área, detectei um detalhe, que pode ter passado despercebido por um leigo em matéria de religião.

O pastor disse, e com muita propriedade, que a Bíblia diz no Pentateuco, que a criança rebelde contra os pais, deveria ser apedrejada, e que o homem que mantivesse relação sexual com mulher menstruada, deveria ser também punido, do mesmo modo que diz que o homem que se deitasse com outro, como se fosse mulher, deveria ser morto. E que os cristãos, para serem coerentes, deveriam adotar todos os textos, e não somente o que diz respeito ao homossexualismo. Ele está certo. Disse também que Jesus, em momento algum, condenou o homossexualismo. Ele também está certo nisto. Na verdade, Jesus não condenou os pecadores, mas repreendeu fortemente os líderes religiosos de seu tempo, pela sua hipocrisia. Até aqui tudo bem. Falou também que, na interpretação da Bíblia, deveria ser levado em conta as questões culturais, históricas e gramaticais. É a exegese e a hermenêutica, que devem ser consideradas na interpretação de um texto, seja religioso ou secular. Agora vamos fazer a correção.

A Bíblia não é a constituição do cristianismo. O Judaísmo adota o Velho Testamento, e é problema dos judeus, harmonizar sua Escritura com os problemas da sociedade. Reforço o meu argumento de que a Constituição do Cristianismo é o Novo testamento, a Nova Aliança, que começou oficialmente no Dia de Pentecoste, e que os Preceitos Constitucionais da Igreja são as epístolas (Cartas) dos Apóstolos de Jesus Cristo. “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera.” 

A Igreja é de Jesus, que lhe deu mandamentos, por meio do Espírito Santo, aos apóstolos, que escreveram esses mandamentos nas Cartas e os enviaram às igrejas. (At.1:1,2). Portanto, se queremos saber o que o Legislador da Nova Aliança fala sobre homossexualidade, devemos buscar nas Cartas Apostólicas. As Cartas são normativas para a Igreja. E não é a opinião de Paulo, de Pedro, ou de João, mas os mandamentos do próprio Cristo. Já começa com Romanos 1:24-27: 
“Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o criador, que é bendito eternamente. Amém! Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” 

E ainda, o mesmo apóstolo, em I Co. 6:10,11: 

“Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões,nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus.” 

É interessante que Paulo não inclui nesta lista de pecados, nem os negros, nem os gordos, nem as mulheres, que têm sido alvo de discriminação. Porque ser negro não é pecado,nem o negro precisa ser lavado até ficar branco, para poder entrar no céu. E aqui, Paulo não fala de apedrejar, nem de discriminar, mas adverte, que os que não forem libertos daqueles pecados, não entrarão no reino de Deus. 

Ser justificado fala de perdão, mediante arrependimento. Lavado, santificado, fala de uma ação direta do Espírito Santo, sobre um hábito enraizado, reforçado por forças espirituais do mal. A pessoa está escravizada. Ela quer se libertar, mas não pode. Ela precisa de um Libertador. Mas, para que alguém peça ajuda, ela precisa se convencer de que precisa de ajuda, que ela está cativa. Jesus disse “todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.” E “Se o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” E veja que o texto de I Corintios não fala só de pecado sexual, nem só de pecado homossexual. É verdade que todos os pecadores devem estar na igreja, buscando ajuda, pois é onde deveriam encontrá-la. 

Mas a igreja pode não ter poder para libertar os cativos. E nesse caso, erra quem não admite seu pecado, e erra também, quem não admite que a igreja precisa do poder do Espírito Santo. Talvez deva haver arrependimento de ambos os lados, e os dois grupos juntos devem clamar por socorro a Deus, pois “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” O que não se pode é iludir pessoas, dizendo que está tudo bem, quando não está. “E curam a ferida da filha de meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” (Jr.8:11).

No caso de Romanos 1, fica claro que o homossexualismo é um castigo de Deus, contra os que cometeram o pecado de idolatria, adorando a imagem de homem, de aves, de quadrúpedes, e de répteis. Este ensino se harmoniza com Provérbios 22:14 “Cova profunda é a boca das mulheres estranhas; aquele contra quem o Senhor se irá cairá nela.” Neste caso, o pecado sexual é a conseqüência de um pecado anterior, que pode ser idolatria, orgulho, ou outro qualquer, que provocou a ira de Deus. É interessante que Romanos 1 também diz o mesmo “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens...”(Rm.1:18). De Deus não se zomba, diz Gálatas 6:7. A criança já pode nascer sob o domínio de espíritos imundos, por causa do pecado dos pais. É o que se chama de maldição hereditária. Mas o caminho da libertação é por meio do arrependimento. E isto é um princípio, que é válido em qualquer tempo ou lugar.

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