“Naquela mesma época, alguns dos que estavam presentes foram dizer a Jesus que Pilatos havia misturado o sangue de alguns Galileus com os próprios sacrifícios que ofereciam.” (Lc.13:1-5).
Neste caso Jesus está representando a igreja, e Pilatos, o Estado. Segundo o comentário da BKJ Atualizada, Flávio Josefo, em Antiguidades, diz que os galileus eram insurgentes e Herodes, cruel. Tudo indica que os galileus se insurgiram contra a autoridade imperial de Roma. Mesmo vindo a Jerusalem para atividades religiosas, Pilatos aproveitou para matar alguns deles, com o propósito de desencorajar a rebelião. Trouxeram a notícia a Jesus, talvez esperando que Ele criticasse, pelo menos, a impiedade do Governador. Mas em sua resposta Jesus não menciona Pilatos nem suas ações, mas se concentra em chamar os seus informantes de pecadores e aconselhá-los ao arrependimento.
Aliás, em sua resposta Jesus dá a entender que a espada é o castigo de Deus, por meio do governante do estado, bem como os acidentes naturais – a torre de Siloé – também são castigos de Deus contra o pecado humano, embora o castigo seja por amostragem, pois os que não morreram às mãos de Pilatos e da queda da torre, eram igualmente culpados. E se não se arrependessem corriam o risco de morrer do mesmo jeito, pois o castigo estava apenas suspenso, esperando o seu arrependimento. Veja o que diz o N.T.: “Sujeitai-vos pois a toda ordenação humana por amor do Senhor: quer ao rei como superior; quer aos governadores, como por Ele enviados para castigo dos malfeitores, e para o louvor do que fazem o bem”. (I Pd. 2:13,14). Na mesma linha de pensamento de Pedro, Paulo ensina “Porque os governantes não podem ser motivo de temor para os que praticam o bem, mas para os que fazem o mal. Não queres sentir-se ameaçado pela autoridade? Faze o bem, e ela o honrará.” (Rm.13:3).
Jesus transitava naturalmente ao lado da esfera de autoridade do Estado, sem trombar com ela, nem tampouco receber favores dela, embora seus inimigos tentassem jogá-lo contra a autoridade do imperador. Certa feita os fariseus enviaram espiões a Jesus com sofismas para “com isso poder entregá-lo à jurisdição e à autoridade do governador.” (Lc. 20:20). Com esse intento fizeram a Jesus a seguinte pergunta: É certo pagar impostos a César ou não? Jesus pediu uma moeda, denário, e disse “de quem é a imagem e a inscrição estampadas?” eles responderam que era de César. E Jesus arrematou “Daí, portanto, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!”
Quando Deus criou o homem e a mulher no princípio, Ele os criou à sua imagem, conforme a sua semelhança. O pecado, porém, deformou, mutilou, essa imagem e semelhança, e se tornou uma caricatura. Jesus veio chamar pessoas e restaurar nelas a imagem e semelhança de Deus, pela fé nele, e pela operação do Espírito Santo. Essas pessoas formam a igreja, e é com elas que o N.T. se ocupa, pois a esfera de César, o estado, cuida de todos, regenerados e irregenerados. A igreja deve parar de se preocupar com o Estado, pois, de fato, seja este seja aquele, que governe, isso não altera a responsabilidade da igreja de viver neste mundo de acordo com os valores do reino de Deus. Porém, a história mostra que o Estado ou persegue a igreja ou tenta seduzi-la, para impor a ela os seus valores. A resposta da igreja a essa aproximação do Estado vai definir que tipo de igreja ela é, se fiel e leal ao seu noivo ausente, ou desleal a Ele(Jesus). Tanto no V.T. quanto no Novo, a função do marido é de provedor e protetor. Iavé é para Israel no Antigo Testamento, e Jesus o é para a igreja no N.T.
O estado tentará tomar esse lugar na vida da igreja. A igreja deve discernir que sua missão não é transformar o mundo e acabar com suas injustiças, mas estritamente obedecer ao que Jesus ordenou: Fazei discípulos de todas as nações.
No livro de Apocalipse três figuras se destacam a partir do capítulo 12. O dragão é o diabo; a primeira besta é o anticristo que dominará o mundo, é um domínio político; a segunda besta é o falso profeta, que exercerá um domínio político-religioso, em parceria com a primeira besta; a quarta figura chama a atenção, pois é representada por uma prostituta, uma mulher montada sobre uma besta cor de escarlata. Essa mulher representa uma igreja apóstata, que foi seduzida em troca de poder político e poder financeiro. Foi seduzida pelo estado que detém esse poder. O poder temporal e a riqueza temporal são enganos com os quais Satanás está seduzindo a igreja, ou, pelo menos, parte dela. Tudo começou no Concilio de Nicéia, com Constantino, o imperador, tendo uma conversão duvidosa, e unindo as duas esferas de autoridade, a temporal e a espiritual. O cenário de hoje é parecido. Mas Apocalipse também apresenta uma igreja fiel, um remanescente que não se deixará seduzir pelos valores deste mundo. Esse remanescente é descrito assim: “E eles o venceram pelo sangue do cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até a morte.” (Ap. 12:11).
A qual dessas igreja você vai pertencer? E ninguém pense que a igreja apóstata seja somente a igreja Católica, pois grande parte da igreja evangélica corre grande risco, pois já embarcou na apostasia. Se soubessem o que está acontecendo hoje na igreja evangélica os reformadores do século 16 se revolveriam na sepultura. Mesmo bem intencionada, parte da igreja já foi seduzida pela sede de poder temporal e de riquezas. Jesus disse “o meu reino não é deste mundo”. E ainda “o reino de Deus está dentro de vós”. Será que reino de Deus se tornou deste mundo? O reino de Deus saiu de dentro de nós para habitar nos sistemas políticos, econômicos, sociais e financeiros deste mundo? Quando Apocalipse descreve o domínio do anticristo, a primeira besta, afirma: “E recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação.” (Ap.13:7). Ou a igreja estará sendo perseguida por esse poder ou estará aliançada com ele. De que lado você estará?
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