quinta-feira, 19 de junho de 2014

A SEPARAÇÃO ENTRE A IGREJA E O ESTADO


"Contudo, quando João admoestou Herodes, o tetrarca, por causa de Herodias, mulher do próprio irmão de Herodes, e devido a muitas outras obras perversas que havia praticado, Herodes acrescentou a todas essas maldades a de mandar João para a prisão." (Lc.3:19,20 - BKJ Atualizada).
      Tenho ouvido de alguns pregadores ou lido de alguns escritores que a função dos profetas era a de denunciar as injustiças sociais. Todavia, quero destacar que essa era a função dos profetas no Antigo Testamento dentro da teocracia  de Israel. Notadamente o profeta Amós é muito citado nessa função. Isaías também. Porém, no Novo Testamento a coisa muda de figura, já que a Igreja não detém o poder de Estado como a nação de Israel, embora no início do N.T. ainda podemos ver a nação debaixo da autoridade do império romano.

      É de estranhar ver João Batista repreendendo o rei Herodes, por conta de seus pecados e injustiças, quando nem Jesus nem Paulo fizeram tal coisa. É mais estranho ainda o fato de que Jesus era somente seis meses mais novo do que João Batista, e devia ter conhecimento de tudo que Herodes fazia. Ou Jesus se omitiu e fez vista grossa das injustiças sociais de Herodes, ou João Batista se precipitou, exorbitando de suas funções, fazendo como quase uma censura a Jesus. Não foi somente o fato do envolvimento de Herodes com sua cunhada, mas também "MUITAS OUTRAS OBRAS PERVERSAS QUE HAVIA PRATICADO".

        Também o apóstolo Paulo como bom discípulo de Jesus, não criticou as autoridades do Estado. Paulo sabia, como João também (o evangelista), que o "mundo inteiro jaz no maligno." A Igreja é o povo de Deus no N.T. , constituída de pessoas convertidas e aliançadas com Jesus, o Filho de Deus, espiritualmente renascidas, novas criaturas, cidadãos do reino dos céus (ainda que também da terra). 

         É com essa Igreja que os profetas do N.T. estão preocupados, é dos líderes dessa igreja que os profetas exigirão integridade e santidade. Todo o N.T. se dedica a exigir da igreja, principalmente de seus líderes, uma conduta ilibada. A igreja e o Estado são instituições distintas. Nem César, nem Pilatos, nem Herodes, têm compromisso com Deus, não fizeram aliança. Mas "os homens maus e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados."

       E hoje, será que mudou alguma coisa? O Estado vai bem ou vai mal? Pelo que tenho lido o Estado (no sentido federal, institucional) não parece ir bem. E não é de admirar, pois é constituído de seres humanos pecadores, que não tem compromisso com Deus nem com suas leis. Na verdade Deus não espera que o Estado vá bem. Mas a Igreja Deus espera que vá bem. Se João Batista vivesse hoje 
ele repreenderia os líderes do Estado ou os da Igreja? Jesus não repreendeu nem César, nem  Pilatos, nem Herodes. Mas repreendeu duramente os líderes religiosos de Israel, sacerdotes, escribas e fariseus. Também as sete cartas do Apocalipse são endereçadas a líderes de igrejas, e em quase todas a palavra de ordem de Jesus é, arrepende-te.

       Se a Igreja vai bem, ela pode fazer algo pelo mundo (Estado), mas se vai mal, ela só pode prejudicar o Estado. Se o Estado vai mal e a Igreja se misturar com ele, ela não poderá ajudá-lo. A melhor maneira da igreja ajudar o Estado é se mantendo separada dele, sem tentar usurpar suas funções, e se mantendo fiel a Deus e às suas leis. Deus vai pedir contas do Estado por sua conduta, e vai pedir contas da Igreja, mas separadamente. Será melhor que nós, os João Batistas de hoje, esqueçamos dos maus costumes do mundo, e nos voltemos para corrigir os nossos próprios maus costumes, para que Jesus não nos diga: hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás tirar o argueiro do olho do teu irmão. 

Pr. Valdi Pedro

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