terça-feira, 30 de março de 2010

AS TENTAÇÕES DE JESUS

"Assim, Tendo o Diabo acabado toda sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião oportuna.” (Lc.4:13).

       "Toda sorte de tentação", quer dizer que todas as tentações estão consubstanciadas nestas três. De fato, quando Eva foi tentada, a Escritura diz “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento” (Gn.3:6). Estes três princípios também estão em I João 2:16, que diz “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” A tentação é uma tentativa. Uma tentativa do Diabo de induzir alguém a fazer algo ilegal, imoral, contrário a Deus e à sua Palavra. Em outras palavras é uma tentativa de fazer alguém pecar. Pecado é transgressão da Lei de Deus, é errar o alvo. Mas, baseados no texto em epígrafe, podemos dizer que pecado é fazer algo certo na hora errada. Senão vejamos.

       A PRIMEIRA TENTAÇÃO

       “Se tu és o filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães”. Ora, em Lc. 3:22 Deus havia falado para Jesus: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.” Mateus diz que o que Deus disse foi “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.” Eu creio que a versão mais correta é a de Lucas, pois Deus está procurando colocar convicção no coração de Jesus, já sabendo que o diabo iria questionar isto. Quando o Diabo diz “Se tu és o Filho de Deus”, está procurando colocar dúvida na palavra que Deus tinha dado a Jesus um pouco antes. Jesus tinha jejuado quarenta dias e quarenta noites, e estava com fome. Então, comer era a coisa certa a fazer. Tanto é que Mateus registra “Então o diabo o deixou; e, EIS QUE CHEGARAM OS ANJOS E O SERVIAM.” Podemos ouvir aqui o eco de I Rs. 19:5-7, onde um anjo alimentou com pão e água ao profeta Elias, no deserto. Comer não é errado, mas é na hora de Deus. Os anjos serviram Jesus com comida, mas foi na hora de Deus. Pecado é fazer a coisa certa na hora errada. Jesus enfrentou essa tentação citando a Palavra de Deus, em Dt. 8:3 “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”

       A SEGUNDA TENTAÇÃO

       O diabo transportou Jesus à Jerusalém, ao pináculo do templo, e disse-lhe: “Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo...”. O diabo cita o salmo 91, em reforço ao seu argumento. Se Jesus fizesse isso, diante do pátio do templo, cheio de judeus, Ele seria aclamado como o Messias. Jesus ocultou o tempo todo a sua identidade messiânica, só a revelando diretamente à mulher samaritana. Jesus se apresentará a Israel como o Messias, mas aquela não era a hora. “E olharão para aquele a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.” Se Jesus tivesse se apresentado a Israel como o Messias, antes da hora de Deus, Ele teria pecado. Pecado é fazer a coisa certa na hora errada.

       A TERCEIRA TENTAÇÃO
       “mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo...Portanto, se tu me adorares tudo será teu.” Todos os reinos do mundo foram dados a Adão, por Deus, no princípio. Apesar de Deus ser o dono de tudo, Ele pode dar a posse da criação para quem Ele quiser. “Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens.” (Sl. 115:16) E inda “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam.” (Sl. 24:1). Satanás disse a Jesus, com respeito aos reinos do mundo “a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero.” (Lc.4:6). Ele não estava mentindo. De alguma maneira, quando Adão pecou, passou a Escritura da terra para o diabo. Jesus veio para a tomar de volta. É por isso que Jesus disse “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.” E mais: “Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim.” (João 12:31; 14:30). E João ainda diz “o mundo inteiro jaz no maligno.” (I Jo. 5:19). Jesus recusou receber a autoridade sobre os reinos do mundo, porque não era a hora, nem era o modo. Mas em Mt.28:18, depois da ressurreição, Ele diz aos seus discípulos: “Toda a autoridade me foi dada nos céus e na terra.” Autoridade é diferente de poder. Autoridade é de direito, poder é de fato. Jesus recebeu o direito, a autoridade, e mandou a igreja, como um oficial de justiça, executar o Mandado de Prisão, e a Ação de Despejo e a Reintegração de Posse, contra satanás e seus cúmplices. Mas Satanás luta para não entregar a terra de volta. Em Ap. 13, o anti-Cristo recebe de Satanás (o dragão) “o seu poder e o seu trono e grande autoridade” (v.2) e “e deu-se-lhe autoridade sobre toda tribo, e povo, e língua,e nação.” (v.7). Mas somente em Ap.11:15 é dito “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos.” Deus reinará por meio do seu Ungido, Jesus. É uma expressão semelhante a que está em I Sm 16:6 “Certamente está perante o Senhor o seu ungido.” Na teocracia de Israel, Deus governava a nação por meio do rei ungido. Deus governará o mundo por meio de seu Ungido, Jesus, no tempo de Deus. Se Jesus aceitasse a oferta de Satanás, se antecipando ao tempo de Deus, teria pecado. Pecado é fazer a coisa certa, na hora errada. Vigie, pois o diabo tentará fazer isso com você. Tenha paciência e espere o tempo de Deus.

domingo, 28 de março de 2010

A EVOLUÇÃO DO CASAMENTO

     No cap. 1º de Gênesis, na descrição da criação, por cinco vezes seguidas, está registrada a seguinte expressão: “E VIU DEUS QUE ERA BOM.” E no verso 31 está registrado “E VIU DEUS TUDO QUANTO TINHA FEITO, E EIS QUE ERA MUITO BOM.” Todavia, em 2:18 está escrito: “NÃO É BOM QUE O HOMEM ESTEJA SÓ.” E Deus criou a mulher, e foi formado o 1º casal. O resto é história. Porém, devemos lembrar que tudo isto aconteceu antes do pecado. O pecado é um divisor de águas. Poderíamos até adotar uma cronologia que seria assim descrita: 20 a.p. ou 20 d.p.(antes do pecado e depois do pecado).

      No Novo Testamento, porém, a visão é outra. Em I Co. 7 Paulo doutrina “BOM seria que o homem não tocasse em mulher” e no verso 8 “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é BOM se ficarem como eu” (solteiro) e no verso 26 “Tenho, pois, por BOM, por causa da instante necessidade, que é BOM para o homem o estar assim” (solteiro) . Não é por acaso que o adjetivo “bom” aparece quatro vezes aí. É para lembrar de “Não é bom que o homem esteja só”, de Gn.2:18. O que era bom antes do pecado, depois deste, já não é bom. É claro que Paulo reconhece que é difícil ficar solteiro, e chega a dizer que é melhor casar do que se prostituir ou viver abrasado. Mas no verso 28, ele dá uma palavra de advertência. “Todavia os tais (os casados) terão tribulação na carne, e eu quereria poupar-vos.” Ele não diz que poderão ter tribulação na carne, mas que certamente terão. E no verso 5, ele dá o motivo . “Para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” O ataque de Satanás virá com certeza. “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar.” (I Pd.5:8). Quem é solteiro, tem apenas uma porta de acesso à sua pessoa, que ele pode fechar. Quem é casado, tem duas portas de acesso, e uma delas está no controle de seu cônjuge, por causa da aliança.

      Quando Deus enviou o primeiro missionário, Abraão, lhe deu como companheiro, uma mulher , sua esposa, Sara, porque a missão era gerar uma nação, pelo método biológico. “Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.” (Gn. 15:5). Quando o Espírito Santo enviou os primeiros missionários para as nações, não lhes deu uma esposa como companheira, mas um homem. Paulo e Barnabé não precisavam de uma esposa para cumprir a missão, fazer discípulos de todas as nações, pois o método seria espiritual, não físico. (At.13:1-4). A ordem para Adão e Eva era encher a terra de seres humanos, por meio do casamento. A ordem para a igreja é encher a terra de discípulos, por meio do evangelismo e discipulado.

      A evolução aconteceu considerando bom o homem ser casado, depois bom que homem seja solteiro, e depois bom que a mulher seja viúva. Em I Co. 7:8, Paulo diz que é bom que as viúvas não se casem de novo. Considerando que o conselho tanto serve para mulher quanto para homem, pode ter sido motivado pelo fato de que para o homem é mais difícil ficar solteiro, do que para a mulher, e que morria mais homens na guerra do que mulheres. A tendência seria de haver mais viúvas do que viúvos. O certo é que Paulo parece estar dizendo que, já que a pessoa não conseguiu ficar solteira, e casou, e constatou a veracidade da tribulação, não case de novo, para não sofrer mais. Podemos até parafrasear João 5:14 “não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior” por “não cases mais, para que não te suceda alguma coisa pior”. Se você está pensando que esta é uma visão pessimista sobre o casamento, você está certo. Mas é a visão do Novo Testamento. Este é o motivo porque nem Jesus, nem João Batista, nem Paulo eram casados. Reconheço que Pedro era. Este também é o motivo porque a igreja católica adota o celibato dos padres. O celibato voluntário é ensinado no N.T. O que é errado, por ser anti-bíblico, é o celibato obrigatório. “Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” (Mt.19:12). Eunuco é o homem castrado, que tomava conta do harém. O celibato é um dom. Quando Jesus diz que “há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe”, está reconhecendo que o celibato é um dom que não é dado a todos. Paulo também reconhece isto, quando escreve “Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom.” Obrigar uma pessoa que não tem dom de celibato, a ficar solteira, é o mesmo que querer que uma pessoa que não tem o dom de ensino, ensine. É violentar a sua natureza. Por isso a maré de pedofilia, no clero católico. Aliás pedofilia e homossexualismo, pois quando se fala somente pedofilia, pensa-se que o sexo pode ser com meninas, o que não é o caso.
 
     Casado, solteiro, viúva, e avançamos para o que Paulo escreveu em I Co. 7:10,11 “Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” Este contexto é grego, na igreja gentílica, e Paulo está orientando. Era comum que um dos cônjuge se convertesse, e desejasse se separar do cônjuge incrédulo. Paulo diz, em primeiro lugar, tanto para a mulher, quanto para o homem, que não se separe. Como a Bíblia é a Palavra de Deus, e não a falível tradição humana, ela não se ilude. Sabe que vai ter separação. E aí dá a próxima orientação. Se a pessoa chegar a se separar, tem duas opções. Ou ficar sem casar, ou se reconciliar com o cônjuge. Pelo menos uma conclusão se impõe. Se separar não é pecado, dependendo do motivo da separação. Deus é justo, e não é a favor de qualquer injustiça, venha de quem vier. Porém, a tradição religiosa tem preconceito contra quem se separa, seja porque motivo for.

      Mas aquilo é o contexto grego. Vejamos agora o contexto hebraico. Por que na interpretação da Escritura, na hermenêutica sagrada, existe a lei do contexto. Como diziam os antigos reformadores, ninguém pode formar uma doutrina, baseado num texto fora do seu contexto. O contexto hebraico é Mt. 5:32 e 19:9. Mateus escreveu para os judeus, que foram os destinatários deste Evangelho. É provável que tenha sido escrito originalmente em hebraico. Nestes textos Jesus diz que o casamento é indissolúvel, a não ser em um caso, a chamada “cláusula de exceção.” É possível que o pano de fundo deste texto seja Dt.24. Jesus diz que o casamento é indissolúvel, a não ser em caso de pornéia. Adultério em grego é moikéia, e Jesus não usou esta palavra, mas pornéia. Esta palavra tem sido traduzida por fornicação, prostituição, relações sexuais ilícitas. Até mesmo adultério, pornéia pode significar. Em geral pornéia, pode significar qualquer pecado de natureza sexual. Quando o divórcio foi adotado na legislação brasileira, houve uma inquietação muito grande na igreja brasileira. De maneira geral as igrejas adotaram três posições:

a. Não aceitar o divórcio em hipótese alguma;

b. Aceitar todo tipo de divórcio que a lei brasileira adotasse; e,

c. Adotar somente o divórcio que a Bíblia respaldasse.

      Acontece que a cláusula de exceção cabe várias interpretações. Alguns acham que pornéia, em Mt.5 e 19 significa o que está em Dt. 22, onde na noite de núpcias, o marido descobre que a mulher não era mais virgem, e ela seria morta por apedrejamento. Neste caso Jesus estaria abrandando a aplicação da lei, substituindo a pena de morte por divórcio. Outros acham que pornéia significa qualquer pecado sexual, como incesto, bestialidade, homossexualismo, e até adultério. Neste caso a pessoa pode se divorciar. Outros acham que pornéia, neste caso, significa somente adultério, e que, portanto, só o adultério dá o direito de se divorciar. Qualquer dessas interpretações pode ser verdadeira, como pode também não ser. O princípio jurídico do IN DUBIO PRO REU pode ser aplicado aqui. Em Mt.23:4 Jesus acusa os escribas e fariseus de atarem “fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem move-los.” Ele está se referindo à interpretação da lei, como no caso da mulher adúltera, em João 8:1-11. Adotavam a interpretação severa para os outros, e branda para si. Hoje acontece o mesmo. Quando o problema familiar e de divórcio acontece na família dos outros, o líder religioso tende a adotar uma interpretação severa da escritura. Mas quando acontece consigo ou com um parente chegado, tende a adotar uma interpretação branda. É melhor adotar uma interpretação branda para todos. Está mais de acordo com o preceito “ama o teu próximo como a ti mesmo.”
 
      Quero dizer mais duas coisas. 1. No caso de ser reconhecido o direito de se divorciar, já está implícito o direito de casar de novo, se quiser. Esta tese é defendida brilhantemente pelo Dr. Martyn Lloyd –Jones, no seu volumoso livro Estudos no Sermão do Monte , e pelo Rev. Guy Duty, no seu bem pesquisado livro Divórcio e Novo casamento. 2. Ninguém pode colocar Paulo contra Jesus, nem Jesus contra Paulo, pois o que o Apóstolo escreveu são as palavras de Jesus “depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera.” (At.1:2). Da mesma maneira que João escreveu as palavras de Jesus, às sete igrejas da Ásia, e termina dizendo “Quem tem ouvidos ouça o Espírito diz às igreja.” O que I Co. 7 diz, não são as opiniões de Paulo, mas os mandamentos de Jesus, para a igreja, dados pelo Espírito Santo, ao apóstolo Paulo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

OS TREZENTOS OS DE GIDEÃO

“E foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca, trezentos homens; e todo o restante do povo se abaixou de joelhos a beber as águas.” (Jz. 7:6).

          Deus escolheu trezentos homens para ir à guerra, sob a liderança de Gideão, a fim de livrar a Israel da mão de seus inimigos. Todavia, a escolha não foi aleatória, mas Ele usou um critério. Hoje os inimigos não são os midianitas, nem os amalequitas, nem os filhos do oriente, mas principados e potestades, demônios, espíritos imundos. Deus está hoje novamente escolhendo os seus trezentos, e o critério é o mesmo.

          No exército de Gideão havia trinta e dois mil homens, mas depois que ele mandou que voltassem os medrosos e tímidos, restaram dez mil. Os vinte e dois mil que voltaram eram medrosos e tímidos, mas eram sinceros. Os dez mil que restaram ou eram corajosos ou mentirosos. Mas o critério final que Deus adotou foi outro. Somente trezentos tomaram água levando a mão à boca, e o restante se inclinou, colocando a boca diretamente na água. Os que levaram a mão à boca permaneciam vigiando o cenário, enquanto que os demais beberam descuidadamente. O perigo dessa atitude está registrado logo em seguida. Já havia morrido do exército inimigo “cento e vinte mil homens” (8:10) “E subiu Gideão pelo caminho dos que habitavam em tendas, para o oriente de Nobá e Jogbeá; e feriu aquele exército, porquanto o EXÉRCITO ESTAVA DESCUIDADO.” (8:11).

          Vigilância foi o critério adotado por Deus para constituir o seu exército. O Novo Testamento ensina o mesmo critério, para formar o exército da guerra espiritual. Em Lc.21:36 Jesus diz: “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas essas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do Homem.”

          Em I Pd. 4:7 “E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração.” E em I Pd. 5:8, 9 “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.” Vigiar no sentido espiritual é orar; no sentido físico é estar atento. Quem está orando, está vigiando; quem não está orando, não está vigiando, por mais atento que esteja. O contrário de estar vigiando é também está dormindo. Quem não está orando, está dormindo, no sentido espiritual. É por isso que está escrito em Rm.13:11 “E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.” E ainda em Ef. 5:14 “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.

Como no tempo de Gideão, Deus está levantando a sua tropa de elite, e qualquer um pode participar dela, desde que esteja disposto a orar. É esse o critério exigido. Aliste-se.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O NOME DE DEUS

Falou mais Deus a Moisés e disse: Eu sou Iavé (YHWH, YAHVEH). E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso (El-Shadai); mas pelo meu nome, Iavé, não lhes fui perfeitamente conhecido.” (Ex.6:2,3).

A palavra Deus é um título, como Rei, Juiz, Senhor, etc. A primeira menção dessa palavra na Bíblia, denota que existe um só Deus, a autoridade máxima, como o N.T. ensina, através de Paulo. “Porque há um só Deus.” (I Tm.2:5). E “No princípio criou Deus os céus e a terra.” A Bíblia toma como certo que o Deus que é aqui mencionado é o único que existe, e que todos entenderão isso. No entanto, ao longo dos séculos, outros deuses foram sendo impostos aos homens. “Porque , ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai.” (I Co.8:5,6).

Já desde o Antigo testamento, muitos deuses são mencionados, a ponto de cada nação ter o seu deus. Em I Rs. 11:5-8 alguns nomes são mencionados:
  1. Astarote, deusa dos sidônios.
  2. Milcom, deus dos amonitas.
  3. Quemós, deus dos moabitas.
  4. Moloque, deus dos amonitas. 
Esses deuses das nações tinham nome próprio, como todo ser humano também tem. O Deus verdadeiro tem, no Antigo Testamento, muitos nomes memoriais. El-Shadai é o Deus Todo-Poderoso; El-Elyom é o Deus Altíssimo, mas o nome próprio do Deus verdadeiro não é nenhum desses. O nome próprio de alguém tem mais importância do que pensa a nossa secularizada sociedade ocidental. O nome próprio de alguém não é dado a qualquer um, mas somente a quem tem intimidade. É como número de celular. É algo pessoal. Aqui em Ex. 6:2, e 3, Deus revela o seu nome próprio a Moisés, o que não tinha feito nem mesmo aos patriarcas Abraão, Isaque, e Jacó. É como estivesse dizendo que Moisés era mais importante do que os patriarcas. Repetidamente Deus diz neste texto “Eu Sou Iavé.” A partir daí os judeus sabiam qual era o nome do seu Deus, e podiam invocá-lo. Em hebraico o nome é YHWH, que tem a pronúncia de Yahve h, ou Iavé, segundo os melhores gramáticos e a Nova Versão Internacional, NVI.

O terceiro mandamento do Decálogo diz: “Não tomarás o nome de Iavé teu Deus em vão; porque Iavé não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.” Com medo de quebrar esse mandamento, os judeus substituíram o nome de Deus pelo título Senhor (Adonai, em hebraico), e a LXX (Septuaginta) traduziu o nome por Kyrios, em grego, que é Senhor. O nome de Deus é sagrado, e deve ser usado com respeito, mas é também uma arma. “Iavé te ouça no dia da angústia; o nome do Deus de Jacó te proteja.” Quando Davi enfrentou Golias, está escrito “E o filisteu pelo seus deuses amaldiçoou a Davi.” Porém, Davi responde: “Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti EM NOME DE IAVÉ TSEVAOT, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado.” (I Sm.17:43,45). Davi obteve a vitória no nome do seu Deus. O nome do Deus criador, não é Senhor. Senhor não é nome próprio, é título. Eis aqui uma regra: Se você quiser ter intimidade com alguém, chame-a pelo nome; se quiser manter distância, chame-a pelo título. A não ser que esse título seja Aba, Papai, Paizinho..

No N.T. Jesus também não chama Deus pelo nome, mas chama-o de Pai. Não somente chama Deus de Pai, mas também nos ensina a chama-lo dessa maneira, como na Oração Dominical. “Pai nosso que estás no céu...". (Mt.6:9). “Pai Santo” “Pai Justo”. (João 17:11,25). No N.T. , o nome da Divindade que deve ser invocado é o nome do Filho de Deus. Messias e Cristo são títulos. O nome próprio do Messias é Jesus, ou Yeshua (forma hebraica). Não creio que alguém queira substituir o nome de Jesus por um título, com medo de profaná-lo. Ele disse “Em meu nome expulsarão demônios.” (Mc.16:17). Pedro disse “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At.4:12). Quando Pedro curou um coxo, ele disse “E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis.” (At.4:16). Paulo disse “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra.” (Fl.2:10). O Pai exaltou o Filho “Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas aos seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja.” (Ef.1:21,22).

Não podemos ignorar o nome do Deus criador, que é Iavé. Mas também não podemos ignorar o nome do Filho de Deus, cujo nome nos é recomendado neste tempo. O nome que hoje serve de escudo e proteção, que é arma de guerra, e que Satanás teme é o nome JESUS, OU YESHUA. É por isso que Paulo disse ao demônio de Filipos “Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu.” (At.16:18). Jesus também disse “Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida; ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.” É interessante que o nome de Jesus significa “Iavé é Salvação.” É por isso que quando um anjo falou com José em sonho, ele disse: “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mt.1:21).

O SÉTIMO MARIDO


Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.” (João 4:18).

O conceito de marido tem um sentido físico e outro espiritual. Jesus, geralmente, usava
uma linguagem física com o seu sentido espiritual. Com Nicodemos Ele falou do nascimento espiritual, não sendo entendido, porque Nicodemos entendeu no sentido físico. Com esta mulher samaritana, Ele falou da água espiritual, tendo ela entendido no sentido físico. No sentido espiritual, YHWH (Yaveh) é o marido de Israel. No sentido espiritual, Jesus é o noivo da igreja, assim como José era noivo de Maria. “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como a uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.” (II Co.11:2).

Os samaritanos eram mestiços de judeus com gentios. “E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades.” (II Rs. 17:24). São cinco nações ou reinos. Cada nação tinha o seu deus, ou espírito territorial. No caso em questão, são mencionados sete nomes de divindades. Mas no mundo espiritual não existe duas autoridades iguais no mesmo território. Só na tradição humana, como no caso de Israel ter dois sumos-sacerdotes. “Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes.” (Lc.3:2). Ainda que houvesse sete divindades nas cinco nações, somente uma delas seria a divindade tutelar, em cada nação, com a qual os habitantes do território fariam aliança. “E os de Babilônia fizerem Sucote-Benote; e os de Cuta fizeram Nergal; e os de Hamate fizeram Asima; e os aveus fizeram Nibaz e Tartaque; e os sefarvitas queimavam seus filhos no fogo a Adrameleque, e a Anameleque, deuses de Sefarvaim.” (II Rs. 17:30,31). Os cinco maridos que os samaritanos tiveram, eram essas cinco divindades. A mulher samaritana representava seu povo, e a poliandria sucessiva que ela praticava, era uma figura da situação espiritual dos samaritanos. Assim como o conturbado casamento do profeta Oséias, representava o relacionamento de Iavé com Israel.

Mas Jesus disse à mulher samaritana “Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido.” Era o sexto marido, com quem ela vivia agora, ilegalmente. No começo, os samaritanos praticaram uma espécie de sincretismo religioso. Eles serviam a Iavé, mas também serviam a seus deuses. “Assim temiam a Iavé, mas também serviam seus deuses.” (II Rs.17:32). Em tempos posteriores, os samaritanos deixaram a idolatria, se divorciaram de seus deuses, e procuraram adorar somente e Iavé. Mas a Bíblia que os samaritanos usavam, continha somente o Pentateuco. É o chamado Pentateuco Samaritano. Os judeus tinham todo o Antigo Testamento, a revelação completa. Os samaritanos e judeus divergiam teologicamente em algumas coisas. Como, por exemplo, qual o lugar da adoração. Jesus dá ganho de causa para os judeus, dizendo “a salvação vem dos judeus.” O sexto marido dos samaritanos era Iavé. Mas era um relacionamento espúrio, pois não era de acordo com a revelação escrita. É por isso que Jesus disse que a verdadeira adoração é “em espírito e em verdade.” (João 4:23). Em outro texto , Jesus disse “a tua Palavra é a verdade.” (João 17:17). Os judeus viviam legalmente com o sexto marido, pois se baseavam na revelação escrita. Os gentios ainda vivem no período dos cinco maridos, com a sua idolatria e o seu politeísmo prático.

O encontro da mulher samaritana com Jesus, transformou radicalmente sua vida. Aliás, essa mulher foi a única pessoa no N.T. a quem Jesus revelou diretamente que Ele era o Messias. “Eu o sou, eu que falo contigo.”(v.26). Ela vinha freqüentemente ao poço, tirar água, para saciar a sua sede. Ela veio ao meio-dia, no maior calor, para não encontrar com ninguém, pois era, certamente, mau vista pela comunidade. Ao abandonar o cântaro, ela estava demonstrando que a sua sede tinha sido saciada, que a sua escala de valores tinha sido invertida. A sede da sua alma, ela tinha tentado matar em sucessivos relacionamentos conjugais, mas em vão. Agora, no encontro com Jesus, ela tinha sido saciada. Agora estava com sede de fazer discípulos. O seu testemunho trouxe vários homens a Jesus. Parece que ela não tinha muita influência com as mulheres, por motivos óbvios. Ela estava imitando a Jesus, pois enquanto os discípulos estavam pensando em comida, Ele disse “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou , e realizar a sua obra.” (v. 34). Jesus era o sétimo marido que ela estava procurando. Uma vez que o encontrara, seu prazer agora era fazer discípulos para Jesus, como Jesus os fazia para o Pai. Quando você tiver um encontro pessoal com Jesus, seu prazer será trazer pessoas a Ele, como aconteceu com a mulher samaritana. Ele será o seu sétimo marido, o Deus da sua aliança.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O SÉTIMO IRMÃO

“Pois tenho cinco irmãos.” (Lc.16:28).


          O homem rico achava que tinha cinco irmãos, na casa de seu pai. Se fosse verdade, totalizaria seis irmãos, ao todo. Todavia, como o número sete é um número representativo da totalidade, eu acredito que havia, na verdade, sete irmãos. Eis alguns exemplos:

  • Ex.2:16 Sete filhas do sacerdote de Midiã.        
  • Rt. 4:15 Sete filhos.
  • I Sm. 2:5 Sete filhos.
  • I Sm.16:10 Sete filhos de Jessé.
  • Mt.22:25 Sete irmãos.
  • At.19:14 Sete filhos de Ceva.
  • Jó 1:2 Sete filhos de Jó.
            O título desta mensagem poderia ser, também, O Irmão Desconhecido. Todos nós temos um irmão desconhecido. O rico, na verdade, tinha mais seis irmãos. Só que ele não sabia. Deus providenciará um irmão desconhecido para cada um de nós. Lázaro era o sétimo irmão.

          O Evangelho de Lucas enfatiza muito a importância da filiação de Abraão. “E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, ESTA FILHA DE ABRAÃO, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?” (Lc.13:16). Satanás mantinha Lázaro preso na pobreza e na doença, como fez com Jó. E ainda “Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este É FILHO DE ABRAÃO.” (Lc. 19:9). Satanás mantinha Zaqueu preso por meio da avareza, que é amor ao dinheiro, cobiça por dinheiro, como fez com Balaão, Geazi, e Judas. (I Tm.6:10). Jesus reconheceu seu sétimo irmão na pessoa da mulher encurvada, e em Zaqueu.

           Tanto Lázaro quanto o homem rico, eram judeus, filhos de Abraão. Senão, vejamos. Quando Lázaro morreu, foi para “o seio de Abraão”, que parece significar um lugar de honra, no paraíso. Quando o rico morreu, foi para o Hade (inferno), de onde gritou “Pai, Abraão”. Em resposta, Abraão falou “Filho”. Os dois eram irmãos, filhos de Abraão, porém, o rico fechou o seu coração para o seu irmão, só porque não foi criado na casa de seu pai. “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?” E, ainda em Mateus 25:41 e 42 Jesus diz “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me deste de comer; tive sede, e não me deste de beber.” E no verso 45 “Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos (irmãos –v. 40) o não fizestes, não o fizeste a mim.”

          A Bíblia diz que a quem muito é dado, muito será cobrado. A riqueza é uma dádiva de Deus, e nos é dada com várias finalidades. O Evangelho de Lucas recebe vários títulos, que eu, pessoalmente lhe daria. Poderia ser o Evangelho da Oração, pois é o Evangelho que mais fala de oração. Mas poderia ser também o Evangelho dos Homens Ricos. Somente o Evangelho de Lucas menciona cinco homens ricos. Na vida de cada um desses homens está revelada uma das finalidades da riqueza. No Antigo Testamento Deus ensina como adquirir riquezas, e no Novo, Ele ensina como usa-la. Muitos judeus enriqueceram, mas distorceram a finalidade das riquezas. Na história desse homem rico e Lázaro, é ensinado que uma das finalidades da riqueza, é ajudar os pobres. Em Provérbios 21:13 está escrito que “O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não será ouvido.” O rico tapou o seu ouvido muitas vezes, para não ouvir o clamor de Lázaro. Em conseqüência, no Hade, é dito que “E, clamando, disse...”(Lc.16:24). Ele dirige três pedidos a Abraão, e os três são indeferidos, da mesma maneira que ele indeferiu os pedidos de Lázaro. Deus vai colocar no seu caminho um irmão desconhecido. Não se endureça, mas ajude. Procure identificar nele o seu sétimo irmão.

domingo, 7 de março de 2010

AS DUAS TESTEMUNHAS

“E darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.” (Ap. 11:3).

          Durante muito tempo a igreja tem acreditado que as duas testemunhas serão duas pessoas. Eu mesmo acreditei nisso durante algum tempo, porque assim fui ensinado. Todavia, em algum momento da minha caminhada, fui obrigado a mudar de idéia. Eis alguns dos motivos porque o fiz.

          Em primeiro lugar, a comissão de ser testemunha de Jesus, foi dada aos apóstolos, e aos que estavam com eles, e, por extensão, a toda a igreja. “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At.1:8). E ainda “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.” (At.4:33).

          O período do testemunho é de mil duzentos e sessenta dias, o que equivale a três anos e meio, que tanto pode ser literal, quanto simbólico. Um dos problemas na interpretação do Apocalipse é saber quando algo é simbólico e quando é literal. Três dias e meio é o tempo em que seus corpos ficarão expostos sobre a terra, depois de mortos.

          Existe algo especial em Apocalipse, porque é o último livro do Cânon, e o diabo espalhou duas mentiras a seu respeito. A primeira é que os descrentes não devem lê-lo, por medo dos juízos que ali são descritos. A segunda é que os crentes não devem ler o Apocalipse, porque não poderão entende-lo. Porém, é o livro que mais contém chaves de interpretação, por causa da revelação progressiva. E há uma bem-aventurança para os que lêem este livro. “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nelas estão escritas; porque o tempo está próximo.” (Ap.1:3).

          Uma dessas chaves de interpretação, ajuda a entender quem são as duas testemunhas. Ela está em Ap. 1:20: "... e os sete castiçais que viste são as sete igrejas”. Castiçal é igreja, na simbologia do Apocalipse, e, por assim dizer, em toda a Bíblia. Em Ap.11:4, diz que as duas testemunhas são os dois castiçais que estão diante do Senhor da terra. Se castiçais ou candeeiros são igrejas, como, de fato são, as duas testemunhas são duas igrejas. A outra chave, em Ap.11:4, é que as duas testemunhas são as duas oliveiras que estão diante do Senhor da terra. Em Zc.4:3, está escrito: “E, por cima dele,duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda.” E em 4:11: “Que são as duas oliveiras à direita e à esquerda do castiçal?” E no verso 14: “Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra”. De acordo com João 15:1, Cristo é a videira, de quem a igreja recebe a seiva vital. Aqui, a árvore é oliveira, mas a verdade é a mesma. E em Rm. 11:17: “E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira...” E no verso 24: “Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!”. Neste caso, Paulo diz que a oliveira é Israel, em quem os gentios que se convertem são enxertados. A conclusão se impõe. As duas testemunhas são a igreja gentílica e Israel. Ou seja, existe uma igreja judaica, os Judeus Messiânicos, e uma igreja gentílica. Os Judeus Messiânicos não aceitam ser chamados de igreja, nem aceitam o título Cristo, para o Messias. Esses termos gregos estão eivados de conceitos negativos, quando, no passado, a igreja perseguiu os judeus, acusando-os de terem matado o Messias.

          Em Ap. 11, as características das duas testemunhas são de Moisés e Elias. Moisés recebeu poder para transformar água em sangue e para ferir a terra com toda sorte de praga, “quantas vezes quiserem”. Elias recebeu poder para fechar o céu, para que não chovesse nos dias de sua profecia. Em Mc.9:4 “E apareceu-lhes Elias, com Moisés, e falavam com Jesus.” A expressão “Moisés e os profetas” aparece em Lc.16:29, e em outros lugares, referindo-se a todo o Antigo testamento. Moisés representa os judeus, Elias, a igreja. O arrebatamento de Elias é uma antecipação do arrebatamento da igreja. Moisés representa a Lei, enquanto que Elias representa os Profetas.

          Em Ap.11:7 está escrito: “E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará”. E, em Ap.13:1, uma besta sobe do mar (o abismo é no fundo do mar), e em 13:7: “E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vence-los”. E, ainda, em Dn. 7:21: “Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e prevaleceu contra eles.” Refere-se ao Anti-Cristo, que é a primeira besta de Ap. 13. A segunda besta é o falso profeta.

          A conclusão é que as duas testemunhas de Ap. 11, não são duas pessoas, mas as duas igrejas, que presentemente já estão sobre a terra. Na última vez em que estive em Israel, participei de um culto de judeus Messiânicos, no coração de Jerusalém. Foi muito emocionante cantar e adorar ao Messias, na língua hebraica. Também soube de uma outra comunidade de judeus Messiânicos, em Haifa, no sopé do Monte Carmelo. Por acaso, eles estão sendo perseguidos pelos judeus ortodoxos, como nos primeiros dias da igreja. O Anti-Cristo irá perseguir essas duas igreja, e isso acontecerá antes do arrebatamento. Mas isso já assunto para outro artigo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

O JUMENTO DOMADO

"Ide à aldeia que está defronte de vós; e, logo que ali entrardes, encontrareis preso um jumentinho, sobre o qual ainda não montou homem algum; soltai-o, e trazei-mo." (Mc.11:2).

 A história desse jumentinho é uma parábola da condição humana. A Bíblia, geralmente, apresenta animais como figura de seres humanos. Jesus mesmo é chamado de Cordeiro e de Leão da tribo de Judá. Em I Co. 9, Paulo preleciona: "Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante." (v.9 e 10). Em Gn.16:12, temos a profecia do jumento selvagem, referindo-se a Ismael. "Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos." Ismael é um tipo do homem natural, irregenerado, enquanto que Isaque é tipo do homem espiritual, nascido de novo.(Gl.4:21-31). O jumento selvagem é um animal bra bo, não domesticado, em quem homem algum jamais montou. Assim, é também esse jumentinho da história.

 Em Marcos 11:1,2 , o imperativo "Ide", que Jesus dá a dois de seus discípulos, refere-se à Grande Comissão. É a igreja indo, por ordem de Jesus, à procura dos perdidos, como está em Mc. 16:15 "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho à toda criatura. Quem crê e for batizado será salvo; mas quem não crê será condenado."Essa é a missão da igreja. O "jumentinho preso" refere-se ao ser humano, que também está preso. A natureza do jumento selvagem é violenta, insubmissa e desobediente. Por isso ele está preso, por causa de suas paixões carnais. Em João 8:32 e 36, Jesus diz "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará ...Se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente sereis

Livres." Aqui é o pecado quem prende o homem. O jumentinho precisa ser livre, e só Jesus pode liberta-lo, e Ele o fará, por meio de seus discípulos, que somos nós. E em II Tm.2:26 é o diabo quem prende o homem, que será solto por meio da instrução da Palavra de Deus.

 Jesus disse aos seus discípulos "soltai-o e trazei-o a mim" (Mc.11:2). A sua missão, como discípulo de Jesus é soltar os homens e mulheres, e trazê-los a Jesus. É claro que isso Não será feito sem oposição, pois alguns lhes disseram "Que fazeis, soltando o jumentinho?" Esses não viam com bons olhos, que o jumentinho fosse solto. Preferiam que ele permanecesse preso. Haverá oposição. Mas os discípulos responderam como Jesus lhes tinha mandado. Se você reagir como Jesus mandou, não haverá problema. E como foi que Jesus mandou responder? "dizei-lhe que o Senhor precisa dele." Às vezes dizemos que Deus não precisa do homem, mas este texto diz que precisa sim. Deus precisa do homem! Os discípulos soltaram o jumentinho, levaram-no até Jesus, mas não montaram nele. Nós não podemos domesticar a natureza humana. Só Jesus pode. Depois que os discípulos lançaram as suas vestes sobre o jumentinho, Jesus montou nele . Lembre que este jumentinho jamais tinha sido montado por alguém. Jesus foi a primeira pessoa que montou nele. Não diz que o jumentinho estribuchou, escoiceou, ou tentou lançar Jesus no chão. Jesus sabe como domar jumento selvagem. Se Jesus participasse de uma festa de Rodeio, certamente ganharia todos os troféus.

 Jesus entrou em Jerusalém montado no jumentinho. Ele foi ovacionado, recebido como o Rei Messias. O jumentinho pensava que tudo aquilo era para ele. Aliás, há uma fabula que diz que um jumentinho foi a Jerusalém, tendo sido recebido com festa e todo tipo de honraria. Ele gostou tanto que no dia seguinte,foi novamente à cidade santa, mas ninguém lhe deu atenção. Ele voltou para a sua casa e disse a sua mãe: mamãe, ontem eu fui à Jerusalém e fui recebido com honra, mas hoje, fui novamente, e ninguém me deu atenção. Ela respondeu: Meu filho, é que ontem Jesus estava montado em você. Tem muita gente por aí, que pensa que a honra que está recebendo, é para si. É melhor olhar para cima, porque Jesus está logo aí. Experimente andar sem Ele montado em você, e verá "Icabô". A glória se foi.

terça-feira, 2 de março de 2010

FOGO NA CONSTRUÇÃO

"A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um."
( I Co. 3:13).

Dentre as muitas figuras que representam a igreja, uma delas é a da construção. Deus está construindo uma casa para si. Nessa construção "somos (Paulo e Apolo) cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus."(I Co.3:9). Cooperadores de Deus são todos os que ajudam a Deus na construção de sua casa. No Antigo Testamento, a casa de Deus, era o templo de Jerusalém. Salomão edificou a casa de Deus, mas foi ajudado por muita gente. Em I Rs. 6:38 somos informados de que Salomão levou sete anos para edificar a casa do Senhor. No Novo testamento somos informados de que o fundamento da casa de Deus é Jesus Cristo.(I Co.3:11). Paulo, usando uma outra figura da construção, diz que Jesus Cristo é a pedra angular e os apóstolos e profetas são o fundamento. (Ef.2:20-22).


No Antigo Testamento vários tipos de material foram usados na construção da casa de Deus. No Novo testamento, o material é descrito como ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha. (I Co.3:12). É claro que ele está se referindo ao equivalente espiritual desse tipo de material. No Antigo testamento, os caldeus e liderados por Nabucodonosor, tocaram fogo na casa do Senhor. "E queimou a casa do Senhor e a casa do rei, como também todas as casas de Jerusalém, e todas as casas dos grandes queimou."(II Rs.25:9). Há outra informação em Nm. 1:3 "e o muro de Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo." Quando os caldeus atearam fogo na casa do Senhor, o que era feito de madeira, queimou. Mas o que era feito de ouro, prata, e pedras preciosas, ficou intacto. Em Jó 1:17, somos informados de que os caldeus, foram um dos povos que Satanás usou para matar os empregados de Jó, e roubar os seus camelos. É claro que Satanás será liberado por Deus, para tocar fogo na construção do Novo Testamento, na casa de Deus. Não consta, pelo que me lembro, que feno e palha foram usados na construção do templo de Jerusalém. Como é que alguém construiria algo com feno e palha? Se alguém o fizesse, estaria convidando algum vândalo a tocar fogo, pois feno e palha são matérias altamente combustíveis, e rapidamente seria reduzida a cinzas. Satanás é um piromaníaco, e está doido para riscar um fósforo.

Paulo diz que a obra que fazemos sobre o fundamento, que é Cristo, será provada com fogo. Ele diz que "o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um." O dia que ele menciona, "o dia da angústia", como está escrito " O Senhor te ouça no dia da angústia, o nome do Deus de Jacó te proteja."(Sl.20:1). A obra de que Paulo fala, são as pessoas que você vai agregando ao reino de Deus. Se você é líder de igreja, célula, congregação, ou cuida de alguém, você está fazendo a obra. Se você é pastor de uma mega-igreja, ou de uma pequena congregação, você está fazendo a obra. Mas a pergunta que você deve fazer é esta: Quando o fogo cair sobre a minha mega-igreja, igreja ou célula, o que vai restar? Quando entendi isto, pensei em dar maior consistência à minha construção. O fogo vai cair. "Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará a lgum de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida." (Ap.2:10). O fogo que Paulo menciona em I Co.3, é o fogo da tribulação, perseguição, movida pelo diabo. Aquele cuja obra for queimada, será salvo, todavia, como pelo fogo. "Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo." (I Co.3:15). Será a salvação por meio do martírio? É melhor selecionar o material da construção, ouro, prata, e pedras preciosas; e lançar fora o material combustível, madeira feno, e palha.