segunda-feira, 15 de março de 2010

O SÉTIMO MARIDO


Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.” (João 4:18).

O conceito de marido tem um sentido físico e outro espiritual. Jesus, geralmente, usava
uma linguagem física com o seu sentido espiritual. Com Nicodemos Ele falou do nascimento espiritual, não sendo entendido, porque Nicodemos entendeu no sentido físico. Com esta mulher samaritana, Ele falou da água espiritual, tendo ela entendido no sentido físico. No sentido espiritual, YHWH (Yaveh) é o marido de Israel. No sentido espiritual, Jesus é o noivo da igreja, assim como José era noivo de Maria. “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como a uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.” (II Co.11:2).

Os samaritanos eram mestiços de judeus com gentios. “E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades.” (II Rs. 17:24). São cinco nações ou reinos. Cada nação tinha o seu deus, ou espírito territorial. No caso em questão, são mencionados sete nomes de divindades. Mas no mundo espiritual não existe duas autoridades iguais no mesmo território. Só na tradição humana, como no caso de Israel ter dois sumos-sacerdotes. “Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes.” (Lc.3:2). Ainda que houvesse sete divindades nas cinco nações, somente uma delas seria a divindade tutelar, em cada nação, com a qual os habitantes do território fariam aliança. “E os de Babilônia fizerem Sucote-Benote; e os de Cuta fizeram Nergal; e os de Hamate fizeram Asima; e os aveus fizeram Nibaz e Tartaque; e os sefarvitas queimavam seus filhos no fogo a Adrameleque, e a Anameleque, deuses de Sefarvaim.” (II Rs. 17:30,31). Os cinco maridos que os samaritanos tiveram, eram essas cinco divindades. A mulher samaritana representava seu povo, e a poliandria sucessiva que ela praticava, era uma figura da situação espiritual dos samaritanos. Assim como o conturbado casamento do profeta Oséias, representava o relacionamento de Iavé com Israel.

Mas Jesus disse à mulher samaritana “Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido.” Era o sexto marido, com quem ela vivia agora, ilegalmente. No começo, os samaritanos praticaram uma espécie de sincretismo religioso. Eles serviam a Iavé, mas também serviam a seus deuses. “Assim temiam a Iavé, mas também serviam seus deuses.” (II Rs.17:32). Em tempos posteriores, os samaritanos deixaram a idolatria, se divorciaram de seus deuses, e procuraram adorar somente e Iavé. Mas a Bíblia que os samaritanos usavam, continha somente o Pentateuco. É o chamado Pentateuco Samaritano. Os judeus tinham todo o Antigo Testamento, a revelação completa. Os samaritanos e judeus divergiam teologicamente em algumas coisas. Como, por exemplo, qual o lugar da adoração. Jesus dá ganho de causa para os judeus, dizendo “a salvação vem dos judeus.” O sexto marido dos samaritanos era Iavé. Mas era um relacionamento espúrio, pois não era de acordo com a revelação escrita. É por isso que Jesus disse que a verdadeira adoração é “em espírito e em verdade.” (João 4:23). Em outro texto , Jesus disse “a tua Palavra é a verdade.” (João 17:17). Os judeus viviam legalmente com o sexto marido, pois se baseavam na revelação escrita. Os gentios ainda vivem no período dos cinco maridos, com a sua idolatria e o seu politeísmo prático.

O encontro da mulher samaritana com Jesus, transformou radicalmente sua vida. Aliás, essa mulher foi a única pessoa no N.T. a quem Jesus revelou diretamente que Ele era o Messias. “Eu o sou, eu que falo contigo.”(v.26). Ela vinha freqüentemente ao poço, tirar água, para saciar a sua sede. Ela veio ao meio-dia, no maior calor, para não encontrar com ninguém, pois era, certamente, mau vista pela comunidade. Ao abandonar o cântaro, ela estava demonstrando que a sua sede tinha sido saciada, que a sua escala de valores tinha sido invertida. A sede da sua alma, ela tinha tentado matar em sucessivos relacionamentos conjugais, mas em vão. Agora, no encontro com Jesus, ela tinha sido saciada. Agora estava com sede de fazer discípulos. O seu testemunho trouxe vários homens a Jesus. Parece que ela não tinha muita influência com as mulheres, por motivos óbvios. Ela estava imitando a Jesus, pois enquanto os discípulos estavam pensando em comida, Ele disse “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou , e realizar a sua obra.” (v. 34). Jesus era o sétimo marido que ela estava procurando. Uma vez que o encontrara, seu prazer agora era fazer discípulos para Jesus, como Jesus os fazia para o Pai. Quando você tiver um encontro pessoal com Jesus, seu prazer será trazer pessoas a Ele, como aconteceu com a mulher samaritana. Ele será o seu sétimo marido, o Deus da sua aliança.

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