sábado, 22 de maio de 2010

O ESPINHO NA CARNE

“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.” (II Co.12:7).

 
Literalmente, um espinho na carne é o que Gideão fez com os homens de Sucote. “Então disse Gideão: Pois quando o Senhor der na minha mão a Zeba e a Salmuna, trilharei a vossa carne com os espinho do deserto, e com os abrolhos...E tomou os anciãos daquela cidade, e os espinhos do deserto, e os abrolhos; e com eles ensinou aos homens de Sucote.” (Jz.8:7,16).

No sentido figurado, são os inimigos do povo de Deus, que, no Antigo Testamento são, dentre outros, os cananeus. “Assim também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão como espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço.” (Jz. 2:3). Ora, no Novo Testamento, os inimigos do povo de Deus não são os cananeus, nem os amalequitas, nem os filisteus, nem os amonitas, nem os moabitas, nem os edomitas, mas são seres espirituais. “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades , contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Ef.6:12). Os inimigos, que eram físicos no Antigo Testamento, no Novo, são espirituais. A conclusão se impõe. O espinho na carne de Paulo, não era uma doença, como costumeiramente têm sustentado alguns comentaristas. Chegaram até a dizer que era uma doença tropical, causada pelas viagens missionárias. Ou que era uma doença nos olhos, citando textos como “com que grandes letras vos escrevo” ou “se fosse possível vós teríeis arrancado os vossos próprios olhos e mos teríeis dado” ou a dificuldade de Paulo reconhecer o sumo sacerdote “Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote” (At.23:5). Como disse, a conclusão se impõe. O espinho na carne de Paulo, era um demônio.

O próprio texto de II Co.12:7 diz literalmente “um anjo de Satanás para me esbofetear”. Em Ap. 12:7 diz “e batalhavam o dragão e os seus anjos." O dragão é Satanás. Um de seus anjos foi designado para colar em Paulo. Não Por Satanás, mas por Jesus. Paulo tinha um “encosto”. Era esse “anjo de Satanás” que tinha a incumbência de afligir Paulo. Todo sofrimento que sobreveio a Paulo era providenciado por esse demônio. “São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes; recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigo de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos...” (II Co. 11:23-26). É pouco ou quer mais?

Demais disto, há um antepassado de Paulo (benjamita), que teve um problema semelhante. “E o Espírito do Senhor se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau da parte do Senhor.” (I Sm.16:14). Seria coincidência que o nome é Saul, no hebraico; Saulo, em grego; e Paulo, em latim? É claro que o Espírito Santo “se apoderou de Saul”, assim como “se apoderou de Davi”. (I Sm.11:6; 16:13). Seria por isso que Davi tinha medo de perder o Espírito Santo? “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.” (Sl.51:11). A diferença é que o espírito mau da parte da Senhor, entrou em Saul, mas o anjo de Satanás não entrou em Paulo. Ser possuído por um espírito mau, é uma coisa, ser afligido por ele, é outra. Aliás, o conceito de tribulação, perseguição, aflição, é exatamente isso, um ou mais de um, espíritos maus, usando pessoas ou circunstâncias, para afligir o servo de Deus.

Jó é um bom exemplo disso. Satanás afligiu Jó, mas nunca entrou nele. Teria Paulo uma maldição hereditária? Se você se escandalizou, pergunte por que Benjamin, o décimo segundo filho de Jacó, nasceu de um aborto, fora de tempo, muito tempo depois do nascimento dos outros onze. E Paulo, da tribo de Benjamin, testifica de si mesmo, dizendo “Depois foi visto por Tiago, DEPOIS POR TODOS OS APÓSTOLOS. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. Porque eu sou o menor dos apóstolos...” (I Co. 15:7-9a). É interessante que Benjamin era o menor dos filhos de Jacó, e Paulo confessa que era o menor dos apóstolos. O certo é que por três vezes, Paulo pediu a Jesus que tirasse o espinho da sua carne, mas Jesus indeferiu, dizendo “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (II Co.12:9). Saul, começou o seu ministério, humilde, mas depois, se ensoberbeceu, achando que era o dono do reino. Por i sso caiu. É interessante também, que Deus não respondeu às orações de Saul, mas Jesus respondeu às orações de Paulo, embora dizendo não. Princípio: É melhor uma resposta negativa, do que nenhuma resposta. (I Sm.28:6; II Co.12:8,9). Paulo entendeu a negativa de Jesus. “E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações... a fim de não me exaltar.” (II Co. 12:7). Depois que entendeu a finalidade do espinho na carne, Paulo passou a ter prazer nos sofrimentos. “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo.” (II Co.12:10). Ele diz o motivo de seu prazer. “para que em mim habite o poder de Cristo...Porque quando estou fraco então sou forte.” (v.9b,10b). O poder de Cristo é o espírito Santo. De nada vale retirar o sofrimento e o espírito Santo sair junto, como aconteceu com Saul. Talvez cada um de nós tenha um espinho na carne. Identifi que o seu, e tenha prazer nele. Deus prefere um filho sofrendo, do que um filho orgulhoso, porque o orgulhoso, Satanás derrota, mas o sofredor, com o Espírito Santo junto, satanás não pode derrotar, porque “maior é aquele que está em vós, do que aquele que está no mundo”.

Tenho uma ressalva a fazer. Em todas as aflições de Paulo, não consta doença. Não aceite doença como espinho na carne. Jesus sofreu muito, mas nunca ficou doente. Jesus disse “No mundo tereis aflições”, mas não disse “no mundo tereis doenças”. São coisas diferentes. Tiago diz “Está alguém entre vós aflito? Ore....Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja...” (Tg.5:13,14). São procedimentos diferentes, para situações diferentes.

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