“E darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.” (Ap. 11:3).
Durante muito tempo a igreja tem acreditado que as duas testemunhas serão duas pessoas. Eu mesmo acreditei nisso durante algum tempo, porque assim fui ensinado. Todavia, em algum momento da minha caminhada, fui obrigado a mudar de idéia. Eis alguns dos motivos porque o fiz.
Em primeiro lugar, a comissão de ser testemunha de Jesus, foi dada aos apóstolos, e aos que estavam com eles, e, por extensão, a toda a igreja. “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At.1:8). E ainda “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.” (At.4:33).
O período do testemunho é de mil duzentos e sessenta dias, o que equivale a três anos e meio, que tanto pode ser literal, quanto simbólico. Um dos problemas na interpretação do Apocalipse é saber quando algo é simbólico e quando é literal. Três dias e meio é o tempo em que seus corpos ficarão expostos sobre a terra, depois de mortos.
Existe algo especial em Apocalipse, porque é o último livro do Cânon, e o diabo espalhou duas mentiras a seu respeito. A primeira é que os descrentes não devem lê-lo, por medo dos juízos que ali são descritos. A segunda é que os crentes não devem ler o Apocalipse, porque não poderão entende-lo. Porém, é o livro que mais contém chaves de interpretação, por causa da revelação progressiva. E há uma bem-aventurança para os que lêem este livro. “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nelas estão escritas; porque o tempo está próximo.” (Ap.1:3).
Uma dessas chaves de interpretação, ajuda a entender quem são as duas testemunhas. Ela está em Ap. 1:20: "... e os sete castiçais que viste são as sete igrejas”. Castiçal é igreja, na simbologia do Apocalipse, e, por assim dizer, em toda a Bíblia. Em Ap.11:4, diz que as duas testemunhas são os dois castiçais que estão diante do Senhor da terra. Se castiçais ou candeeiros são igrejas, como, de fato são, as duas testemunhas são duas igrejas. A outra chave, em Ap.11:4, é que as duas testemunhas são as duas oliveiras que estão diante do Senhor da terra. Em Zc.4:3, está escrito: “E, por cima dele,duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda.” E em 4:11: “Que são as duas oliveiras à direita e à esquerda do castiçal?” E no verso 14: “Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra”. De acordo com João 15:1, Cristo é a videira, de quem a igreja recebe a seiva vital. Aqui, a árvore é oliveira, mas a verdade é a mesma. E em Rm. 11:17: “E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira...” E no verso 24: “Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!”. Neste caso, Paulo diz que a oliveira é Israel, em quem os gentios que se convertem são enxertados. A conclusão se impõe. As duas testemunhas são a igreja gentílica e Israel. Ou seja, existe uma igreja judaica, os Judeus Messiânicos, e uma igreja gentílica. Os Judeus Messiânicos não aceitam ser chamados de igreja, nem aceitam o título Cristo, para o Messias. Esses termos gregos estão eivados de conceitos negativos, quando, no passado, a igreja perseguiu os judeus, acusando-os de terem matado o Messias.
Em Ap. 11, as características das duas testemunhas são de Moisés e Elias. Moisés recebeu poder para transformar água em sangue e para ferir a terra com toda sorte de praga, “quantas vezes quiserem”. Elias recebeu poder para fechar o céu, para que não chovesse nos dias de sua profecia. Em Mc.9:4 “E apareceu-lhes Elias, com Moisés, e falavam com Jesus.” A expressão “Moisés e os profetas” aparece em Lc.16:29, e em outros lugares, referindo-se a todo o Antigo testamento. Moisés representa os judeus, Elias, a igreja. O arrebatamento de Elias é uma antecipação do arrebatamento da igreja. Moisés representa a Lei, enquanto que Elias representa os Profetas.
Em Ap.11:7 está escrito: “E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará”. E, em Ap.13:1, uma besta sobe do mar (o abismo é no fundo do mar), e em 13:7: “E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vence-los”. E, ainda, em Dn. 7:21: “Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e prevaleceu contra eles.” Refere-se ao Anti-Cristo, que é a primeira besta de Ap. 13. A segunda besta é o falso profeta.
A conclusão é que as duas testemunhas de Ap. 11, não são duas pessoas, mas as duas igrejas, que presentemente já estão sobre a terra. Na última vez em que estive em Israel, participei de um culto de judeus Messiânicos, no coração de Jerusalém. Foi muito emocionante cantar e adorar ao Messias, na língua hebraica. Também soube de uma outra comunidade de judeus Messiânicos, em Haifa, no sopé do Monte Carmelo. Por acaso, eles estão sendo perseguidos pelos judeus ortodoxos, como nos primeiros dias da igreja. O Anti-Cristo irá perseguir essas duas igreja, e isso acontecerá antes do arrebatamento. Mas isso já assunto para outro artigo.
Um comentário:
Shalom,
Muito interessante esta visão a respeito das duas testemunhas, eu não tinha pensado sobre isso, mas analizando o contexto vejo muito fundamento no seu texto.
Parabéns!
No Messias
Giliardi Rodrigues
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