No cap. 1º de Gênesis, na descrição da criação, por cinco vezes seguidas, está registrada a seguinte expressão: “E VIU DEUS QUE ERA BOM.” E no verso 31 está registrado “E VIU DEUS TUDO QUANTO TINHA FEITO, E EIS QUE ERA MUITO BOM.” Todavia, em 2:18 está escrito: “NÃO É BOM QUE O HOMEM ESTEJA SÓ.” E Deus criou a mulher, e foi formado o 1º casal. O resto é história. Porém, devemos lembrar que tudo isto aconteceu antes do pecado. O pecado é um divisor de águas. Poderíamos até adotar uma cronologia que seria assim descrita: 20 a.p. ou 20 d.p.(antes do pecado e depois do pecado).
No Novo Testamento, porém, a visão é outra. Em I Co. 7 Paulo doutrina “BOM seria que o homem não tocasse em mulher” e no verso 8 “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é BOM se ficarem como eu” (solteiro) e no verso 26 “Tenho, pois, por BOM, por causa da instante necessidade, que é BOM para o homem o estar assim” (solteiro) . Não é por acaso que o adjetivo “bom” aparece quatro vezes aí. É para lembrar de “Não é bom que o homem esteja só”, de Gn.2:18. O que era bom antes do pecado, depois deste, já não é bom. É claro que Paulo reconhece que é difícil ficar solteiro, e chega a dizer que é melhor casar do que se prostituir ou viver abrasado. Mas no verso 28, ele dá uma palavra de advertência. “Todavia os tais (os casados) terão tribulação na carne, e eu quereria poupar-vos.” Ele não diz que poderão ter tribulação na carne, mas que certamente terão. E no verso 5, ele dá o motivo . “Para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” O ataque de Satanás virá com certeza. “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar.” (I Pd.5:8). Quem é solteiro, tem apenas uma porta de acesso à sua pessoa, que ele pode fechar. Quem é casado, tem duas portas de acesso, e uma delas está no controle de seu cônjuge, por causa da aliança.
Quando Deus enviou o primeiro missionário, Abraão, lhe deu como companheiro, uma mulher , sua esposa, Sara, porque a missão era gerar uma nação, pelo método biológico. “Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.” (Gn. 15:5). Quando o Espírito Santo enviou os primeiros missionários para as nações, não lhes deu uma esposa como companheira, mas um homem. Paulo e Barnabé não precisavam de uma esposa para cumprir a missão, fazer discípulos de todas as nações, pois o método seria espiritual, não físico. (At.13:1-4). A ordem para Adão e Eva era encher a terra de seres humanos, por meio do casamento. A ordem para a igreja é encher a terra de discípulos, por meio do evangelismo e discipulado.
A evolução aconteceu considerando bom o homem ser casado, depois bom que homem seja solteiro, e depois bom que a mulher seja viúva. Em I Co. 7:8, Paulo diz que é bom que as viúvas não se casem de novo. Considerando que o conselho tanto serve para mulher quanto para homem, pode ter sido motivado pelo fato de que para o homem é mais difícil ficar solteiro, do que para a mulher, e que morria mais homens na guerra do que mulheres. A tendência seria de haver mais viúvas do que viúvos. O certo é que Paulo parece estar dizendo que, já que a pessoa não conseguiu ficar solteira, e casou, e constatou a veracidade da tribulação, não case de novo, para não sofrer mais. Podemos até parafrasear João 5:14 “não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior” por “não cases mais, para que não te suceda alguma coisa pior”. Se você está pensando que esta é uma visão pessimista sobre o casamento, você está certo. Mas é a visão do Novo Testamento. Este é o motivo porque nem Jesus, nem João Batista, nem Paulo eram casados. Reconheço que Pedro era. Este também é o motivo porque a igreja católica adota o celibato dos padres. O celibato voluntário é ensinado no N.T. O que é errado, por ser anti-bíblico, é o celibato obrigatório. “Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” (Mt.19:12). Eunuco é o homem castrado, que tomava conta do harém. O celibato é um dom. Quando Jesus diz que “há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe”, está reconhecendo que o celibato é um dom que não é dado a todos. Paulo também reconhece isto, quando escreve “Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom.” Obrigar uma pessoa que não tem dom de celibato, a ficar solteira, é o mesmo que querer que uma pessoa que não tem o dom de ensino, ensine. É violentar a sua natureza. Por isso a maré de pedofilia, no clero católico. Aliás pedofilia e homossexualismo, pois quando se fala somente pedofilia, pensa-se que o sexo pode ser com meninas, o que não é o caso.
Casado, solteiro, viúva, e avançamos para o que Paulo escreveu em I Co. 7:10,11 “Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” Este contexto é grego, na igreja gentílica, e Paulo está orientando. Era comum que um dos cônjuge se convertesse, e desejasse se separar do cônjuge incrédulo. Paulo diz, em primeiro lugar, tanto para a mulher, quanto para o homem, que não se separe. Como a Bíblia é a Palavra de Deus, e não a falível tradição humana, ela não se ilude. Sabe que vai ter separação. E aí dá a próxima orientação. Se a pessoa chegar a se separar, tem duas opções. Ou ficar sem casar, ou se reconciliar com o cônjuge. Pelo menos uma conclusão se impõe. Se separar não é pecado, dependendo do motivo da separação. Deus é justo, e não é a favor de qualquer injustiça, venha de quem vier. Porém, a tradição religiosa tem preconceito contra quem se separa, seja porque motivo for.
Mas aquilo é o contexto grego. Vejamos agora o contexto hebraico. Por que na interpretação da Escritura, na hermenêutica sagrada, existe a lei do contexto. Como diziam os antigos reformadores, ninguém pode formar uma doutrina, baseado num texto fora do seu contexto. O contexto hebraico é Mt. 5:32 e 19:9. Mateus escreveu para os judeus, que foram os destinatários deste Evangelho. É provável que tenha sido escrito originalmente em hebraico. Nestes textos Jesus diz que o casamento é indissolúvel, a não ser em um caso, a chamada “cláusula de exceção.” É possível que o pano de fundo deste texto seja Dt.24. Jesus diz que o casamento é indissolúvel, a não ser em caso de pornéia. Adultério em grego é moikéia, e Jesus não usou esta palavra, mas pornéia. Esta palavra tem sido traduzida por fornicação, prostituição, relações sexuais ilícitas. Até mesmo adultério, pornéia pode significar. Em geral pornéia, pode significar qualquer pecado de natureza sexual. Quando o divórcio foi adotado na legislação brasileira, houve uma inquietação muito grande na igreja brasileira. De maneira geral as igrejas adotaram três posições:
a. Não aceitar o divórcio em hipótese alguma;
b. Aceitar todo tipo de divórcio que a lei brasileira adotasse; e,
c. Adotar somente o divórcio que a Bíblia respaldasse.
Acontece que a cláusula de exceção cabe várias interpretações. Alguns acham que pornéia, em Mt.5 e 19 significa o que está em Dt. 22, onde na noite de núpcias, o marido descobre que a mulher não era mais virgem, e ela seria morta por apedrejamento. Neste caso Jesus estaria abrandando a aplicação da lei, substituindo a pena de morte por divórcio. Outros acham que pornéia significa qualquer pecado sexual, como incesto, bestialidade, homossexualismo, e até adultério. Neste caso a pessoa pode se divorciar. Outros acham que pornéia, neste caso, significa somente adultério, e que, portanto, só o adultério dá o direito de se divorciar. Qualquer dessas interpretações pode ser verdadeira, como pode também não ser. O princípio jurídico do IN DUBIO PRO REU pode ser aplicado aqui. Em Mt.23:4 Jesus acusa os escribas e fariseus de atarem “fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem move-los.” Ele está se referindo à interpretação da lei, como no caso da mulher adúltera, em João 8:1-11. Adotavam a interpretação severa para os outros, e branda para si. Hoje acontece o mesmo. Quando o problema familiar e de divórcio acontece na família dos outros, o líder religioso tende a adotar uma interpretação severa da escritura. Mas quando acontece consigo ou com um parente chegado, tende a adotar uma interpretação branda. É melhor adotar uma interpretação branda para todos. Está mais de acordo com o preceito “ama o teu próximo como a ti mesmo.”
Quero dizer mais duas coisas. 1. No caso de ser reconhecido o direito de se divorciar, já está implícito o direito de casar de novo, se quiser. Esta tese é defendida brilhantemente pelo Dr. Martyn Lloyd –Jones, no seu volumoso livro Estudos no Sermão do Monte , e pelo Rev. Guy Duty, no seu bem pesquisado livro Divórcio e Novo casamento. 2. Ninguém pode colocar Paulo contra Jesus, nem Jesus contra Paulo, pois o que o Apóstolo escreveu são as palavras de Jesus “depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera.” (At.1:2). Da mesma maneira que João escreveu as palavras de Jesus, às sete igrejas da Ásia, e termina dizendo “Quem tem ouvidos ouça o Espírito diz às igreja.” O que I Co. 7 diz, não são as opiniões de Paulo, mas os mandamentos de Jesus, para a igreja, dados pelo Espírito Santo, ao apóstolo Paulo.
Um comentário:
SE JESUS USOU A PALAVRA PORNÉIA QUE PODE SER QUALQUER PECADO SEXUAL, MATEUS FOI ESCRITO PARA OS JUDEUS, OS MESMOS SABERIAM DISCERNIR, QUE SE REFERIA AO TEXTO DA LEI, DE LEVITICO 18, ALI ESTÁ EXPLICITO QUE SITUAÇÕES JESUS LIBERA PARA A SEPARAÇÃO E CONSEQUENTEMENTE NOVO CASAMENTO. SÓ PARA QUEM SE ENCONTRA EM SITUAÇÃO DE VIVER MARITALMENTE COM ALGUEM DA SUA FAMILIA, OU COM A MULHER DO PROXIMO=ADULTÉRIO, SE ALGUEM ESTÁ VIVENDO DESSA FORMA, ENTÃO, QUE DEIXE ESTA FORMA DE VIDA PECAMINOSA, E CONSERTE A SUA VIDA DIANTE DE DEUS.
O GRANDE PROBLEMA DA IGREJA HOJE É QUE NÃO SE ENXERGA A VERDADE PARA VIVE-LA E ENSINA-LA COMO JESUS ORDENOU.
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