Quando eu me tornei crente, a mais de trinta anos, a igreja na qual me converti a Deus, tinha somente uma mensagem: a salvação do inferno, ou seja, eu seria salvo do inferno. Então, zelosamente nos empenhávamos para anunciar o Evangelho aos pecadores. Era uma igreja do Evangelho Monangular, isto é, só tinha um ângulo. Depois, conheci a Igreja do Evangelho Quadrangular, que tinha quatro ênfases, a saber: Jesus Salva, Cura, Batiza no Espírito Santo, e Voltará Breve. Esta tinha quatro ângulos. Hoje já sabemos que o Evangelho tem muitos ângulos, pois a graça de Deus é multiforme.(I Pd.4:10). A sabedoria de Deus também é multiforme. (Ef.3:10). Então a Igreja é Multiangular.
Os benefícios derivados do Evangelho são tantos, que é conveniente termos humildade de reconhecer a nossa limitação de conhecimento, e tentar descobrir o maior número possível desses benefícios, para o nosso próprio bem e de nossos irmãos. Vamos enumerar alguns desses benefícios, embora possamos ser contestados, mas não queremos ser dogmáticos.
1. O BENEFÍCIO DA SALVAÇÃO – é a doutrina elementar do Evangelho, e o mínimo que precisa ter alguém para ser chamado Cristão. Hebreus 6:1 e 2 divide essa doutrina em seis outras, que são Arrependimento, Fé, Batismos, Imposição de Mãos, Ressurreição, e Juízo Final. Significa que no final da nossa jornada vai haver ressurreição dos mortos e um julgamento diante do trono de Deus, onde iremos prestar contas de tudo o que fizemos ou deixamos de fazer, e de tudo o que dissemos ou deixamos de dizer. “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” (Mt. 12:36).
2. O BENEFÍCIO DA CURA - esse ângulo eu passei muitos anos sem conhecê-lo. Como jovem seminarista, eu me angustiava ao acompanhar o meu Mentor, um experiente e bem preparado pastor batista, nas suas visitas aos enfermos de sua Congregação. A maneira como a oração era feita, me deixava com a sensação de que algo estava faltando. Mas era o que ele sabia, e o que lhe tinham ensinado. Muito tempo depois eu descobri que Isaías 53:4 e 5 falava de duas coisas: Enfermidade e dores (enfermidades e doenças, segundo Mateus 8:17), no verso 4, e transgressões e iniqüidades, no verso 5. Então caiu a ficha. Jesus morreu na cruz para perdoar os nossos pecados, e também para curar as nossas enfermidades. Porém, para alguém seja salvo é preciso ouvir a respeito desse assunto , crer na mensagem, e tomá-la para a sua vida pessoal. Da mesma forma, para alguém ser curado, precisa que haja o mesmo processo. Mas, como diz Paulo em Romanos 10, “E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue?” Nós anunciávamos bem o Evangelho da salvação, mas nada falávamos do Evangelho da cura. Depois descobri que há uma ordem expressa de Tiago para que os pastores orem por suas ovelhas enfermas. (Tg. 5:13—16). E não é para espiritualizar. O texto está falando de doença física. Aliás, como o homem é constituído de corpo, alma, e espírito, Jesus curava doenças físicas, doenças psíquicas(lunático), e doenças espirituais(endemonhamento). (Mt.4:24). No caso de Tiago, ele menciona três tipos de situações, e dá a solução para cada uma. Quem está contente, cante louvores; quem está aflito, ore; e quem está doente, deve mandar chamar os presbíteros(p astores) da igreja para orar por ele. E a oração dos presbíteros deve está acompanhada de dois ingredientes: a imposição de mãos (“sobre”), e a unção com óleo. Era o que faltava quando eu era jovem seminarista. Agora o quadro estava completo.
3. O BENEFÍCIO DA PROSPERIDADE - já se sabe hoje que os evangélicos tem um sério problema com a questão chamada dinheiro, ou mesmo riqueza. É semelhante ao problema com Maria, a mãe de Jesus. Se por um lado, o Catolicismo Romano a transformou numa deusa, uma divindade que merece adoração (alguns vão dizer que só “veneram”), por outro lado, os Evangélicos parece não saberem o que dizer ou o que fazer dela. É como já dizia Juan Carlos Ortiz, nós Evangélicos vivemos um anti-catolicismo, e não o evangelho. Se o Catolicismo crê numa coisa, nós Evangélicos, creremos no contrário. Parece que isto está mudando por causa da ênfase sobre o aborto. Bem, no caso do dinheiro, dizem que é por causa de São Francisco de Assis, que fundou a Ordem dos Padres Mendicantes, ao fazer o que o Jovem Rico não quis fazer, diante de Jesus. E, de fato, quando olhamos para o Novo Testamento de maneira superficial ou condicionada, parece que o mesmo exalta a condição de pobreza. Mas olhando melhor, não é o dinheiro que é a raiz de todos os males, mas o amor ao dinheiro. É a cobiça, a ganância, a avareza, e o amor ao dinheiro, que devem ser evitados, e até temidos como pecados graves e perigosos, pois quem os tem “caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na ruína e na perdição.”(I Tm.6:9,10). Vejamos alguns textos: “porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de nós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis.” (II Co.8:9). Podemos até dizer que o texto está falando de riqueza espiritual. Mas será? Vejamos o texto de João 10:10 “eu vim para que tenham vida e a tenha m com abundância.” Eu tenho, ao longo dos anos, me perguntado o significado de “abundância”. Um princípio de interpretação da Bíblia é que um texto obscuro se interpreta à luz de outro texto mais claro, que fala do mesmo assunto. Como diziam os Reformadores, a Bíblia se interpreta com a própria Bíblia. Mais recentemente vi que a palavra “abundância” aparece em II Co. 8:14 “mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade.” Com certeza essa abundância aqui é física. Como também está em Fl. 4:12,18 “Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade...Mas bastante tenho recebido e tenho abundância.” Parece que a vida abundante que Jesus veio trazer, significa uma vida sem necessi dades, como está em Fl. 4:19 “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. Parece ecoar o Salmo 23 “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” Refletindo sobre esse assunto, cheguei à conclusão que o Velho Testamento ensina como ficar rico. As leis que regem a riqueza estão no Antigo Testamento. Seguindo esses princípios, os judeus enriqueceram, mas utilizaram mal o dinheiro. O Novo Testamento ensina, não como ganhar o dinheiro, a riqueza, mas como utilizá-lo. Mas esse artigo já está ficando grande demais. Concluindo, assim como para ser salvo e ser curado, tem de ter um processo de ensino e de aprendizado , para prosperar ou se tornar rico, tem de ter o mesmo processo. Alguém tem de ensinar, alguém tem de aprender, e crer, e tomar para si. Parece que só Bill Gates, Warren Buffet, Robert Kiyosaki, e outros magnatas, crêem nisso.< span> Alguns crentes antigos já chegaram para mim, e disseram:” pastor, eu só não aceito essa teologia da prosperidade.” E vai aceitar que teologia? A da miséria? Parece até a questão política. Ainda hoje tem crente que acha que Política é do diabo. Que é coisa de gente desonesta e mentirosa. Será? A igreja não tem de ser o sal da terra, e a luz do mundo? Na verdade Deus criou tanto a Política, quanto a riqueza, para que os seus filhos sejam abençoados. O que tem acontecido é o que diz Os.4:6”O meu povo está sendo destruído, por que lhe falta o conhecimento.” Falta conhecimento sobre as leis que regem o dinheiro, a riqueza. Não tenha medo, irmão. O dinheiro é como a Televisão, é neutro. Você pode usar tanto para o bem, como para o mal. O que não é correto é você viver sendo pesado a alguém, ou mendigando, ou pior, explorando alguém. O dinheiro trás dignidade, e a pobreza avilta, humilha, envergonha. Como diz Provérbi os 22:4:”O galardão da humildade e o temor do Senhor são riqueza, e honra, e vida.”
Ainda há outros ângulos, mas, por enquanto, estes bastam.