“pois, quando Jezabel exterminou os profetas do Senhor, Obadias tomou cem profetas e os escondeu, cinqüenta numa caverna e cinqüenta em outra, e os sustentou com pão e água” (I Rs. 18:4). “E, tomando-os consigo (os apóstolos), (Jesus) retirou-se para um lugar deserto...Disse então aos seus discípulos: Fazei-os assentar em grupos de cinqüenta em cinqüenta...cinco pães e dois peixes...” (Lc. 9:10, 14, 16). “Procura homens capazes... e põe-nos por líderes de...cinquenta...” (Ex. 18:21).
Obadias quer dizer “Adorador de Jeová”, naturalmente em contraposição a “adorador de Baal”, como reza o contexto de Elias. Obadias escondeu cem profetas em duas cavernas, cinqüenta em cada, alimentando-os com pão e água. De repente percebi que isto são as células, pois esses profetas simbolizam os crentes do Novo Testamento, já que, de acordo com a teologia do Antigo Testamento, profeta é alguém em quem habita o Espírito de Deus. Moisés suspirou por esse dia quando disse “Oxalá que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!” (Nm. 11:29). Deus revelou esse tempo por intermédio do profeta Joel, quando disse: “E há de ser que depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.” (Jl.2:28). No dia de pentecostes começou esse tempo, pois, “todos foram cheios do Espírito Santo”, e todo o povo de Deus se caracterizaria por ser habitação do Espírito de Deus, cada um. Então, os profetas que Obadias escondeu, representavam os futuros discípulos, que debaixo de perseguição, seriam alimentados em lugares escondidos. O alimento que lhes foi dado, pão e água, símbolo do alimento do corpo, pode ser transformado em alimento do espírito, que é a palavra de Deus. Então, as células são uma estratégia de Deus, para que a igreja sobreviva em um ambiente de perseguição. Alguém poderá argumentar que as células deverão ter doze, quinze, ou vinte pessoas, no máximo. Mas esse é o pensamento humano, e de determinados contextos, mas a palavra de Deus prevalece, e nada impede que a célula tenha um número maior de pessoas. Outro argumento que alguém pode usar, é o de que a célula não é para alimentar o povo de Deus, mas somente para evangelizar. É outro argumento circunstancial, pois Atos declara “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.” (At. 5:42). No original “didáskontes”, ensinar, é o alimento espiritual para o povo de Deus, e “euaggelizómenoi”, anunciar, evangelizar, é a palavra evangelística, de todo o povo de Deus, para os descrentes, diferente de Kerygma, que é a mensagem autorizada de um arauto do rei, ou seja, o ministério de liderança ministerial, como apóstolo, profeta, evangelista, pastor, mestre, e até mesmo um diákono ordenado como Filipe (At. 8:5).
No caso de Lucas 9:10-17, Jesus tem consigo, sem contar os doze, as mulheres e crianças, cinco mil homens. Era uma mega igreja. Para efeito de ensino, vamos lidar somente com os homens, quase cinco mil. Dividindo cinco mil por cinqüenta, teremos cem células de cinqüenta homens cada. Foi Jesus quem mandou que a multidão fosse organizada em grupos de cinqüenta. Qual é o pastor que não gostaria de ter uma igreja de cem células, de cinqüenta pessoas em cada? Se estivéssemos interessados em exibir números, para mostrar a nossa perfórmance ministerial, poderíamos diminuir o número de pessoas em cada célula para dez, quem sabe? Aí teríamos aumentado em cinco vezes o número de células, ficando quinhentas em vez de cem. Mas o exemplo de Jesus nos constrange, pois ele adotou neste caso, cinqüenta em cada grupo. Temos de considerar também, que os doze apóstolos ficaram com a responsabilidade de alimentar toda a multidão, ficando cada um deles responsável por menos de dez grupos, talvez oito ou nove grupos de cinqüenta cada. Isto é organização. Tem de ter uma liderança encarregada de alimentar o rebanho. Mas a maneira de alimentar é de cunho sobrenatural, e não natural, como alguns discípulos sugeriram. Jesus multiplicou os alimentos que lhe foram entregues, e os líderes receberam de suas mãos, para alimentar o rebanho. Esse contexto é de deserto, mas também de escassez, que normalmente caracteriza o deserto. Não é esse muitas vezes o contexto da igreja?
Veja que o grupo de cinqüenta pessoas reunidas aparece no caso de Obadias, no caso de Jesus, mas também no caso de Moisés, em êxodo 18. É claro que no caso de Moisés, o conselho de Jetro, seu sogro, inclui líderes de mil, de cem, e de dez, além de líderes de cinqüenta. No caso de Obadias e de Jesus, está em foco o alimento, mas no caso de Moisés é a justiça, e a administração do povo. Mais de seiscentos mil homens, além de mulheres e criança, era o povo de Moisés, e ele se afadigava, em julgar os problemas do povo. Alguém já disse que as células são a simplificação da estrutura eclesiástica. Com as células, o líder tira de suas costas um fardo, e reparte a responsabilidade e a autoridade com o povo. Todo o povo de Deus é profeta no Novo Testamento, e, por isso mesmo, é também responsável pela realização da tarefa de apascenta-los. No caso de Moisés, o contexto também é de deserto, onde tudo deve ser administrado com escassez. Mas, assim como o maná caía todos os dias, para alimentar o povo, Deus proverá o nosso maná espiritual, todos os dias. Porém, temos de organizar o povo em pequenas unidades, as células, sejam elas de que tamanho forem, para alimentá-las e protegê-las, em caso de perseguição, como Obadias também fez.
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