terça-feira, 30 de setembro de 2014

ROMANOS CAPÍTULO 2 - O Verdadeiro Cristão


Os judeus e os cristãos caíram no mesmo erro, que é o de confundir a religião exterior com a interior. Os judeus receberam a circuncisão, por meio de Abraão, e a lei, por meio de Moisés, no Monte Sinai. Com a circuncisão e a lei, símbolos da aliança com Deus, se acharam melhores do que os outros povos, que eram incircuncisos e sem lei. 

Em Rm. 2, Paulo fala da lei, e está se referindo aos Dez Mandamentos, pois diz “Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?” (Não furtarás). (Rm.2:21).  E “Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras?” (Não adulterarás). (Rm.2:22). E, “Tu, que abominas os ídolos, mas lhe roubas os templos?” (Não farás para ti imagem...). (Ex.20:4; Rm.2:22). 

Ou seja, os judeus, que tinham a circuncisão e a lei de Deus, representada nos Dez Mandamentos, furtavam, adulteravam (Segunda Tábua), e se envolviam com a adoração de imagens de escultura (Ídolos) (Primeira Tábua). Paulo diz, então, que os gentios (os não judeus), que não tinham, nem a circuncisão nem a lei escrita, e que não furtavam, nem adulteravam, nem se envolviam com ídolos, estavam em melhores condições diante de Deus, do que os judeus que faziam tais coisas. Paulo diz que “a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas , se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão.” (Rm.2:25). 

Para o judeu, a maneira de entrar em aliança com Deus, era por meio da circuncisão, nos meninos somente, no oitavo dia do nascimento. Abraão foi circuncidado com noventa e nove anos, e Ismael, seu filho, com treze. (Gn.17:24,25). Com essa prerrogativa, os judeus se descuidaram de cumprir  a lei, achando que estavam isentos, por causa da circuncisão. 

No Novo Testamento, a aliança com Cristo se faz por meio do batismo. O que a circuncisão era para o judeu, o batismo é para o cristão. Porém, uma coisa é entrar no reino de Deus, outra bem diferente é viver nele como cidadão responsável e cumpridor de suas leis. Sabemos que para entrar no reino de Deus é por meio do batismo, precedido de arrependimento e confissão, mas isso é só a entrada. Para viver dentro do reino, é preciso guardar as suas leis, os Dez mandamentos. É claro que o entendimento dos Dez Mandamentos é diferente do que os judeus pensavam. 

Jesus disse “Qualquer que atentar numa mulher para cobiçar, já adulterou.” E o ódio ao irmão já é homicídio. Amor ao dinheiro é idolatria. Os judeus entraram no reino, por meio da circuncisão, mas se descuidaram de cumprir as leis do reino. Os cristãos fizeram a mesma coisa. Entraram no reino por meio do batismo, e se descuidaram de cumprir as leis do reino. Paulo diz em Rm. 2:28, 29 
“Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.” 
Se a circuncisão na carne não valia, mas a do espírito, o batismo do corpo também não vale, mas o do espírito. É sendo batizado no espírito, e vivendo cheio do Espírito de Deus, que poderemos cumprir a lei de Deus, ou a lei do reino de Deus. 
“Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar da carne pecaminosa.” (Cl. 2:11). 
Paulo está advertindo aos judeus e cristão, que não confiem numa religião de aparência, do exterior, dos ritos exteriores da religião, como a circuncisão, o batismo, a posse das Escrituras, e toda uma herança, tanto judaica, quanto católica, ou protestante, sem a divida realidade interior, do coração, do espírito. 

Todas essas coisas são importantes, desde que sejam acompanhadas pela realidade interior, que se manifesta numa vida de verdadeira piedade. Jesus resumiu a lei e os profetas em dois Mandamentos: 
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. E amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas.” (Mt.22:37-40). 
Paulo resumiu mais ainda: 
“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gl. 5:14). 

“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros, porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito, Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.” (Rm. 13:8-10). 

Então judeus e cristãos, devemos viver dentro do reino de Deus praticando essa lei.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ROMANOS CAPÍTULO 1


A Carta de Paulo aos Romanos tem história, pois foi nela que Agostinho, o maior teólogo da igreja, se inspirou, para se converter ao Cristianismo, quando ouviu uma voz que lhe dizia “toma, e lê”. Martinho Lutero, grande reformador Protestante, escreveu um Comentário de Romanos, que ajudou a promover a Reforma Protestante, baseado no tema: Justificação pela fé.  João Wesley, fundador do Metodismo, muito tempo depois, se converteu, quando ouvia alguém lê o comentário de Lutero à Carta de Paulo aos Romanos. Iremos examinar esse primeiro capítulo de Romanos, a fim de destacar alguns tópicos.

1.       “e com poder foi declarado Filho de Deus segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Rm.1:4). A conexão da ressurreição com a filiação divina de Jesus, é o que Paulo está afirmando. Sabemos que Jesus foi concebido pelo Espírito Santo no ventre de Maria, e por isso era Filho de Deus. 
“O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso aquele que nascerá será santo e será chamado Filho de Deus.” (Lc.1:35). 
No salmo 2:7 está escrito “Tu és meu filho, hoje te gerei.” Essa Escritura tem gerado  um certo desentendimento, pois dá a entender que Jesus, o Filho de Deus, não é eterno. Mas o que Paulo dá a entender, é que essa Escritura se refere à ressurreição de Jesus. O mesmo apóstolo Paulo repete esse conceito em At. 13:32-35:
 “E nós vos anunciamos as boas novas da promessa feita aos pais, a qual Deus cumpriu para nós, filhos deles, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no segundo salmo: Tu és meu filho, hoje te gerei. E quanto a tê-lo ressuscitado dentre os mortos para nunca mais voltar à deterioração, Deus falou: eu vos darei as santas e fiéis bênçãos de Davi.” 
Assim, Paulo reafirma que o sentido de ser gerado Filho de Deus, foi na ressurreição. Até porque a caverna, onde o corpo de Jesus foi sepultado, simboliza um útero. 
Olhai para a rocha de onde fostes cortados e para a caverna do poço de onde fostes cavados. Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz.” (Is. 51:1,2). 
Apesar de ser Filho de Deus, Jesus estava num corpo mortal, e o corpo mortal era a sua humilhação, pois é frágil, e incompatível com a filiação de um Deus Todo Poderoso. Por isso, só depois da ressurreição, agora com um corpo imortal, Ele se tornou de fato, Filho de Deus. Assim também nós, discípulos de Jesus, somos filhos de Deus, mas a nossa verdadeira filiação também só será revelada depois da ressurreição, quando receberemos um corpo imortal. “Pois sabemos que toda a criação geme e agoniza até agora, como se sofresse dores de parto; e não somente ela, mas também nós, que temos os primeiros frutos do Espírito, também gememos em nosso íntimo, aguardando ansiosamente nossa adoção, a redenção do nosso corpo. Porque fomos salvos na esperança. Mas a esperança que se vê não é esperança; pois como alguém espera o que está vendo? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.” (Rm. 8:22-25).

2.       “E, irmãos, não quero que ignoreis que muitas vezes planejei visitar-vos (mas até agora tenho sido impedido)” (Rm.1:13). A questão que temos de responder é: quem estava impedindo Paulo de visitar a igreja de Roma? E esse alguém pode nos impedir de fazer algo também hoje? Bem, adotando a regra hermenêutica dos Reformadores, a Escritura se explica com a Escritura, e um texto obscuro se interpreta à luz de outro texto mais claro, que trata do mesmo assunto, eis a conclusão: “É por isso que muitas vezes tenho sido impedido de chegar até vós.” (Rm.15:22). “por isso queríamos visitar-vos. Eu, Paulo, quis visitar-vos não somente uma vez, mas duas; contudo, Satanás nos impediu.” Ah! Então era Satanás. Medite nisso. Se Satanás conseguiu impedir o apóstolo Paulo de visitar uma igreja cristã, em outra cidade, ele pode fazer o mesmo hoje. E não era uma cidade qualquer, era a capital do império, e portanto, uma cidade estratégica, nos planos de evangelização do mundo. E se Satanás impediu, era porque seria bom para a igreja a visita do apóstolo. As igrejas e as Agências missionárias podem fazer planos de evangelização mundial, o que, de fato, têm feito, mas se não levar em conta a oposição de Satanás, não haverá sucesso. Porém, o que pode desobstruir o caminho, e remover a oposição de Satanás, é a oração de uma igreja obediente e Deus. Paulo conseguiu, pois ele diz: “Mas, agora, não tendo mais o que me detenha nessas regiões, e tendo já há muitos anos grande desejo de visitar-vos, eu o farei quando for Espanha.” (Rm.15:23,24). E mais à frente, ele diz: “Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações em meu favor diante de Deus, para que eu fique livre dos rebeldes na Judéia e par que este meu serviço em Jerusalém seja aceitável aos santos; a fim de que, pela vontade de Deus, eu chegue até aí com alegria e possa recobrar as forças entre vós.” (Rm. 15:30-32). Também o Antigo Testamento confirma este princípio, pois o anjo Gabriel foi detido por Satanás durante vinte e um dias, quando o anjo vinha em resposta à oração de Daniel. 
“Então ele me disse: Não temas, Daniel, porque as tuas palavras foram ouvidas desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te diante do teu Deus, e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; e Miguel, um dos maiores príncipes, veio em meu auxílio, e eu o deixei ali com os reis da Pérsia.” (Dn. 10:12,13).

3.       “Dizendo-se sábios , tornaram-se loucos e substituíram a glória do Deus incorruptível por imagens semelhantes ao homem corruptível, às aves, aos quadrúpedes e aos répteis. É por isso que Deus os entregou à impureza sexual...cheios de toda forma de injustiça... os quais, conhecendo bem o decreto de Deus, que declara dignos de morte os que praticam essas coisas, não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam.” (Rm.1:22-32). Tenho ouvido pessoas bem intencionadas dizerem que o maior problema do Brasil é a corrupção. É e não é.  O sentido da palavra “corrupção” veio se tornar no Brasil de hoje “roubar dinheiro público” (e privado). Mas a palavra corrupção é uma palavra bíblica, e seu verdadeiro sentido tem de ser tirado da Bíblia. Na Bíblia, já no princípio da criação, está escrito 
“A terra, porém, estava corrompida diante de Deus e cheia de violência. E Deus viu a terra, e ela estava corrompida, pois a humanidade toda havia corrompido a sua conduta sobre a terra.” (Gn. 6:11,12). 
O sentido literal de corrupção é apodrecer, putrefazer. Mas o sentido moral e espiritual, é a corrupção dos costumes, ou dos bons costumes. Como a revelação é progressiva, o sentido de romanos 1, é mais claro do que de Gênesis. No sentido de roubar dinheiro, este não é o maior problema do Brasil. Mas, o maior problema do Brasil, é quando a corrupção é entendida no seu sentido original. É a corrupção da mente, da razão, do raciocínio, do entendimento, do discernimento espiritual, que leva o ser humano a abandonar o culto ao criador, e voltar-se para adorar e servir a criatura na forma imagem de escultura, ou de fundição, ou mesmo o culto à personalidade, de líderes messiânicos, ou carismáticos, como Hitler foi. Paulo diz “Pois a ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e injustiça dos homens, que impedem a verdade pela sua injustiça.” (Rm.1:18). “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e substituíram a glória do Deus incorruptível por imagens  semelhantes ao homem corruptível, à aves, aos quadrúpedes e aos répteis.” (Rm.1:22,23). Então, o maior problema do Brasil é a idolatria, patrocinada pela doutrina católica de culto às imagens e aos santos. Veja que Paulo cita como primeira conseqüência a corrupção sexual, na forma de homossexualismo, tanto masculino, como feminino. (Rm. 1:24,26,28). Na sequência, vem uma corrupção generalizada, de toda forma de conduta pecaminosa e ofensiva a Deus, e à sua lei. 
heios de toda forma de injustiça, malícia, cobiça, maldade, inveja, homicídio, discórdia, engano, depravação, intrometidos, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, orgulhosos, arrogantes, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, indignos de confiança, sem afeto natural, sem misericórdia.”
 Ufa! É muito pecado. Mas a causa inicial de todos é a idolatria, pois é a quebra do primeiro mandamento do Dez: Não terás outros deuses diante de mim. Não farás imagens. Não as servirás, nem lhe darás culto. É por isso que Deus se ira. Bem, quem avisa amigo é. O juízo descrito em Apocalipse virá, mas ainda há tempo de arrependimento. Depois de descrever os horríveis juízos que acontecerão, Apocalipse conclui: “Os outros homens, que não foram mortos por essas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos; não deixaram de adorar os demônios, nem os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra, e de madeira, que não podem ver, nem ouvir, nem andar. Também não se arrependeram de seus homicídios, nem de suas feitiçarias, nem de sua prostituição, nem de seus furtos.” (Ap. 9:20,21).

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

TODOS FALAM EM OUTRAS LÍNGUAS?


TESE PENTECOSTAL E NEOPENTECOSTAL: Todos falam em outras línguas, ou as línguas são a evidência inicial e física,  a única evidência,   do Batismo no Espírito Santo.

TESE ALTERNATIVA: nem todos falam em outras línguas, e as línguas não são a única evidência do Batismo no Espírito Santo. 

Vamos examinar a Bíblia.

No Antigo Testamento a profecia era o sinal de que alguém havia recebido o Espírito Santo:

1.       Nm.11:25 “Então e Senhor desceu na nuvem, e lhe falou; e tirando do Espírito que estava sobre ele (Moisés) , o pôs sobre aqueles setenta anciãos; e aconteceu que, quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram, mas depois nunca mais.”

2.       Saul profetizou por um espírito maligno: “E aconteceu ao outro dia que o mau espírito da parte de Deus se apoderou de Saul, e profetizava no meio da casa.” (I Sm. 18:10). Por isso o N. T. manda por a profecia à prova. “Portanto vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.” (I Co.12:3). “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus.” (I Jo. 4:1).

3.       I Sm. 19:20 “o Espírito de Deus veio sobre os mensageiros de Saul, e também eles profetizaram.”

4.       I Sm. 19:23 “e o mesmo Espírito de Deus veio sobre ele (Saul), e ia profetizando, até chegar a Naiote, em Ramá.”

O N.T. segue o mesmo padrão do Velho:

1.       Lc. 1:41 “e Isabel foi cheia do Espírito Santo, e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre.”
2.       Lc. 1:67 “E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo: Bendito...”
3.       Lc. 2:25-38 Simeão e Ana.
4.       At. 19:6 “...veio sobre eles o Espírito Santo...e profetizavam.”
5.       At. 10:44-46 “caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra...porque os ouviam magnificar a Deus.”

AS LÍNGUAS
A primeira referência às línguas é Isaías 28:11 “Pelo que por lábios estranhos e por outra língua, falará a este povo.” Esta profecia é citada por Paulo em I Co. 14:21 “Está escrito na lei: por gente doutras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim não me ouvirão, diz o Senhor.” O contexto dos dois textos, é Deus se queixando da desobediência de Israel, como diz o profeta Ezequiel: “E disse-me: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras...Mas a casa de Israel não te quererá dar ouvidos, porque não me querem dar ouvidos a mim: porque toda a casa de Israel é de rosto obstinado e dura de coração.” (Ez. 3:4, 7). Deus falando no vernáculo, por meio dos profetas, Israel não quis ouvir. Agora Deus promete falar com “este povo” (Israel), não mais no vernáculo, mas por língua de um povo estrangeiro, que, normalmente, Israel não entenderia. Paulo diz que as línguas são um sinal para os descrentes ou infiéis (do povo de Israel). Um sinal aponta para algo que Deus quer comunicar, e reforçar, com uma manifestação sobrenatural, para provar  que é Ele mesmo quem está falando. Em Mc. 16:17,18 “E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios, falarão novas línguas...e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” Então exorcismo, glossolalia, e cura, são sinais que deverão acompanhar a pregação do Evangelho. Curar pessoas de enfermidades e libertar dos demônios, é aceitável em qualquer nação. Mas somente os judeus tinham a promessa de Is.28:11, para comprovar que Deus estava mesmo naquilo. Todos os milagres são sinais, bem como todos os dons espirituais. O milagre contido nas línguas é alguém falar um idioma que nunca estudou, ou entender uma língua que nunca aprendeu. No dia de pentecoste os apóstolos falaram em idiomas que não sabiam, aos  ouvintes das  várias nações presentes em Jerusalém no dia de pentecoste. Será que as línguas são um sinal para os judeus descrentes? Vamos ver.

1.       At. 2:1-5 no dia de Pentecoste só havia judeus religiosos como ouvintes.

2.       At. 8:1-25 Os samaritanos não são judeus, e foram batizados por Filipe, mas só receberam o Espírito Santo pelas orações e imposição de mãos dos apóstolos Pedro e João. Mas as línguas não são mencionadas.

3.       At. 10:44-46 Os gentios da casa de Cornélio também não eram judeus, mas ali as línguas são mencionadas, quando eles receberam o Espírito Santo. Acontece que as línguas ali não foram sinal para os gentios, mas para os judeus. “Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviram falando em línguas e exaltando a Deus.” Pronto, o sinal tinha cumprido o seu papel, pois os judeus convertidos, por causa do sinal, reconheciam que essa obra era de Deus, que estava aceitando os gentios no seu reino.

4.       At. 19:1-8 “Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens. Paulo entrou na sinagoga e ali falou com liberdade  durante três meses, argumentando convincentemente acerca do reino de Deus.” (v. 6-8). As línguas novamente foram faladas na presença de judeus, para reconhecerem o sinal de que era Deus quem estava agindo.

5.       I Co. 12:7 “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” Tanto o dom “variedade de línguas” como a “interpretação das línguas” são sinais sobrenaturais de que Deus está no negócio. Mas não são somente esses, porém todos os demais dons são sinais sobrenaturais de que Deus está presente, pois cada um dos dons são a “manifestação do Espírito Santo”. Porém, as línguas são um sinal para os judeus, por causa de Is.28:11.

6.       I Co. 12:30 “Tem todos o dom de curar? Falam todos em diversas línguas? Interpretam todos?” É claro que a resposta que o apóstolo deixa subentendida é um sonoro Não. E não vamos pensar que as línguas referidas aqui, são diferentes das faladas no dia de pentecostes, pois “variedade de línguas” é o que temos aqui, e variedade de línguas é o que aconteceu no dia de pentecostes.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

BIOGRAFIA MANCHADA


Porquanto Davi tinha feito o que parecia reto aos olhos do Senhor, e não se tinha desviado de tudo o que lhe ordenara em todos os dias da sua vida, senão só no negócio de Urias, o heteu.” (I Rs. 15:5).

Recentemente li e ouvi muito sobre os escândalos que aconteceram (e ainda estão acontecendo) na política brasileira, e a preocupação que alguns tinham de que algo respingasse no ex-presidente Lula, e a sua biografia fosse manchada. Bem, a Bíblia é a Palavra de Deus, e não esconde os defeitos e os malfeitos dos seus heróis. Quase todos os personagens da Bíblia têm uma biografia manchada. Davi é um deles. A diferença é que eles, ou quase todos eles, se arrependeram. Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o único, depois de Adão (antes de pecar), que nunca cometeu pecado, nem praticou injustiça, e, portanto, nunca precisou se arrepender. Na cultura humana, seja na brasileira, seja na de qualquer outra nação, a regra é “negue sempre, nunca seja réu confesso”. Na cultura da Bíblia, que é a cultura de Deus, a regra é “arrependa-se, confesse, assuma as conseqüências, mas peça misericórdia ao juiz.” O Problema é que agora, o juiz da última instância é Jesus Cristo mesmo. E Ele tem, como o Pai, onisciência, ou seja, Ele sabe se você é culpado ou não, diferentemente do juiz terreno, que depende da confissão do réu, ou de provas robustas, para dar o veredito. Aliás, a palavra grega para confessar, no N.T. é  “homologar”, que significa concordar com o que Deus já decidiu.

Mas vejamos o caso de Davi. Ele cometeu dois pecados, ou crime, pois crime é a transgressão de uma lei humana, e pecado é a transgressão da lei de Deus. O Decálogo, ou Dez Mandamentos, é um resumo da lei de Deus, que alguns dizem que é a lei moral. Pois bem, Davi quebrou ou violou dois mandamentos do Decálogo, que são NÃO MATARÁS e NÃO adulterarás. É a lei de Deus que Davi quebrou, pois mandou matar Urias, para ficar com a mulher dele, Bate-Seba. Durante, pelo menos nove meses, Davi nada fez, que denotasse arrependimento, pois somente quando o profeta Natã veio a ele e o confrontou, é que ele confessou “Pequei contra o Senhor”. (II Sm. 12:13). Deus perdoou o pecado de Davi, mas sabemos que o sofrimento não se apartou mais de sua casa, e que a desgraça se instalou nos seus filhos, pois aconteceram crimes de sangue e de sexo, na família de Davi. Davi se arrependeu, e nunca mais praticou o mal, pois conheceu que o gosto do pecado é doce na boca, mas depois se torna amargo. Mas Deus deu testemunho de Davi, por meio do Espírito Santo, pois diz “Porquanto Davi tinha feito o que parecia reto aos olhos do Senhor, e não se tinha desviado de tudo o que lhe ordenara em todos os dias da sua vida, senão só no negócio de Urias, o heteu.” Então pecado de homicídio e de adultério, que são crimes contra a vida e contra a família, são pecados contra o ser humano, horizontais, e que estão na segunda Tábua do Decálogo. 

Na verdade, os Dez Mandamentos foram escritos em duas tábuas, sendo que os mandamentos mais importantes foram inscritos na primeira tábua, quatro ou cinco, e os menos importantes, na segunda. Na primeira tábua constavam os pecados contra Deus, e na segunda, contra a ser humano. Davi violou dois mandamentos da segunda tábua.

Mas temos o caso de Jeroboão, filho de Nebate, um dos mais notórios vilões do Antigo Testamento. O profeta Aías disse a ele: 

“E rasguei o reino da casa de Davi, e a ti to dei, e tu não foste como meu servo Davi, que guardou os meus mandamentos e que andou após mim com todo o seu coração para fazer somente o que parecia reto aos meus olhos. Antes tu fizeste o mal, pior do que todos os que foram antes de ti, e foste, e fizeste outros deuses e imagens de fundição, para provocar-me à ira, e me lançaste para trás das tuas costas...e lançarei fora os descendentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o esterco, até que de todo se acabe.” (I Rs. 14:8-10). 

Ah! Agora a coisa se complicou, pois Jeroboão não adulterou, nem matou ninguém, mas fez uma coisa pior, aos olhos de Deus, embora não o seja aos olhos humanos. Jeroboão quebrou, transgrediu, violou o primeiro mandamento do Decálogo. E na hierarquia dos mandamentos, o primeiro é mais importante do que o sexto e o sétimo, que Davi quebrou. Na verdade foram o primeiro e o segundo, que Jeroboão quebrou. 

“Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.” (Ex.20:3-5). 
Agora a coisa é diferente, pois Jeroboão não cometeu um pecado horizontal, contra outro ser humano, mas um pecado vertical, contra Deus. É mais grave, e a punição também. Os deuses são outros seres espirituais, que disputam com Deus, a adoração e o serviço dos humanos. Imagem de escultura ou de fundição, ou de qualquer outra natureza, são representações físicas desses deuses. Deus proibiu ter outro Deus, fazer imagem dos deuses, adorá-las e servi-las.  Pois Jeroboão fez tudo isso, e ensinou Israel a fazer. Mas será que o N.T. mantém essa rigidez do Velho(Testamento)? Vejamos. 

“Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.” (I Ts. 1:9,10). “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.” (Rm. 1:23).“Portanto, meus amados, fugi da idolatria.” (I Co. 10:14). “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” (I Jo. 5:21). 

Então, o N.T.  mantém o pecado da idolatria, e a quebra do primeiro e segundo mandamentos, como graves, pois são pecados de lesa-divindade, pois os crentes do N.T. têm uma aliança com Deus, a quem devem adorar e servir, com exclusividade, com a exclusão de qualquer outro deus. No Antigo Testamento era Israel quem tinha.

Agora vejamos a cultura atual. O diabo é astuto, e engana o ser humano, com relativa facilidade, a não ser que este se apegue à Palavra de Deus. No Brasil de hoje, há uma luta encarniçada dos evangélicos para combater o pecado do homossexualismo, o que está correto, pois o homossexualismo é tipificado como pecado, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, porém é um pecado horizontal, contra o ser humano. Um dos pecados de Davi foi adultério, um pecado sexual, como sexual é o homossexualismo. Outro motivo de luta dos evangélicos, atualmente, é para combater o aborto, o que também está correto, pois é um pecado de sangue, um homicídio, e a lei de Deus diz “não matarás”. 

Porém, devemos lembrar que é um pecado horizontal, contra a criatura, e não contra o criador. Lembre que o outro pecado de Davi foi homicídio, crime de sangue, como também o é o aborto. Mas será que não estamos coando um mosquito, e engolindo um camelo? Será que o diabo, com a sua astúcia, não está nos mantendo ocupados com o menos importante, para não atentarmos no pecado mais importante, que foi o de Jeroboão? Será que ele não está nos mantendo ocupados com os pecados contra a criatura, para não pensarmos no pecado contra o criador, que é mais grave, e tem conseqüências mais severa? Acordemos, meus irmãos! O pecado mais grave é o pecado da idolatria, é o de ter, adorar, e servir outros deuses, no lugar do Deus vivo e verdadeiro. 

Não estou combatendo os católicos, pois eles também são vítimas do nosso inimigo comum, que é o diabo. O Brasil está cheio de idolatria, e uma grande multidão de brasileiros transgride o primeiro e o segundo mandamento do Decálogo, embora não o saiba. O diabo é astuto e não aparece de cara limpa. Ele engana. Tenho diante de mim um livro, escrito por uma distinta e culta senhora, da Bahia, filha legítima de um padre, datado de 1899, cujo título é MITOLOGIA DUPLA, e a autora é ARCHIMÍNIA BARRETO. Numa exaustiva pesquisa, ela prova que a cada santo da igreja católica, equivale a um deus da Roma pagã, com seu Panteão de deuses. Vamos colocar ordem na nossa luta contra o pecado, nos livrando ( e nos arrependendo) primeiro do pecado mais grave, que na verdade, é a causa dos demais, como diz Romanos 1. Tenho certeza que os católicos sinceros reconhecerão essa verdade, como tantos ex-padres já o fizeram, a exemplo do Dr. Aníbal Pereira Reis, de quem me considero discípulo, pois com sua vasta erudição, foi usado pelo Espírito Santo para me ensinar parte do que sei. Ainda o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque, primeiro convertido da Missão Batista no Brasil, em Salvador, Bahia, em 1882.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O PAI NOSSO


Mt.6:9-15 “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.”

1.       Deus, no Novo Testamento, é nosso Pai, diferentemente do relacionamento de Deus com seu povo no Antigo Testamento. No Antigo Testamento Deus tinha um povo, no Novo tem uma família. No Novo Testamento Deus, nosso Pai, está no céu, não na terra, do mesmo modo que no Antigo Testamento. “Então os sacerdotes e os levitas se levantaram e abençoaram o povo; e a sua voz foi ouvida, porque a sua oração chegou até a santa habitação de Deus, até o céu.” (II Cr. 30:27).

2.       “Santificado seja o teu nome” parece com o mandamento “não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.” (Ex. 20:7). Santificar significa separar, limpar ou manter limpo, reservado para o uso sagrado, evitando profanar pelo uso secular. No Antigo Testamento os judeus ficaram com medo de quebrar o mandamento, e evitaram usar o nome próprio de Deus, Jeová, substituindo-o por Senhor, ou Há Shem, o nome. No Novo Testamento, o nome de Deus não aparece de modo nenhum, sendo substituído pelo título Pai, como ensinou Jesus. Ou melhor, o nome de Deus aparece no N.T. codificado dentro do nome do Filho, já que Jesus, ou Yeshua, significa “Jeová é Salvação”.

3.       “Venha o teu reino” pode ser entendido por meio de alguns versículos, como se segue: “Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o reino de Deus.” (Mt.12:28). “Dizia-lhes também: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o reino de Deus com poder. E seis dias depois...” Eles tiveram a experiência do monte da transfiguração. (Mc.9:1,2). “E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curarem enfermidades. (Lc.9:1). Então a chegada do reino de Deus, não é quando a igreja estiver governando, por meio dos crentes, nos sete montes, mas quando estiver exercendo poder e autoridade sobre os demônios, expulsando-os, e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Observe que essas atividades são realizadas por meio de poderes sobrenaturais, característica do reino de Deus. Porque, na verdade, a igreja ou os crentes, podem assumir o governo da nação, tanto no plano federal, estadual, ou municipal, e dominar os parlamentos, e não ter nem um pingo de poder sobrenatural, o que significa que os demônios é que estarão reinando, escravizando as pessoas. Então “venha o teu reino” significa venha o poder sobrenatural do teu reino, isto é, o Espírito Santo capacitando os filhos de Deus para operarem  sinais e maravilhas, na libertação e cura das pessoas.

4.       “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Já sabemos que a vontade de Deus é boa, agradável, e perfeita, e na medida em que a vontade de Deus é feita na terra, esse lugar será um paraíso. Deus revelou a sua vontade em vários lugares da Escritura, principalmente no Novo Testamento, e iremos destacar duas.

a)      Vontade 1. “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.”(I Tm.2:3,4). “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a considerem demorada. Mas ele é paciente convosco e não quer que ninguém pereça, mas que todos venham a se arrepender.” (II Pd.3:9). Então, a vontade de Deus é que ninguém se perca, mas que todos sejam salvos. Porém, a vontade de Deus depende de dois fatores, que são: o livre-arbítrio humano, que pode resistir e rejeitar a vontade de Deus para a sua vida, e a negligência da igreja em evangelizar os perdidos, para que a vontade de Deus seja feita.

b)      Vontade 2. “A vontade de Deus para vós é esta: a vossa santificação; por isso, afastai-vos da imoralidade sexual. Cada um de vós saiba manter o próprio corpo em santidade e honra, não na paixão dos desejos, à semelhança dos gentios que não conhecem a Deus.” (I Ts. 4:3-5). A vontade de Deus para os de fora é que sejam salvos, isto é, que sejam introduzidos no reino de Deus. E para os que já estão dentro, é que vivam uma vida isenta de pecado, principalmente preservando o corpo do pecado sexual. Aliás, o pecado sexual parece ter um caráter diferenciado, pois o apóstolo Paulo escreveu “Fugi da imoralidade. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo; mas quem pratica a imoralidade peca contra o corpo.” (I Co.6:18). 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O LIXEIRO DE DEUS


E sairão, e verão os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu bicho nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará, e serão um horror para toda a carne.” (Is.66:24).

Toda cidade tem um lixeiro ou lixão, como também é chamado, onde é colocado o lixo da cidade. O lixo é aquilo que não presta mais para nada, que é descartável. O lixeiro é um local imundo, contaminado. No lixeiro ou lixão o fogo nunca se apaga, nem os vermes morrem. De longe você pode ver a fumaça saindo do lugar, mesmo que tenha chovido, e quando você chega perto, verá os vermes se arrastando no meio do lixo. Parece até ironia, se não fosse tão trágico, mas essa é a descrição que a Bíblia faz do inferno. 

Não é por acaso que o último versículo do livro do profeta Isaías, descreve essa cena horrível. O livro de Isaías tem uma particularidade, pois é um resumo de toda a Bíblia. Tem 66 capítulos, e a Bíblia tem 66 livros. O Velho Testamento tem 39 livros, e o Novo tem 27, e o livro do profeta Isaías tem 39 capítulos na primeira parte, e 27 capítulos na segunda. Todo estudioso do Antigo Testamento sabe que há uma diferença entre os 39 capítulos iniciais, e os 27 finais, que até se chegou a cogitar que outra pessoa escreveu a segunda parte. Então, o fato de o livro de Isaías terminar dessa maneira, nos leva para o último livro da Bíblia, o Apocalipse, que também termina de maneira parecida. 
“E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.” (Ap. 20:15). 
Jesus também advertiu os homens, para não irem para o inferno, por terem cometido pecados. “E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado, do que tendo duas mãos, ires para o inferno para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre , e o fogo nunca se apaga.” (Mc. 9:43,44). Ele repete mais duas vezes a mesma expressão, se referindo ao pé e ao olho. A palavra inferno aqui é a palavra grega GEENAN. O mundo dos mortos no Antigo Testamento era chamado de Sheol, no idioma hebraico. Mas a revelação do Antigo testamento era limitada, de modo que os judeus entendiam que o Sheol significava Profundeza, morte, e sepulcro. No Novo Testamento, a revelação se amplia, e podemos entender um pouco mais do assunto. O Sheol do Antigo Testamento passa a ser Hades, no grego do N.T.  Ainda aparece Abismo, no N.T., e Tártaro, que são todos traduzidos por inferno, em português, além de Geenan. 

Entendo hoje que tanto o Sheol, do hebraico, quanto o Hades, Abisson (abismo), Tártaro, são lugares de castigo temporário. Somente em Ap. 19 e 20, pessoas são lançadas no Geenan, que é o lago de fogo, onde o castigo será definitivo. No caso da história do rico e Lázaro, o espírito do rico é lançado no Hade, e ele diz:
 “Pai Abraão, tem misericórdia de mim,  e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.” (Lc.16:24). 
Então tem fogo no Hades. Mas vamos pegar o caso de Satanás, que é um espírito, e que será lançado primeiramente no abismo. 
E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e  amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo.” (Ap.20:1-3). 
Como a profecia é atemporal, veja como Satanás foi recebido no Abismo. 
O Sheol desde o profundo se turbou por ti, para te sair  ao encontro na tua vinda; despertou por ti os gigantes (refaim) (Siom, rei dos amorreus e Og, rei de Basã?), e todos os príncipes da terra, e Fez levantar dos seus tronos  a todos os reis das nações. Estes todos responderão, e te dirão: Tu também adoeceste como nós, e foste semelhante a nós. Já foi derrubada no inferno a tua soberba com o som dos teus alaúdes; os bichinhos debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão.” (Is.14:9-11). 
Satanás foi recebido no Sheol, ou Abismo, ou Hades, assim. Quanto ao fato de os gigantes se encontrarem no Abismo, Isaías ainda diz “os gigantes não ressuscitarão”. (Is. 26:14). Temos, então que são sinônimos, ou seja,  significam o mesmo lugar, no além: Sheol, Hades, Abismo, e Tártaro, e que é um local de castigo temporário. Agora, o lugar do castigo definitivo, é chamado na Bíblia de Geenan, que é o lago de fogo. Jesus mencionou esse lugar em Mt.25:41 
“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” 
Quem primeiro Será lançado no Geenan, serão o anticristo e o falso profeta, chamados de besta e falso profeta, em Apocalipse 19:20: 
“E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre.” 
São dois homens, incorporados por demônios de alta hierarquia, e que não morreram, mas foram lançados vivos no lago de fogo, Geenan. Depois deles, mil anos depois, Satanás, que já tinha sido solto do Abismo, foi lançado no Geenan, também.  
“E o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.” (Ap.20:10). 
Segue-se mais dois personagens. 
“E a morte (Tanatos) e o inferno (Hades) foram lançados no lago de fogo; esta é a  segunda morte.  “ (Ap.20:14). 
Estes dois personagens são dois principados de alta hierarquia, Tanatos e Hades, que governavam o mundo dos mortos. Em seguida, os homens reprovados também foram lançados. 
“E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.” (Ap.20:15). 
Este é o lixeiro ou o lixão de Deus. Quem foi ou será lançado lá, é considerado lixo, por Deus. Para os anjos, não há mais remédio, mas para os humanos, ainda há tempo de evitar de ir para lá, como lixo da cidade de Deus. Basta se arrepender de seus pecados, mediante confissão, e se tornar discípulo de Jesus, o Messias.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O DIVÓRCIO E A BÍBLIA II

Depois de discorrer sobre a indissolubilidade do casamento em Mt. 5:32 e 19:9, declarando o adultério como cláusula de exceção, Jesus declara em Mc. 10:12: 
“E, se a mulher deixar seu marido, e casar com outro, adultera.” 
Esse texto é interessante, pois em Mateus somente o homem é o agente ativo do divórcio, sendo a mulher a que sofre a ação do marido, sendo induzida ao adultério, pelo abandono por parte dele. Porém, aqui em Marcos, é  a mulher quem é colocada como agente ativo do divórcio, pois diz “E, se a mulher deixar seu marido, e casar com outro, adultera.” Nem Mateus, nem Lucas, falam da mulher, como agente ativo da ação de divórcio, mas somente Marcos. Aliás, em todo o Antigo Testamento, é somente o homem quem é apresentado como o agente ativo da ação de divórcio, pois Deuteronômio 24:1 diz “Quando um homem tomar uma mulher, e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia, ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão, e a despedirá da sua casa.” 

Os três Evangelhos sinóticos, Mateus, Marcos, e Lucas, registram Jesus legislando sobre o divórcio, sendo que somente Mateus registra a cláusula de exceção, “não sendo por causa de infidelidade” (Mt.5:32 e 19:9), mas somente Marcos apresenta a mulher como agente ativa do divórcio: “E, se a mulher deixar seu marido, e casar com outro, adultera.” Há pessoas que evitam os textos de Mateus, para não ter de lidar com a cláusula de exceção, e adotam somente os textos de Marcos e Lucas, que não a contém. Mas isto não anula o que está escrito na Escritura. Não podemos escolher qual dos Evangelhos adotar, mas temos de adotar os quatro. Somente ajuntando tudo o que está escrito nos quatro, é que teremos o Evangelho completo, pois eles são complementares. Então, é importante atentar para o fato de Marcos ter colocado a mulher como agente ativa da ação de divórcio. Isto é importante porque é o que o apóstolo Paulo também faz.

Em I Co. 7, está escrito: “No entanto, ordeno aos casados, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido.” (v.10). O que Paulo está escrevendo, ele não tirou de sua cabeça, mas entregando à igreja os mandamentos que recebeu do próprio Jesus. At. 1:2 “Até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera.” 

Mateus escreveu aos judeus, cuja cultura era o Antigo Testamento, com muitas restrições para as mulheres, e, por isso, é compreensível que ele não tenha colocado a mulher como agente ativo da ação de divórcio. Marcos escreveu aos romanos, que tinham outra cultura, talvez com maior liberdade para as mulheres, e,  portanto, é compreensível que ele tenha colocado a mulher como agente ativo do divórcio. O que Marcos escreve sucintamente é “Aquele que se divorcia de sua mulher e casa com outra comete adultério contra ela. E, se ela se divorciar do marido e casar com outro, comete adultério.” A primeira parte do texto, todos os Evangelhos sinóticos registram, mas a segunda, somente Marcos.  Parece que a mulher começa a receber um pouco de atenção no Evangelho de Marcos, atenção essa que nem Mateus, nem Lucas lhe dão. 

Mas Paulo, num contexto grego, vai além de Marcos, e coloca a mulher como protagonista da ação de divórcio e diz “No entanto, ordeno aos casado, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido.”(I Co. 7:10). Assim como os Evangelistas escreveram as palavras de Jesus, o apóstolo Paulo, na mesma sequência, escreveu também as palavras de Jesus, ou seja seus mandamentos para a igreja. “Eu, Paulo, vos cumprimento, assinando de próprio punho.” (I Co. 16:21). Mas Paulo prossegue, dizendo aos coríntios “Se, porém, ela se separar, que não se case, ou que se reconcilie com o marido. E que o marido não se divorcie da mulher.” Jesus já havia doutrinado em Mt.5:32 e 19:9, e agora, por meio do apóstolo Paulo, dá prosseguimento ao seu ensino. Aqui Ele fala diretamente com a mulher, dizendo que se ela se separar, tem somente duas opções: ficar sem casar, ou se reconciliar com o seu marido. Mas Ele não anula o que já havia dito em Mt. 5:32 e 19:9, apenas deixa de tocar de novo no assunto, como faz nos outros Evangelhos, pois Deus (e qualquer pessoa sensata) odeia o divórcio. Parece que no contexto grego de Corinto, os casos de divórcio, eram protagonizados mais pelas mulheres, pois depois de legislar para elas, ele declara laconicamente “E que o marido não se divorcie da mulher.”

Paulo prossegue seu doutrinamento, declarando que se um irmão tem mulher não cristã, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela. Diz a mesma coisa para os homens. É claro que quando essas pessoas se tornaram cristãs, já eram casadas. Neste caso, elas podem continuar com o casamento, se o não cristã concordar em continuar. Mas o cristão não pode tomar a iniciativa de se divorciar, pelo fato de seu cônjuge não ter se convertido. Paulo diz que o crente santifica o casamento, inclusive os filhos. Mas o cristão não pode casar com não cristão, seria jugo desigual. E Paulo prossegue: “Mas, se o incrédulo se separar, que se separe. Nesses casos, nem o irmão nem a irmã estão sujeitos à servidão; pois Deus nos chamou para vivermos em paz.” Nesse caso, é o não cristão quem toma a iniciativa de se separar, supostamente pelo fato de seu cônjuge ter se tornado cristão. Então, ele ou ela, não se converteu, e pode ser que nunca se converta, mas pode ser que também se converta, ou que volte para casa, mas não é garantido. É bom lembrar que Deus é bom e misericordioso, mas também pode nos colocar na prova de fidelidade. Jesus disse: “Se alguém vier a mim, e amar pai e mãe, mulher e filhos, irmãos e irmãs, e até a própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo.” (Lc.14:26).

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O DIVÓRCIO E A BÍBLIA


Vamos considerar este assunto, começando pelo livro do profeta Malaquias, procurando colocá-lo no seu devido contexto. Malaquias disse três coisas, basicamente: 
1. “Eu odeio o divórcio” (Ml.2:16); 2. “Judá tem sido infiel. Uma abominação foi cometida em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do Senhor, o qual ele ama, e se casou com a filha de um deus estrangeiro” (Ml. 2:11); 3. “Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança” (Ml. 2:14). 
O que Deus disse foi que Israel cometeu dois pecados: casou com a filha de um deus estranho, e foi desleal nesta aliança de casamento. E Deus diz “Eu odeio o divórcio”. Consideradas fora do seu contexto, estas palavras parecem dizer uma coisa, mas no seu devido contexto, elas dizem outra. Deus é soberano, mas é justo. 

O contexto destas palavras de Malaquias são os livros de Esdras e Neemias. Apesar de Esdras e Neemias estarem longe de Malaquias dentro da Bíblia, na cronologia bíblica estão no mesmo contexto. O tempo envolvido em Esdras e Neemias é de 538 a 430 a.C. , e Malaquias foi escrito em 430 a.C., aproximadamente. Na lei de Moisés Deus proibiu o povo de Israel, com quem tinha aliança, casar com os cananeus, que eram idólatras. “não realizarás casamento com elas (as nações idólatras, pagães); não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos; pois eram fariam teus filhos se desviar de mim para cultuar outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos destruiria.” (Dt. 7:3,4). Quando Esdras voltou do cativeiro babilônico, foi informado que muitos homens de Israel haviam casado com mulheres estrangeiras. “Terminado tudo isso, os líderes vieram falar comigo: O povo de Israel, inclusive os sacerdotes e os levitas, não se separaram dos povos destas terras, das abominações dos cananeus...Eles e seus filhos se casaram com as filhas desses povos e com eles misturaram a semente santa. E os líderes e magistrados foram os primeiros nesta transgressão.” (Ed. 9:1,2). Depois de se humilharem diante de Deus, um dos líderes sugeriu a Esdras que deveriam mandar as mulheres estrangeiras embora. “Então Secanias...dirigiu-se a Esdras, dizendo: Temos sido infiéis para com o nosso Deus quando casamos com mulheres estrangeiras dentre os povos da terra. Mas, mesmo assim, ainda há esperança para Israel. Façamos agora uma aliança com o nosso Deus, de que mandaremos embora todas as mulheres e os seus filhos, conforme o conselho do meu senhor e dos que tremem diante dos mandamentos do nosso Deus. Que isto seja feito de acordo com a lei...Então Esdras se levantou e fez com que os sacerdotes principais, os levitas e todo o povo de Israel jurasse que fariam conforme essa palavra. E eles juraram.” (Ed. 10:1-5). Este é o contexto de Malaquias. Quando Deus disse que eles tinham casado com a filha de um deus estanho, era porque eles tinham casado com mulheres idólatras, pagãs, cananéias. Tinham transgredido a lei de Deus. Agora eles cometeram outro pecado, mandando embora as mulheres com quem tinham feito aliança de casamento. Mas o Deus que obrigou Israel a cumprir a aliança que Josué fez com os gibeonitas, mesmo sendo enganado, permitiria essas quebra de aliança? (Js. 9; II Sm.21). Foste desleal para com a mulher da tua mocidade, era o divórcio injusto que cometeram contra a mulher e os filhos. Deus não permitiria isto. Deus odeia o divórcio, mas Deus é justo.

Vamos ver o que diz o Novo Testamento sobre o assunto. Mateus 5:32 é o primeiro texto. “Também foi dito: Quem se divorciar de sua mulher, dei-lhe documento de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, a não ser por causa de infidelidade (pornéia), torna-a adúltera (moikéia); e quem se casa com a divorciada comete adultério (moikéia).” O que Jesus diz é o seguinte: não importa o que vocês pensem sobre o que diz o Antigo Testamento. O que eu digo agora é o que vai valer daqui pra frente. E o que eu digo é que agora o único motivo para o homem se divorciar da mulher é em caso de pornéia (adultério, prostituição, homossexualismo, bestialidade, etc.), pois se um homem se divorciar da mulher por outro motivo, a induz a ser adúltera, se outro homem se deitar com ela, que, no caso também comete adultério, pois o vínculo da aliança de casamento ainda existe. Observe que até aqui, Jesus não falou nada sobre como esse casamento aconteceu, nem se o homem casou de novo ou não. Nesse caso, o homem que se divorciar de sua mulher, mesmo que não case de novo, comete o pecado de induzir a mulher ao adultério, embora ele mesmo não cometa o pecado de adultério. O pecado dele seria indução ao adultério.

O segundo texto do Novo Testamento é Mateus 19:1-12. Vamos nos concentrar no versículo 9, que parece ser o mesmo de 5:32, mas não é. “Mas eu vos digo que aquele que se divorciar de sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e se casar com outra, comete adultério, e quem casar com a divorciada comete adultério.” É a mesma situação, mas um pouco diferente. Os fariseus perguntaram a Jesus se era lícito se divorciar da mulher por qualquer motivo. Jesus respondeu que não, e mantém a mesma posição de 5:32, de que o único motivo para se divorciar da mulher era por causa de pornéia (adultério, prostituição, homossexualismo, bestialidade, etc.). Mas neste caso, Jesus vai mais a frente, e diz que o homem que se divorciar de sua mulher, fora de pornéia, e casar com outra, comete adultério. Neste caso, de um segundo  casamento, depois de um divórcio injusto ou ilegal, o homem comete dois pecados: adultério próprio,e indução ao adultério da mulher. Por que Jesus deu autorização para se divorciar, em caso de pornéia (adultério)? A resposta está em Jr. 3:8 que diz: “Ela (Judá) viu que, por causa de tudo isso, porque a rebelde Israel cometeu adultério, eu a mandei embora, e lhe dei sua carta de divórcio. Porém sua irmã, a infiel Judá, não temeu e também se entregou à prostituição.” Neste caso, como em Mt. 5:32 e 19:9, as palavras adultério e prostituição, são sinônimas. Deus tinha duas mulheres, Israel e Judá. Israel adulterou e Deus se divorciou dela. E esse divórcio não foi por causa de dureza de coração de Deus, como em Mt.19, mas porque é um princípio espiritual. Judá viu que Deus tinha se divorciado de Israel, por causa de adultério, mas não temeu, e também se entregou à prostituição. O mundo físico é uma cópia do mundo espiritual. 

O adultério de Israel e Judá, era sua adoração aos ídolos mudos, e aos deuses. Mas sinaliza para o mundo físico, mostrando que o relacionamento de um homem e uma mulher, é uma  cópia do relacionamento de  Deus com o seu povo. Então, o sentido de pornéia em Mt. 5:32  e 19:9, é adultério. Deus odeia o divórcio, mas não pode deixar de concedê-lo em caso de adultério. Mas, alto lá. Ainda não terminou. Em Lc. 17:3,4 “Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.” Muito bem, se o marido ou a mulher, adulterar, repreenda-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Mas pastor, meu marido ou minha mulher é uma pessoa cínica, toda semana adultera e toda semana se arrepende. Eu tenho de perdoar? Se ele ou ela se arrepender, sim, tem de perdoar. Jesus disse “Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: estou arrependido; tu lhe perdoarás.” 

Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, até quantas vezes deverei perdoar meu irmão que pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus lhe respondeu: Não te digo que até sete vezes; mas até setenta vezes sete.” (Mt.18:21,22). Na sequência, Jesus contou a parábola do credor incompassivo, em que depois de perdoado pelo seu senhor, um homem negou perdão ao seu conservo. “Então caindo a seus pés, o seu companheiro lhe suplicava: tem paciência comigo, que te pagarei. Ele, porém, não quis; antes mandou colocá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.”  Já sabemos que quando o senhor daquele homem soube, cancelou o perdão que já lhe tinha dado, e entregou aos carrascos. (Mt.18:23-35). Vamos imaginar que a dívida do conservo, era o adultério de sua mulher, que, arrependida, lhe pedia perdão. Por ele não ter perdoado, perdeu o perdão, que já lhe tinha sido dado, mediante o seu arrependimento. Já entendi porque Jesus mandou perdoar o pecado do irmão, que parece ser cínico, pois peca repetidamente. “Não entendo o que faço, pois não pratico o que quero, e sim o que odeio. E se faço o que não quero, concordo com a lei que é boa. Agora, porém, não sou mais eu quem faz isso, mas o pecado que habita em mim.” (Rm. 7:15-17). Jesus disse “todo aquele que comete pecado, é escravo do pecado” (Jo.8:34). E também “porque ele (Jesus) salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mt.1:21). É por isso que Jesus disse que devemos perdoar setenta vezes sete. O irmão pode estar cativo de um pecado, e, portanto, de demônios. Mas, veja que ele também disse “Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: Estou arrependido; tu lhe perdoarás.” (Lc.17:4). É preciso confessar o pecado, e se arrepender. Esse comportamento revela um desejo sincero de se libertar. Por isso deve ser perdoado. Mas se a pessoa não confessar, e nem se arrepender, a história é outra, pois está escrito: “Quem encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas quem as confessa e as abandona alcançará misericórdia.” (28:13).