terça-feira, 8 de julho de 2014

NÃO SAIA DO BARCO


Mt.14:22-36

Pedro tem sido considerado, praticamente, um herói, por  ter saído do barco e andado por sobre as águas. Minha tese é que Pedro errou em sair do barco, e que quando Jesus disse “Homem de pouca fé, por que duvidaste?”, Ele estava se referindo ao fato de Pedro ter duvidado  que era ele, quando disse “Tende bom ânimo, sou eu, não temais”. Senão, vejamos. Observe onde aparece o “se”com o sentido de dúvida. “Se tu és o Filho de Deu, dize a esta pedra que se transforme em pão.” (Lc.4:3). E ainda “Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo.” (Lc. 4:9). Isto porque Deus tinha falado com Jesus “Tu és meu Filho amado, em ti me tenho comprazido.” (Lc.3:22b). 

O diabo tinha dito, se você é mesmo o Filho de Deus, faça algo para provar. Pedro disse algo parecido “Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por sobre as águas.” O diabo queria colocar dúvida no coração de Jesus, Pedro tinha dúvida se era Jesus mesmo, ou se ele era o Filho de Deus. Tanto é verdade que, logo em seguida, já dentro do barco, todos disseram “És verdadeiramente o Filho de Deus.” (Mt.14:33). Um pouco antes, eles haviam dito “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”(Mt. 8:27). 

A identidade de Jesus é um assunto controvertido até. O diabo não quer que o mundo saiba quem é Jesus. Ele tenta convencer o mundo de que Jesus é um mero homem, ou tenta convencê-lo de que Jesus é Deus. Não é uma coisa nem outro. Deus disse “Tu és meu Filho amado”.(Lc.3:22b). Os demônios disseram “Que temos nós contigo, Jesus Filho de Deus?” (Mt. 8:29). Os discípulos disseram “És verdadeiramente o Filho de Deus.” (Mt.14:33b). Pedro disse “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mt.16:16). Jesus não é Deus. (heresia?). Ele é o Filho de Deus. Isto está por todo o N.T.  Agora se dissermos que Ele é igual ao Pai, em poder, é verdade. Ele disse “tudo o que o Pai faz, o Filho o faz igualmente”. (Jo.5:19). Mas não é verdade que ele é igual ao Pai em autoridade. Ele mesmo disse “O Pai é maior do que eu”. E quando Ele disse “Eu e o Pai somos um”, está se referindo à unidade de propósito. Não há discordância entre eles. Mas o Pai e o Filho são duas pessoas distintas, diferentes. Há duas vontades distintas, mas o Filho subordina a sua vontade a do Pai. Deus não veio à terra morrer na cruz. Mandou o seu Filho. 

O Islamismo não crê que Deus tenha um Filho. O Judaísmo também não crê, apesar de que de o A.T. dizer “Qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?” (Pv.30:4b).  O entendimento sobre monoteísmo, tanto do Judaísmo, quanto do Islamismo, é um pouco diferente do entendimento do Cristianismo. No Cristianismo também há um só Deus, só que Ele tem um filho, e tem também o Espírito Santo. Não podemos dizer que vamos entender tudo que está envolvido nestes conceitos, mas o que está revelado na Escritura, podemos saber. Podemos entender que o Pai enviou seu filho, e o Filho enviou o Espírito Santo. Jesus disse que o enviado é menor do que aquele que o envia. O conceito de família não nasceu na terra. Claro está que a família tradicional constituída de marido, mulher e filho, é uma cópia que veio do Pai, Filho, e Espírito Santo. Até onde vai essa comparação não sabemos. Mas podemos compreender porque o diabo quer destruir esse conceito de família,substituindo-os   por outros modelos alternativos.

Mas voltando a Pedro. Essa travessia dos discípulos num barco, sobre o mar da Galiléia, é representativa da era da igreja. O barco é a igreja, os doze representam os discípulos, e o mar revolto, açoitado pelas ondas e pelo vento, são as adversidades que a igreja enfrenta, no mundo, causadas por demônios. Isto não é animismo, é a cosmovisão bíblica. Aliás, tanto no grego, quanto no hebraico, as palavras vento e espírito, são as mesmas. O vento, a tempestade, são os espíritos imundos, tentando afundar o barco da igreja. 

Esse cenário é parecido com o da arca de Noé. Noé e sua família estavam protegidos pela arca. Se saíssem dela, seriam apanhados pelo juízo que estava acontecendo fora. Diz o texto de Mateus 14, que o barco era açoitado pelas ondas. Não eram os discípulos, mas o barco era atingido pelas ondas. O barco servia de proteção. Quando Pedro saiu do barco, apesar de ter andado sobre as águas,  o vento batia diretamente nele. “Mas, sentindo o vento forte, teve medo”. Aí, começou a fundar. É como se Pedro tivesse se desviado, saiu da proteção da igreja. Jesus repreendeu Pedro “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” Pedro duvidou quando pronunciou o “se”. “Se és tu, manda-me ter contigo”. Satanás usou Pedro em outro cenário,  quando tentou aconselhar Jesus a se desviar da cruz. Mas Jesus o repreendeu de novo “Para trás de mim, satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus mas só as que são dos homens.” (Mt.16:23).  Pedro incorreu no pecado de tentar a Deus. Jesus já havia dito a Satanás “Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” (Mt.4:7). Pedro se colocou deliberadamente em perigo, o que obrigou Jesus a salvá-lo. O barco era a proteção. Apesar do vento e das ondas, o barco não afundaria. Os onze discípulos ficaram dentro da proteção do barco. Não saia do barco, que é a igreja. Às vezes a tempestade açoita tanto a igreja, que parece que ela vai afundar. Mas Jesus disse “As portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Fique no barco. Não tenha medo. Ele não vai afundar, por mais que o diabo tente.

Mas esse texto tem também um sentido escatológico. Jesus mandou os discípulos entrarem no barco e atravessar o mar da Galiléia. E depois, Ele se despediu da multidão e subiu ao monte para orar. Esse cenário representa toda a era da igreja. O texto diz que Jesus foi ao encontro dos discípulos na quarta vigília da noite. É o retorno de Jesus, para vir ao encontro da igreja. A maneira como Jesus veio foi surpreendente, imprevisível, inesperada. Os discípulos gritaram com medo. Já imaginou isso? Homens gritando com medo? Isso não é normal. Homem gritar com medo?  Esperava-se isso de mulher. Afinal,os discípulos eram pescadores experientes, acostumados com o perigo.  Será que quando Jesus voltar, será de uma maneira tão surpreendente que ficaremos com medo? É o que o texto dá a entender. Mas não vamos imitar Pedro e duvidar, e tentar a Deus, e sair do barco, e afundar. Vamos ficar dentro do barco, porque lá é o nosso lugar. Outra conclusão que se impõe, é que o a tempestade só vai acalmar, quando Jesus voltar. “E, quando subiram para o barco (Jesus e Pedro), acalmou o vento.” Fique firme, porque antes de o barco chegar do outro lado do mar, Jesus virá ao encontro dos discípulos. Outra informação que o texto dá, é que de cima do Monte, Jesus vê tudo o que está acontecendo com o barco. 

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