terça-feira, 1 de julho de 2014

UM OUTRO EVANGELHO?


Em Gálatas 1:6, Paulo escreveu “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para OUTRO EVANGELHO.”  E  no verso 8, ele pontifica “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie OUTRO EVANGELHO além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” E no verso 9 “Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém  vos anunciar OUTRO EVANGELHO  além do que já recebestes, seja anátema.” 

Ele fala de um outro Evangelho QUE VÁ ALÉM, se referindo aos judaizantes, que queriam que os discípulos gentios fossem circuncidados e guardassem a lei de Moisés. Mas, como diz o ditado popular, “Quando não é oito, é oitenta”. O perigo de um Evangelho QUE VÁ ALÉM é tão grande quanto o de outro Evangelho QUE FIQUE AQUÉM.  Paulo alertou, de maneira contundente, a igreja daquele tempo: “E de novo protesto a todo homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” (Gl. 5:3,4). O que diria Paulo à igreja de hoje?  Se naquele tempo era o Evangelho do ALÉM, hoje é o Evangelho do AQUÉM. Pois estamos vendo e ouvindo  um Evangelho voltado somente para os valores deste mundo. É um Evangelho que diz que você vai ser próspero financeiramente, vai ser feliz no casamento, e  vai ter tudo do bom e do melhor. É um Evangelho sem cruz, com um conceito  temporal de felicidade, diferente da definição que Jesus apresenta nas Bem-Aventuranças (Mt.5:1-12). Conceitos esses, tirados geralmente do Antigo Testamento, sem levar em consideração a cosmovisao do Novo Testamento. Lembremos que a revelação é progressiva, e que, a medida que nos encaminhamos para o final da Bíblia, a revelação fica mais clara.

Mas, antes de entrar especificamente na questão do sofrimento, quero esclarecer um ponto, que julgo necessário. Em Tiago 5:13 está escrito: “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja...”  São três tipos de situações diferentes. O pronome “vós”, limita a sua aplicação aos crentes, à igreja, isto é, “às doze tribos que andam dispersas” (1:1). Mas são três tipos diferentes de situações.  

Na igreja tem o grupo dos aflitos, o grupo dos contentes, e o grupo dos doentes. Isto é normal. Os dirigentes do louvor tem de aprender isto. A reunião da igreja não é o Rock In Rio ou Woodstock, nem a reunião da Ivete Sangalo nem da Cláudia Leite. É a reunião do povo de Deus, onde tem gente sofrendo aflição, gente doente, e também gente contente. Não se pode obrigar a cantar quem está sofrendo, ou quem está doente. Se quiserem fazer isto pela fé, podem, mas Deus manda o grupo dos sofredores orar, e o dos doentes pedir oração aos presbíteros. Mas quero ressaltar que os doentes não estão tecnicamente na mesma categoria dos  aflitos. O Evangelho tem provisão para a cura das doenças, pois, de fato, Jesus as levou sobre si na cruz. (Is.53:4,5). 

Todavia, a questão da cura está debaixo de critérios divinamente estabelecidos. Percebo que no Evangelho de Mateus, geralmente,  está escrito repetidamente, que Jesus curou a todos, ou que todos os que tocaram a orla do seu vestido foram curados. “E rogavam-lhe que ao menos eles pudessem tocar a orla do seu vestido; e todos que a tocavam ficavam sãos.” (Mt.14:36).  Baseados no caso do leproso – Mt. 8:1-4 – alguns afirmam que Deus sempre quer curar, não o fazendo somente pela falta de fé do postulante. Durante muito tempo me intrigou o fato de Jesus só ter curado um, no Tanque de Betesda (Jo.5:1-14), já que lá havia “grande multidão de enfermos; cegos, mancos e ressicados.”  Mas creio que a resposta está no contexto, onde Jesus diz “Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai”.(Jo.5:19). Jesus só fazia o que o Pai queria. Quando O Pai queria curar todos, Jesus curava todos. Quando o Pai queria curar um só, Jesus curava um só. Só assim podemos entender porque Paulo também não pode curar seus próprios discípulos algumas vezes. Assim também hoje. Temos de orar pelos enfermos, mas só Deus decide quem e quando Ele vai curar. Quem crê que Deus sempre quer curar todos, colocando a culpa no postulante, se a cura não acontece, labora em erro, pois a culpa pode ser do doente, do que ora, ou Deus pode simplesmente não querer curar. Afinal Ele é Deus, e só faz o que Ele mesmo quer,  e que contribui para a sua glória. Mas, o que quero deixar claro é que doença não se encaixa no conceito de aflição, segundo o ensino do N.T. Veja o que Paulo escreveu em Fl. 1:29 “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele.” Vejamos outros textos:

1.       Hb, 12:7 “É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o Pai não corrija?

2.       Tg. 1:2 “Meus irmãos, tende por motivo de grande o passardes por várias provações.”

3.       Hb. 1:12 “Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.”

4.       Tg.5:7-11 “Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor...Sede vós também pacientes; fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima...Eis que o juiz está à porta. Irmãos, tomai como exemplo de sofrimento e  paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que chamamos bem-aventurados os que suportaram aflições. Ouvistes da paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão.”

5.       II Ts. 1:4-10 “De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, em todas as vossas perseguições e aflições que suportais; Prova clara do justo juízo de Deus, para sejais havidos por dignos  do reino de Deus, pelo qual também padeceis; Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam, E avós que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de  fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos não obedecem ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais por castigo padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder..”  Observe que ele promete alívio quando Jesus voltar. Ele virá para tomar vingança de dois tipos de pessoas: “os que não conhecem a Deus”. Esses são os de fora, os descrentes, por assim dizer. Mas o outro grupo são os que “não obedecem ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”. Esses são os crentes desobedientes a Deus e à sua Palavra.  São crentes desobedientes, entre os quais vós podemos estar. Pelo  visto, pelo menos a metade da igreja vai para o inferno, se levarmos em conta a proporção da Parábola das Dez Virgens.

6.       I Pd. 4:14 “Se sois insultados por causa do nome de Cristo, sois abençoados, porque sobre vós repousa o Espírito da glória, o espírito de Deus.” 

E assim poderíamos multiplicar à saciedade os textos que mostram que a vida do crente não vai ser fácil neste mundo. Mas o alívio virá quando o Senhor voltar. Por isso a nossa expectativa é grande em relação à sua volta. Julgue você mesmo se o Evangelho que você está ouvindo ou mesmo pregando,é o verdadeiro Evangelho com cruz e tudo,  ou é um outro Evangelho, que fica aquém desse que foi  ensinado pelo Senhor Jesus e seus apóstolos. Parece que outro  ditado popular se aplica nesse caso também: “Quem ri por último, ri melhor”. Ou o Salmo que diz “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”.  Eu gostaria que a manhã desse salmo fosse literal, mas pode se referir ao retorno de Jesus, quando o Sol da Justiça voltar a esta terra.

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