quinta-feira, 3 de julho de 2014

O ESPINHO NA CARNE


E, para que não me exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber,  um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.” (II Co.12:7).

Desde a minha conversão, ouvi vários tipos de explicações  a respeito do espinho na carne de Paulo. Uma delas era a de que era uma doença tropical, e nos olhos. Porém, depois de tanto tempo, posso olhar para o texto, e dar a minha própria opinião. Aproveitando  o ensejo,  vou opinar sobre outros assuntos,  que também estão no texto. 

Em primeiro lugar, vamos examinar  o sentido da palavra “espinho”, em outro texto.  “Pelo que também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão quais ESPINHOS nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço.” (Juízes 2:3). Está se referindo aos povos cananeus, que Deus deixou para provar a Israel, comparando-os a espinhos nas ilhargas. Os inimigos de Israel no A.T. são seres humanos de carne e osso, mas no N.T.  são principados e potestades, demônios, espíritos imundos, como Jesus os chamava. Seria o espinho na carne de Paulo um demônio? Parece que sim. Outro argumento podemos tirar do próprio texto, onde aparece a expressão “um mensageiro de Satanás”,  que no original grego é “um anjo de Satanás”. A palavra é “angelos” traduzida por mensageiro, mas literalmente significa anjo. É mesma palavra que aparece em Apocalipse 12:7 onde diz que “Miguel e seu anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seu anjos.” Duas vezes a palavra anjo aparece aqui, só que na forma plural, ANGELOI, sendo a mesma  palavra de II Co. 12:7, onde aparece no singular, ANGELOS.  Então o espinho na carne de Paulo era “um anjo de Satanás”, literalmente. 

Alguém pode se escandalizar, e achar impossível que o apóstolo Paulo tivesse um encosto. Perceba que o espírito não estava dentro dele, mas estava ao lado “para me esbofetear”. Veja que depois que Satanás tentou Jesus três vezes, está escrito: “Assim, tendo o diabo acabado toda sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião oportuna.”  (Lc.4:13). “Ocasião oportuna” é o tempo KAIRÓS, que é o tempo espiritual, e não KRONOS, que é o tempo cronológico.  O diabo ficou vigiando Jesus para as próximas oportunidades de tentação. Esse demônio que acompanhava Paulo, também tinha a função de atacá-lo, sempre que tivesse oportunidade. Lembre que o sofrimento de Jó, não aconteceu por acaso, mas tinha alguém bem definido, providenciando tudo. Quem você acha que estava providenciando os sofrimentos de Paulo, quando ele diz “em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte muitas vezes. Recebi dos judeus  cinco quarentena de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo...” (II Co. 11:23-26).

Mas tinha um motivo em tudo isso. Paulo disse “E para que não me exaltasse pelas excelências das revelações...a fim de não me exaltar.” (12:7). Deus sabe que o ser humano tem a tendência de se exaltar. Exaltação é orgulho. Jesus sabia que o diabo era um querubim e caiu no pecado do orgulho. Deus disse dele “Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.” (Ez. 28:12). Sabedoria e beleza. Sabedoria tem o sentido de intelecto privilegiado para adquirir conhecimento intelectual, seja de ordem filosófica, científica, teológica, ou artística. De Jesus é dito “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.” (Lc.2:52).  De Satanás é dito “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor.” (Ez. 28:17). Jesus não queria que Paulo caísse no pecado do diabo. No caso de Paulo, o problema não era sabedoria nem formosura. Mas ele disse “Pelas excelências das revelações”. Paulo recebeu revelações privilegiadas, que poucos receberam, e poderia, por causa disto, se exaltar.  Por isso o espinho na carne. As revelações a que ele se refere, ele declara  também “foi arrebatado até ao terceiro céu...Foi arrebatado ao paraíso.” (II Co.12:2,4). O paraíso é o Jardim do Éden, onde Adão e Eva estiveram. Aqui é chamado também de terceiro céu. Jesus disse ao ladrão crucificado ao seu lado “ Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.” O ladrão foi lá em espírito. Paulo diz que não sabe se foi lá no corpo ou fora do corpo. Nós também não sabemos. Lá, Paulo ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar. Paulo poderia, por causa disto, se exaltar, se tornar orgulhoso. Por isso o espinho na carne. O sofrimento, a aflição, a perseguição. 

Aliás, o motivo de Deus ter entregue Jó na mão de Satanás, foi o orgulho. Mas disto falarei em outro dia. Paulo orou três vezes, pedindo que o Senhor  afastasse o espinho dele, mas as três vezes, o pedido foi indeferido. Mas o Senhor Jesus Cristo disse “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” Não é fraqueza espiritual em face do pecado, mas desamparo em face do sofrimento e da perseguição. Nenhum socorro humano. Então não é verdade que Deus sempre diz sim, às orações por livramento do sofrimento. O orgulho é uma doença terrível, e a cura é dolorosa. Aliás, Jesus também pediu três vezes em oração ao Pai, que lhe permitisse não ir a cruz, mas também teve suas orações indeferidas. Lembremos que Paulo não menciona doença, na sua lista de sofrimentos. Então, o sofrimento pode ser preventivo, para evitar um mal maior, que é ir para o inferno junto com Satanás. Mas é melhor nos esforçarmos para sermos  humildes, para evitar sofrimento maior.  Com certeza, corre mais perigo de se exaltar, quem recebe mais. Quem é mais bonito, quem é mais inteligente (o caso de Satanás), quem é mais bem-sucedido, quem é mais rico, quem é mais santo, quem é mais forte, quem é mais carismático,quem  mais simpático, etc. 

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