terça-feira, 22 de julho de 2014

ESCUDEIROS DO ESPÍRITO SANTO


Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” (Ef.6:11).

O tema da guerra espiritual está por toda a Bíblia, mas temos de aprendê-lo, a partir da guerra física, que é tratada extensamente por todo o Antigo Testamento. Como o mundo espiritual é invisível aos nossos olhos físicos, temos de aprender sobre ele a partir das coisas do mundo material, que podemos enxergar. Jesus falou do nascimento espiritual, comparando-o ao nascimento físico (Jo.3); falou da água da vida, comparando-a à água física (Jo.4); falou da comida espiritual, comparando-a à comida física (Jo.6). No caso em questão, Paulo está falando da armadura de Deus, mas só podemos entendê-la a partir da armadura física. 

Em I Sm. 17 descreve um cenário de guerra entre Israel e os filisteus. A armadura de Golias é descrita nos seguintes termo: “Trazia na cabeça um capacete de bronze, e vestia uma couraça de escamas; e era o peso da couraça de cinco mil ciclos de bronze. Também usava caneleiras de bronze e um dardo de bronze às costas. A haste da sua lança parecia com o eixo de um tear, e a ponta da sua lança pesava seiscentos ciclos de ferro. SEU ESCUDEIRO IA À SUA FRENTE.” (I  Sm. 17:5-7).

O escudeiro era o criado que levava o escudo e as demais armas do herói,  o guibor. O escudeiro era uma espécie de discípulo, que aspirava muitas vezes ser o sucessor do seu mestre. Davi foi escudeiro de Saul. “Assim Davi veio e se apresentou a Saul que se agradou muito dele E O FEZ SEU ESCUDEIRO.” (I Sm. 16:21). Quem deveria lutar com Golias era Saul, mas foi Davi, seu escudeiro, quem lutou. O escudeiro de Golias é enfatizado como indo à sua frente. “O filisteu também vinha se aproximando de Davi, COM O ESCUDEIRO À SUA FRENTE.” (I Sm. 17:41). Neste caso, o escudeiro de Saul venceu o herói dos filisteus, tendo o seu escudeiro à sua frente. No caso de Joabe, este tinha dez escudeiros, pois está escrito: “Dez jovens que levavam as armas de Joabe o cercaram, atacaram Absalão e o mataram.” (II Sm. 18:15). O que chama a atenção neste texto, é o número de escudeiros que levavam as armas de Joabe, o que evidencia a sua elevada posição na guerra. E foram os escudeiros quem terminaram de matar Absalão. Eles estavam aprendendo a guerrear. 

Em I Sm. 14, o escudeiro de Jônatas é muito destacado, e podemos tirar algumas lições. Jônatas era o herói, o guibor, e, naturalmente, tinha o seu escudeiro, discípulo. 

Um dia Jônatas, filho de Saul, disse ao seu escudeiro: vem, vamos até a guarnição dos filisteus, que está do outro lado...E Jônatas disse ao seu escudeiro: vamos atravessar a guarnição desses incircuncisos...O seu escudeiro lhe respondeu: Faze tudo o que planejares; seguirei o que decidires...E os homens da guarnição disseram a Jônatas e ao seu escudeiro: Subi a nós e vos daremos uma lição. E Jônatas disse ao seu escudeiro: Sobe atrás de mim, porque o Senhor os entregou nas mãos de Israel. Então Jônatas subiu engatinhando, e o seu escudeiro atrás dele; e os filisteus caíram diante de Jônatas, e o seu escudeiro os matava atrás dele. Neste primeiro ataque, Jônatas e seu escudeiro mataram cerca de vinte homens, dentro de meia jeira de terra.” (I Sm. 14:1-14). 

Neste caso, o escudeiro de Jônatas ia atrás dele, mas no caso de Golias, o escudeiro ia na frente, o que parece indicar que o gigante estava com medo, e queria colocar o escudeiro como bucha de canhão. No caso de Jônatas, que creio ser o correto, o escudeiro cumpre o seu papel, terminando de matar  os inimigos que o herói feriu. Os trinte e sete valentes de Davi, são uma elite de guerreiros do exército de Israel, que, certamente, tem seu correspondente na igreja, na guerra espiritual. Chama a atenção o fato de Joabe ser citado três vezes na lista dos trinta e sete valentes, mas de maneira indireta, pois ele mesmo nunca chegou a fazer parte do elenco, apesar de ser, provavelmente, o maior deles. “Também Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era cabeça de três; e este alçou a sua lança contra trezentos, e os feriu, e tinha nome entre os três...Asael, irmão de Joabe, tinha nome entre os trinta...Naarai, beerotita, O QUE TRAZIA AS ARMAS DE JOABE,  filho de Zeruia.” (II Sm. 23:18, 24, 37). Então,  o escudeiro de Joabe era do trinta e sete, mas Joabe mesmo não alcançou esta distinção. O que deve nos ensinar algo, pois Joabe, mais de uma vez, desobedeceu e afrontou a Davi, seu líder.

Mas Paulo diz em Efésios 6:11 “Revesti-vos de toda a armadura de Deus”. Vamos tomar o verbo “revestir” e ver onde ele aparece. Em Jz. 6:34 “Então o Espírito do Senhor revestiu a Gideão, o qual tocou a buzina, e os abiezritas se ajuntaram após ele.” Gideão foi à guerra  e venceu, porque estava revestido da armadura de Deus, que é o Espírito Santo. Davi venceu Golias, mesmo sem usar uma armadura visível, porque estava revestido da armadura de Deus, que é invisível, pois é espiritual. “Então Samuel tomou o vaso de azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi.” 

Antes de ascender aos céus, depois da sua ressurreição, Jesus disse aos seus discípulos: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém até que do alto sejais REVESTIDOS DE PODER.” (Lc.24:49). E em Atos 1:4,5 “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.” Ser batizados no Espírito Santo é ser revestido da armadura de Deus, para a guerra. E em Atos 2:4 “E todos foram cheios do Espírito Santo”. Aí eles foram pra guerra, e na primeira investida tomaram quase três almas das mãos de Satanás. E em Atos 26:17,18, Jesus Cristo ressuscitado envia Paulo pra guerra, nos seguintes termos: “Livrando-te deste povo e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e da autoridade de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão dos pecados, e herança entre os santificados pela fé em mim.” 

Estamos numa guerra espiritual, contra seres espirituais invisíveis, que mantém homens e mulheres em cativeiro espiritual. O Espírito Santo é o nosso Jônatas, o nosso guibor, e somos seus escudeiros, com a missão de somente auxiliá-lo, de matar (espiritualmente) os inimigos que ele já feriu mortalmente. Ele vai à nossa frente, pois não é como Golias (Satanás), que se escudava no seu escudeiro. A armadura de Deus é o Espírito Santo, e ninguém deve ir à guerra sem estar revestido com ela ou com Ele. 

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