segunda-feira, 21 de julho de 2014

O CONFLITO ENTRE ISRAEL E OS PALESTINOS


Para se entender o conflito que se desenrola hoje no Oriente Médio, temos de voltar ao princípio, onde tudo começou, e olhar para ele pela ótica espiritual.

1.       Em primeiro lugar, temos de entender que a terra pertence a Deus, que a dá a quem Ele quer. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam.” (Sl.24:1). O profeta Daniel, ao interpretar o sonho de Nabucodonosor, rei da Babilônia, e anunciar o seu castigo, conclui, dizendo: “até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.”

2.       A Faixa de Gaza, de onde o Hamás atira seus mísseis contra Israel, e que está sendo invadida por Israel neste momento, nos dá uma pista para entender o conflito. A palavra Gaza nos remete aos Filisteus, povo que permeia grande parte do  Antigo testamento. A Bíblia fala dos “cinco príncipes dos filisteus” e das “cinco cidades dos filisteus”. Os filisteus eram organizados numa Confederação ou Federação de cinco cidades, governadas por cinco príncipes. Estas cidades eram Asquelon, Ecron, Asdode, Gate e Gaza. Não adianta tentarmos traçar a linhagem biológica dos atuais palestinos (filisteus) até os antigos filisteus. Mas temos de procurar o parentesco espiritual. Qualquer gentio que crê em Jesus como o Messias, terá orgulho de se declarar descendente de Abraão. Não é um parentesco físico, mas espiritual. Espiritualmente os atuais palestinos são os antigos filisteus, mencionados na Bíblia. Certa vez ouvi a palestra do Embaixador da Palestina, no anfiteatro da Universidade Federal do Acre, onde tentava argumentar que os Palestinos tinham mais direito à terra, do que Israel, pois aqueles viviam naquela terra a mais de cinco mil anos, antes de Israel. Ele usou um argumento correto, até certo ponto.

3.       Os filisteus são mencionados na Bíblia pela primeira vez em Gn. 10:13,14 onde diz”E Mizraim gerou a Ludim, e a Anamim, e a Leabim, e a Naftuim, e a Patrusim, e a Casluim (de onde saíram os filisteus) e a Caftorim.” Ora, Noé teve três filhos que são Cão, Sem e Jafé. Cão teve quatro filhos que são Cush, Mizraim, Pute e Canaã. Então os filisteus são oriundos do segundo filho de Cão, que é Mizraim. Mas terra Santa foi dada inicialmente a Canaã, que é o quarto filho de Cão, pois por todo o Antigo testamento aquela terra é chamada de Terra de Canaã. Porém, em algum momento da história, os filisteus parece terem tomado a terra da mão dos Cananeus, pois o profeta Sofonias diz “A Palavra do Senhor será contra vós, Ó Canaã, terra dos filisteus e eu vos farei destruir , até que não haja morador.” (Sf.2:5). Em algum momento, os filisteus dominaram a terra de Canaã, tomando-a da mão dos Cananeus. Quando Josué, por ordem de Deus, invadiu a Terra Santa, esta ainda estava nas mãos dos Cananeus, como relata o livro de Josué.

4.       Já de posse da terra prometida, tantos os juízes quanto os reis de Israel, tiveram de lutar contra os Filisteus. De Sansão é dito “e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus.” (Jz. 13:5b). De Saul é dito “e ele livrará o meu povo da mão dos filisteus.” (I Sm. 9:16). E de Davi também é dito “Pela mão de Davi meu servo livrarei o meu povo das mãos dos filisteus e das mãos de todos os seus inimigos.” (II Sm. 3:18). Apesar de Josué ter conquistado a terra para Israel, este várias vezes perdeu a soberania sobre seu próprio território, por motivo de desobediência a Deus, com quem tinha uma aliança. O bem conhecido episódio de Davi e Golias, é um combate singular entre o campeão ou paladino de cada nação. Isto envolve um princípio espiritual, em que a disputa se resolve entre os dois representantes das duas nações em guerra, para que não se envolva a nação toda. Por exemplo, Jesus derrotou Satanás, sendo que agora os seguidores de Jesus têm autoridade sobre os seguidores de Satanás. O enfrentamento entre Davi e Golias foi tipológico, para o enfretamento de Jesus e Satanás. Então, Davi teve de derrotar o campeão dos filisteus, para que Israel tornasse a ter o domínio sobre a terra.

5.       Em Gn.15, depois de ter prometido a Abraão uma descendência numerosa, Deus acrescenta “Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos Caldeus, para dar-te a ti esta terra, para a herdares. E disse ele: Senhor Jeová, como saberei que hei de herdá-la?” (Gn.15:7,8). Em seguida Deus faz uma aliança com Abraão, com todo o ritual de morte de animais, partidos ao meio. E naquele dia Deus estabeleceu os limites da terra que prometeu a Abraão: “À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates; terra do queneu, do quenezeu, do cadmoneu, do heteu, do perizeu, dos refains, do amorreu, do cananeu, do Girgaseu e do jebuseu.” Nem Abraão, nem Isaque, nem Jacó, tiveram a posse da terra, o que só aconteceu depois dos quatrocentos e trinta anos no Egito, e dos quarenta anos no deserto, sob o comando de Josué.

6.       Porém, a posse da terra é condicionada à obediência aos princípios da aliança. Levítico descreve as práticas que Israel deveria evitar, quando de posse da terra. “Com nenhuma dessas coisas vos contamineis, porque em todas essas coisas se contaminaram as gentes que eu lanço fora de diante da vossa face. Pelo que a terra está contaminada; e eu visitarei sobre ela a sua iniqüidade, e a terra vomitará os seus moradores. Porém, vós guardareis os meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma dessas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós; porque todas estas abominações fizeram os homens desta terra, que nela estavam antes de vós, e a terra foi contaminada. Para que a terra vos não vomite, havendo-a contaminado, como vomitou a gente que nela estava antes de vós.”

7.       Por causa de desobediência, Israel passou setenta anos no cativeiro babilônico. “Porque assim diz o Senhor: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar.” (Jr.29:10). “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias) despertou o Senhor o espírito de Ciro, Reik da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém que é em Judá. Quem há entre vós de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá, e edifique a casa do Senhor, Deus de Israel, ele é o Deus que habita em Jerusalém.” (Ed 1:1-4).  Assim Deus providenciou o retorno de Israel, depois de um castigo temporário. É claro que não foi fácil a retomada da terra, pois durante a ausência de Israel, de setenta anos, outros moradores tomaram posse da terra, e passaram a morar nela. “E sucedeu que, ouvindo Sambalate (samaritano) e Tobias (amonita), e os arábios (árabes), e os amonitas, e os asdoditas (filisteus)...iraram-se sobremodo.” (Nee. 4:7).

8.       No ano setenta d.C. veio mais um castigo sobre Israel, pois Jerusalém foi destruída pelos romanos, e os judeus que não morreram ou fugiram, foram espalhados para todas as nações, e perderam mais uma vez a posse da terra. A disciplina de Deus é severa, mas é baseada no amor. “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.” (Hb. 12:6). Em 1947 a assembléia Geral da ONU, presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, aprovou a criação de um Estado judeu e outro Árabe, na terra Santa, e em 14 de Maio de 1948, sob a liderança de David Ben Gurion, nasceu oficialmente o estado de Israel. Desde então, várias guerras já ocorreram, visto que os árabes não aceitam a presença de Israel na terra, considerando-os invasores. Israel, por seu lado, se defende como pode, quando é agredido. As mais famosas dessas guerras são a Guerra da Independência em 1948, a Guerra dos Seis Dias em 1967, e a Guerra do Yom Kipur em 1973. Pelo que tenho acompanhado, em todas essas guerras, Israel lutou em aparente inferioridade, contra várias nações árabes, e venceu. Parece seguir o padrão do Antigo testamento em que Deus luta em favor de Israel. Mesmo agora, quando parece que o Hamás é mais fraco, com certeza há nações poderosas dando suporte para eles, através de armamento e outros meios logísticos. Geralmente é o Iran, que é o mais denunciado como dando apoio ao Hamás, além da Síria, apesar de esta estar fragilizada, por sua própria guerra civil. Lembro que Deus não mudou, nem os seus princípios. As leis que regiam as guerras do Antigo testamento são as mesmas leis que regem as guerras de hoje. E creio que um erro que Israel está cometendo, é o de devolver territórios conquistados na guerra. O padrão do Antigo testamento é o de que território conquistado na guerra foi dado por Deus, e não pode ser devolvido, sob pena de desagradar a Deus. Israel, pressionado pelas nações e pela ONU e até pelos EUA, tem devolvido territórios  que Deus lhe deu. A Faixa de Gaza é um desses casos. Sabemos que Deus é Deus de todas as nações, e não somente dos judeus, como Paulo diz. Nós, a igreja de Jesus Cristo, não podemos ficar do lado de qualquer injustiça, pois nosso Deus também não fica, pois Ele é justo. O Hamás tem usado a população civil como escudos humanos, e isso não é justo. Mas também não podemos ser manipulados pela mídia anti semita, que normalmente apresenta os palestinos como vítimas e Israel como algoz. Delicados princípios espirituais estão envolvidos. Se Deus está restaurando Israel, na posse da terra, como já fez no passado, não é bom nos metermos no meio disso. Porque não adianta o homem mortal brigar com Deus, pois vai se machucar. É hora de a igreja orar por Israel, para que as promessas feitas a nação se cumpram. Mas também devemos orar pelos palestinos que estão sendo usados como bucha de canhão.

9.       O verdadeiro dono da terra está revelado em Isaías 8:8, onde falando sobre a invasão da terra santa pelo rei da assíria, está dito “E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até ao pescoço; e a extensão de sua asas encherá a largura de tua terra, Ó Emanuel.” Emanuel significa Deus Conosco, e se refere a Jesus Cristo, como Mateus revela, citando Isaías 7:14. Então Jesus é o dono da terra. Jesus é judeu, e Paulo diz que ele é o descendente de Abraão, a quem a promessa tinha sido feita. (Gl.3:16). Muitos Palestinos têm crido em Jesus, como o seu Messias, e têm passado a amar a Israel. A última referência à terra santa no N.T. é Mateus 2:20, onde um anjo de Deus a chama de “terra de Israel”.

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